Rolê no shopping sempre foi moda

Não é de hoje que dar um rolê no shopping é uma “novidade” e nunca um tema tão besta é tão discutido e debatido nas redes sociais, e em todos os meios de comunicação. Um fato é latente: quando pobres adolescentes se mobilizam com os meios elitizados, no caso a internet, o assunto tomou dimensões estratosféricas. Mas, estes mesmos shoppings foram palco de manifestações de mulheres pelo direito à amamentação, chamado de “mamaço” e foi convocada pela mesma rede, houve ainda a campanha contra homofobia por meio do beijo gay nas praças de alimentação nos shoppings, entre outros.
Então porque os roles chamaram atenção? Seja qual for a resposta, ela terá tom ideológico-político. Mas precisamente, porque são pobres, curtem funk e aparecem em grande número. A grande maioria não quer roubar nada, quanto menos fazer algum tipo de arrastão quer apenas se divertir e conhecerem novas pessoas, como afirmou um jovem em entrevista à reportagem da TV Globo.
Moda antiga, lembro quando estudava na E.E. Dr. Alberto Levy, na Avenida Indianópolis, que fica em um bairro nobre na zona sul de São Paulo. Quando tínhamos aula-vaga, combinávamos e íamos em “bando” até o Shopping Ibirapuera. Lá encontrávamos com outros jovens de outras escolas que tinham ao redor e ficávamos na escadaria externa atrás do shopping, onde ficava o cinema e em frente a um fliperama que existia na Rua Maracantins. Passávamos horas ali azarando. Uma turma preferia ficar na parte interna no primeiro piso onde tinha vários bancos, um jardim e uma fonte de água. Eram muitos estudantes e ali era um ponto de encontro sagrado. Todos sabiam disto.
Para evitar este público, o Shopping Ibirapuera fechou o cinema, o fliperama na Maracantins não existe mais, e a fonte de água com bancos que havia na parte interna foram retirados há tempos.
Qual a diferença destas duas épocas? Talvez a música, ou seja, o rock não representa mais os anseios dos jovens, pois é algo pasteurizado demais. É um monte de menininhos e menininhas bonitinhas fazendo caras e bocas com uma guitarra ganhada pelo papai, como Restart, KLB, NXzero, CPM22... Como gostar de rock ouvindo isto? Não há referência.
O funk não, o batidão carioca... (“quero deixar claro, que não defendo e não gosto deste estilo, porém é original, no sentido da realidade da produção), ele canta esta “realidade” por meio de seu estilo, que é a “ identidade funk”. As letras não dizem nada, aliás, são recheadas de palavrões, que passam despercebidos... A molecada aprova: sacanagem-ostentação – um tapa na cara nas grandes produtoras e gravadoras que apostam milhões no sertanejo, no rock de mentira das bandinhas.
Mas elas não param, e descobrem Anita, Valesca Popozuda, MC Catra, Naldo... Um pandemônio de funkeiros que seguem a “linha”, e suas músicas tocam nas rádios.
Identidade - Estes dias estava em viagem e pensei: “Porque quando era adolescente não coloquei uma mochila nas costas e fui viajar?” Olhei ao meu redor, e não vi um adolescente sozinho sequer. Adolescente pertence ao grupo. Sua identidade é múltipla, característica da pós-modernidade. O escritor Stuart Hall deixa bem claro em sua obra: “A identidade cultural na pós-modernidade”. E, este fenômeno também nos atinge, pois o meio nos possibilita a múltiplas identidades.

Tratar o caso com repressão é afirmar e confirmar que há preconceito, como aconteceu no shopping Interlagos, onde os jovens compareceram em massa e foram reprimidos.

Acabaram-se os discos e os amigos secretos

Tá certo! Pode até parecer coisa nostálgica e coisa e tal! Mas, a brincadeira de “amigo secreto” ou “amigo oculto” sem presentear ou ser presenteado com um CD, não tem a menor graça. A brincadeira ficou penosa e chata.
Para começar, o parâmetro dos preços destes presentes era baseado nos valores dos discos, em torno de R$ 30 a R$ 60. Os valores eram baseados nos lançamentos de discos das principais bandas, que estavam bombando nas lojas e dos álbuns e, todos queriam aquele disco raro ou o mais vendido da época, que geralmente eram caros e todos queriam ganhar. A maioria dos presentes até pouco tempo, era o CD, pois quase todos pediam, com exceção de alguns é claro, pois faz parte da regra.
Ainda tenho em casa dezenas destes discos que me foram presenteados. Um dos mais raros foi o álbum “The Queen is dead” dos Smiths, que ganhei da Claudia, quando cursava o 2º ano colegial no Alberto Levy e, este ainda foi comprado na antiga loja “Hi-Fi”, pois tem um enorme selo na capa, o que valorizava ainda mais o presente. Tenho ainda o Pink Floyd, U2, Housemartins, Iron Maiden, Legião Urbana II, Paralamas, Titãs, AC/DC, que foram presentes desta brincadeira.
Agora está tudo chato. Não sei escolher roupa nem pra mim, imagina para os outros? Perfume é algo pessoal, assim como roupa, sempre peço ajuda de alguém da brincadeira para me auxiliar nos presentes, pois não tenho a mínima ideia do que comprar.
Hoje, amigo secreto só em família, pois há uma intimidade maior, mas evito esta brincadeira a todo custo em qualquer outro ambiente, pois já não tem mais graça. A não ser que as pessoas combinem que os presentes só possam ser duas coisas: livros ou CDs.

Com o pé na porta, ops! No e-mail

Acho que ninguém gosta de abrir a pasta de e-mails recebidos e encontrar um monte de e-mails indesejados. Recebo até poucos, comparando-os com de amigos. Nas 4 contas de e-mails que possuo, chego a receber umas 250 mensagens por dia. É um número absurdo. As empresas de marketing obtêm a cada instante o nosso endereço e, insistem e propagandas das mais diversas, que vão desde os produtos, que realmente temos interesses, como Hotel Urbano Groupon, Peixe Urbano, ou algo do gênero, até propagandas capciosas, como; “aumente o tamanho do seu pênis”.
Gastamos um enorme tempo, selecionando quais e-mails devemos abrir e lê-lo, porém está cada vez mais difícil. Não porque não temos interesses, é pelo tempo que leva para fazer esta filtragem. Antes, bastava identifica-lo como “spam” e já estava resolvido, hoje não! É uma verdadeira praga.
Lembrei-me de quando era criança, daqueles antigos vendedores de livros da enciclopédia Barsa. Era uma “profissão de luxo”, os caras batiam de porta em porta, utilizando uma maletinha com alguns exemplares, folhetos e super alinhados, usavam terno e gravata. Certa vez um destes caras bateu lá em casa.
Meu pai, por educação o deixou adentrar na sala, e o tal vendedor conseguiu tal feito, ao perguntar se havia estudante em casa. Morando na periferia, onde muitos moleques da minha idade não iam mais à escola, o meu pai respondeu orgulhoso: sim! Porém, esta foi a senha para o vendedor, utilizar de suas artimanhas das palavras e tentou convencê-lo que a tal enciclopédia com mais de 50 livros (cada um do tamanho da bíblia), seria a solução para os meus estudos até a faculdade.
O valor daquele negócio era tão caro, mais tão caro, que era quase o mesmo preço de um fusca, o carro mais popular, da época, isso lá nos anos 80. Só então, percebeu que era uma furada, que não tinha condições. Mas o cara insistia, insistia, insistia... Minha mãe serviu café, e o cara de tanto falar, quase ficou para a janta. Mas, enfim, o negócio não foi fechado, o cara desistiu.
Depois disso, vieram outros vendedores, todos iguais. Parecia aquela cena clássica, quando você abre a porta e a pessoa, querendo entrar põe o pé, para que você não a feche. É bem isso os e-mails atuais. Os vendedores não batem mais na sua porta, eles a invadem sua casa por meio do computador, mais exatamente pelo e-mail.
O que fazer então? É bem simples: paciência faz parte da tecnologia, da tal modernidade, ruim, é. Impossível sem ela.