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As memórias e o bulling


Um dos livros que mais gosto de Machado de Assis são suas memórias póstumas... Brás Cubas é um cara sensacional, só a cabeça de um escritor como Machado de Assis poderia criar um universo primoroso. Gosto do inicio, bem lá no começo.

AO VERME

QUE

PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES

DO MEU CADÁVER

DEDICO

COMO SAUDOSA LEMBRANÇA

ESTAS

MEMÓRIAS PÓSTUMAS
As memórias às vezes são difíceis de serem resgatadas de uma forma positiva. Ao contrário do nosso amigo Brás Cubas, não pretendo dedicar nada aos meus vermes futuros, mesmo porque, quero compartilhar as boas memórias com todos, ainda em vida, é claro. Hoje, passei em frente a escola onde terminei o antigo 1º Grau. Lembrei de várias histórias e aventuras que poderiam fazer inveja a Huckleberry Finn, das histórias de Tom Sawyer e de repente encontro um amigo de infância e ele me chamou com um sorriso no rosto: "Oi Ceguinho,há quanto tempo!", e me deu um abraço.

Pois é! Ceguinho. Sim. uso óculo desde o berço, e na infância sofri bulling sim, mas lá, naquela época, ninguém sabia disso e nem conhecia esta palavra. Quantas vezes tive que sair correndo ao bater o sinal da saída para escapar da turma da 5ª série que queria me dar umas porradas? Quantas vezes tive que dividir o lanche com o pessoal mais velho para não apanhar na saída? Inúmeras vezes. 

Foram brigas, corridas, tanta coisa. E eu tinha um apelido, que no começo era pra escrachar: Ceguinho. Mas, soube dar a volta. Era bom de bola (mais ou menos né! nas aulas de Educação Física, me destacava, tanto jogando no gol, como na linha. Daí em diante, o apelido pegou. O que era pejorativo, passou a ter outra conotação. E de repente, quem na escola não conhecia o: Ceguinho. Sim, era eu.

O tempo passou, e quando reencontro um amigo daquela época, o Sérgio que aqui relembra um pedacinho da memória, volta a ser o Ceguinho.