Uma carta, o pão e o leite

Há tempos, as pessoas eram mais humanas e a violência não passava na televisão como o suprassumo das notícias; há tempos, ficávamos abalados quando aconteciam crimes, corrupção, entre outros casos semelhantes, mas hoje, enxergamos tudo isto como coisas banais, de nosso dia a dia. Aquela coisa da Lei de Gerson, criada no final dos anos 70, de querer levar vantagem em tudo, ficou enraizada no (in)consciente coletivo das gerações que vieram a seguir, e hoje, o modus-operandi deixou para trás a ética e a moral, e o que é absurdo, passa a fazer parte de nosso cotidiano.
Sem quer entrar neste mérito, mas este texto é apenas para relatar uma imagem que vi em um muro, onde tinha uma caixa de correios para “carta, pão e leite”. Achei fantástico, pela minha idade, não cheguei a ver tal serviço, de pão e leite nas caixas de correios, mas achei esta caixa simplesmente maravilhosa, um “absurdo”, da normalidade atual, onde as pessoas não enviam mais cartas, mas sim, e-mails, whatapps e compram leite desnatado ou integral de caixinhas e o pão em bisnaguinhas em supermercados.
 Às vezes vão até a padaria e compram pão por kg, de massa congelada pré-feita. Nas padarias, não se usa mais aquelas lenhas, que víamos quando elas chegavam para assar os pães feitos pelos padeiros. Ah! Padeiros? Quem é este ser mesmo? São poucas as padarias que ainda utilizam o trabalho deste profissional.
Esta caixa demonstrava uma confiança e uma relação humana bem maior. Significa que a pessoa colocava ali o litro de leite e o pão, neste caso, provavelmente, ficava aberta e qualquer um poderia ter acesso, assim como o pagamento, que deveria ser feito bem depois, provavelmente em uma caderneta. Ninguém tirava vantagem de nada desta situação.
Infelizmente, aquelas pessoas se foram, ficaram apenas as caixas e as memórias das cartas, dos pães e dos leites.

Pelas Ruas

Estava ouvindo The Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandido;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdida a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Sempre correndo para repor o prejuízo;
Sem tempo espera um milagre;
E acredita que é assim que acontece;
Esperando pela vida e seu juízo;

Lucia in the Sky with Diamonds

É por isso que não podemos “ir” sem direção, mas na direção de nossos sonhos para que não possamos cair. 
Lucia era uma menina de 50 e poucos anos. Quando adolescente, ela era uma das mais belas e desejadas pelos garotos do bairro; da escola e das festinhas que frequentava. Aprendeu a fumar muito cedo e teve vários namorados, alguns foram breves e outros duradouros.
Conhecia a Lucia desde quando era pequeno, bem criancinha. Sempre a via tomando algumas doses de hi-fi ou pinga com groselha, coisa dos jovens dos anos 70 e 80. Quando a conheci no bairro, ela já não era tão bela, apenas simpática com seu sorriso com poucos dentes. A família da Lucia é uma das mais antigas da região e todos se comoviam quando encontravam Lucia na calçada com umas doses a mais na cabeça, chamavam seus irmãos imediatamente para socorrê-la.
Uma vez, na entrada de um Ano Novo, lembro-me da Lucia brigando com um dos seus namorados, ela pegou uma esponja bem grande que estava jogada em um canto da calçada e começou a “bater” no seu “amor” com a esponja, que estava toda suja, e o rapaz, corria gritando: “ai, ai, ai...” Toda a molecada começou a rir daquela cena hilária.

Pelas ruas

Estava ouvindo Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandidos;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdidas a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Morte e Vida pop...

"…a morte é o princípio do esquecimento de sua memória... "(Fernando Pessoa)

A única certeza que temos em vida, é que um dia iremos morrer. A morte eterniza alguns e levam outros ao esquecimento. Diante da pós-modernidade que começava nos anos 60, Andy Warhol afirmou que no futuro, todos teriam seus 15 Minutos de Fama. E tudo isso aconteceu, hoje uma pessoa comum pode fazer tanto sucesso como igual a um artista famoso, dando a possibilidade de sermos pop. As tecnologias do século XXI transformaram o mundo em uma visão popular, dentro das redes sociais.

Estas redes nos dão a oportunidade de sermos famosos por alguns instantes, por alguns dias, meses ou até anos. Outros conseguem ir mais além, às vezes ficam mais comentados até mesmo que artistas consagrados, mas este mesmo tempo que consagra muitos, podem levar também ao limbo. Todos nós do século XXI seremos esquecidos e substituídos por outros, novas modas, costumes, gostos, e a morte é só o princípio.

Quando alguns artistas morrem, o mundo fica perplexo perante o “endeusamento” de uma pessoa comum. Mas quando uma pessoa comum morre, há apenas o lamento feito por amigos e familiares. Fernando Pessoa em um dos seus heterônimos, afirma que “a morte é o princípio do esquecimento de sua memória”. Após a morte, todos se lembram dos melhores momentos vividos, e com o passar do tempo só se lembrarão do defunto em duas datas: a do nascimento e o dia da morte.

Depois que os amigos e familiares forem morrendo também, poucas pessoas se lembrarão das datas, até que ninguém mais se lembre. Talvez, uma pessoa, aqui e outra ali, poderão ter relampejos de lembranças, porém, o nome ficará gravado apenas na lápide de um cemitério. É triste? É a realidade.

A minha escola está diferente

A minha escola dos tempos de criança era melhor do que as escolas dos meus outros amigos. Este pensamento era compartilhado por muitos moleques da minha infância. As aulas de educação física eram pela manhã, três vezes por semana, as meninas eram as mais bonitas, os professores eram os mais legais e carismáticos, quer dizer, nem todos.
Nas aulas de educação física das meninas, íamos assistir é claro, afinal, elas usavam saias e um shorts vermelho bem peculiar que as deixavam muito mais bonitas. Na escola, todos os anos tinha um campeonato de futebol para os meninos e de vôlei para as meninas, que paravam a aulas e todos assistiam. Era fantástico.