Os óculos

O vidro enxerga à frente

O horizonte com pedras concretas

À vista estão as pessoas

Os objetos estão à frente

No horizonte estão as pessoas

E o vidro está concreto

À vista estão os óculos

O horizonte está à frente

Os objetos estão concretos

As pessoas estão no vidro

À vista estão as pessoas

O concreto está à frente

Os objetos estão na parede

As pessoas estão no horizonte

À vista estão os óculos

O desejo

O olhar come...



                                       O olhar cobiça...



                                                                                                                          O olhar infiltra...



                                                           O olhar deseja.


O olhar incomoda...



                                                                                    O olhar mente...



                                                O olhar mastiga...



O olhar deseja.



                                                                                                                          O olhar perdoa...



                                                                                  O olhar deprime...



                         O olhar condena...



                                                                                                            O olhar deseja.

Música soul, groove, acid jazz

Poi é! É um grupo gospel. Gospel? O auge da música gospel no Brasil foi no inicio da década, por volta de 2000/01, na época do rock in rio III. Lembro que tinha uma tenda gospel com apresentações de bandas que estavam no auge na época, como Resgate e Oficina G3. Foi um verdadeiro fiasco. Primeiro pq as igrejas boicotaram as bandas que participaram do evento, alegando qye era copisa do demo, e também pq nenhum roqueiro entrou no maracanã àss 14h para ver estes grupos. Resultado: as bandas se apresentaram para as moscas. De lá para cá, muitos grupos, ditos "gospel" se dissolveram, e as igrejas começaram a fazer estas musicas (Lagoinha, etc.) e alguns artistas isolados ganharam destaque, como Aline Barros. Mas houve uma mudança no cenário iniciado pelos grupos de São Paulo.
O surgimento de grupos como: Raiz Coral, Coral Kades, FLG, Sérgio Saas, Templo Soul e Grove Soul, mostram um outro cenário pouco explorado. O soul raiz, o groove e o acid jazz, iniciado pelos norte-americanos no século passado. A influência é bem visivel e audível de Incognito, Brand New Heavies e James Taylor Quartet, entre outros.
Aqui em destaque o grupo paulista Groove Soul, que brinca com a suavidade, da guitarra e do baixo que sincronizam com a voz da Danny e Simone Soul.

As digitais de Muddy Waters

Entrou segurando dois CDs ainda emplástificados, nunca tinham sido abertos ou escutados por alguém. O prazer de abri-los foi imensurável. Ao colocar o Muddy no cd player, a loira gelada enchia os dois copos com dois dedos de colarinho regados a um bom papo, conversas, filosofias, amores e regados aos acordes do Muddy.

O som limpo, assim como a conversa, assim como a bebida deve ser bebida, apreciada com as nuances do momento, da conversa, da música e do futuro. Quando acabou o Muddy, entrou Led Zeppelin, o prazer de tirar o plástico de um cd novo é como se desvirginasse a música. Os dois CDs eram novos, porém, as músicas velhas e os estavam nascendo, ressurgindo, esquecendo as coisas antigas.

Anos depois, parte dos sonhos se foi, hoje resta apenas um copo com dois colarinhos, e os blues do Muddy Waters insistem em pular, isso porque ficaram os vestígios daquele dia, as digitais de nossos dedos no cd que me recuso a limpar.

Ei de achar motivos para as palavras...

Meus queridos amigos visitantes... Há tempos não escrevo, não fotografo, não rascunho, não abro o Word, nem folhas de cadernos, sulfites, papéis, enfim, papéis em geral onde possa me comunicar, extravasar, idéias, metáforas, aliterações diversas...

Não vejo novidades perante as desgraças noticiadas, perante as notícias anunciadas... Perante as imagens compradas em televisores tela planas em LCD. Enquanto o Bope é cultuado nos cinemas e na vida real, não vejo mais heróis, personagens de cinema, de filmes, ou de qualquer tipo de programação. Parafraseando o Mano Brown dos Racionais, simpatizo com os heróis que estão presos.

Cadê as palavras? Cadê o suor?

Ei de ressurgir!

Pacotinho de Nada.



Este vídeo é do meu primo, que é escritor, professor e especialista em novas tecnologia. Já tem dezenas de contos e histórias publicadas no youtube, que podem ser utilizadas em sala de aula ou para apreciar as histórias dos novos escritores.
Enjoy!

Desconecte-se para conectar



A tecnologia e as pessoas. Temos que valorizar as pessoas que estão em nossa volta. Sabemos a importância da tecnologia, mas é tempo de saber valorizar, pais, mães, esposas, amigos...

O preço de não escutar a natureza

Tragédia recente no RJ

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco, pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação, nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que aí viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes, com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre, sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais frequentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam, que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes, e outro maior, que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da Mata Atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

Por Leonardo Boff

Teólogo

Postado por choupanadocaboclopery às 15:28