A pressão acompanha o ser humano desde o nascimento. Ela se manifesta nos primeiros passos, nas primeiras palavras, no ingresso na escola, no desempenho acadêmico e até mesmo nas brincadeiras da infância. O que antes era apenas parte do processo de amadurecimento, entretanto, ganhou novos contornos na vida adulta: passou a significar desempenho, produtividade e resultados mensuráveis. E, na lógica atual, quando esses resultados não se concretizam, instala-se o rótulo do fracasso.
Vivemos em uma sociedade cada vez mais orientada pela
meritocracia, onde bens materiais, indicadores e gráficos positivos se
transformam em símbolos máximos de competência. Nesse modelo, a desumanização
não é um efeito colateral — é parte do processo. Basta observar o cotidiano das
escolas estaduais de São Paulo, onde professores e estudantes convivem
diariamente com metas, avaliações externas, plataformas digitais e cobranças
que transformam a educação em território de constante monitoramento. Apesar dos
avanços tecnológicos, o paradoxo é evidente: quanto mais ferramentas surgem
para facilitar a vida humana, mais direitos parecem ser comprimidos em nome da
eficiência e do lucro.
Esse cenário expõe o desgaste de um ideal que começou há
séculos, no Renascimento, quando o humanismo colocou o ser humano no centro das
reflexões e decisões. Hoje, esse princípio parece enfraquecido diante da lógica
produtivista que orienta as relações sociais. A construção de um novo
humanismo, capaz de restabelecer o equilíbrio entre a realização individual e o
bem-estar coletivo, torna-se não apenas desejável, mas necessária.