Escritor burguês: Literatura brasileira atual para quem?
Por muito tempo pensei que fosse ignorante por não achar graça alguma nos atuais romances brasileiros. Por trabalhar com jornalismo e por ser formando em Letras, achei que sempre deveria estar “antenado” no que acontecia no meio literário em nosso país. Tanto que conclui um ótimo curso de especialização em Estudos Lingüísticos e Literário, mas às vezes sentia-me perdido em relação aos novos escritores que me foram apresentados. Comprei pelo menos uns 13 romances destes novos escritores e confesso. Só consegui terminar um, o de Marcelino Freire. Todos os outros não passaram da página 40. Não consegui terminar de lê-los e foram para os sebos trocados por CDs .
No princípio culpava-me, achei até que não estava preparado para tal curso, pois as histórias que se revelavam nestes livros não me satisfaziam em nenhum momento. Histórias cansativas, personagens sem “personalidades”, protagonistas clichês, e, de vez em quando as figuras de linguagens fazem com que os críticos endeusem estes escritores “premiados”.
Esta semana senti um alívio. Deparei-me com o trabalho da pesquisadora da UNB, Regina Dalcastagne, que revelou que o escritor brasileiro atual é um burguês "intelectual", bem antenado e na maioria das vezes jornalistas na casa dos 50.
O resultado revela porque muitas histórias destes romances são chatas, porém premiadas, pois elas são destinadas ao mesmo público que as escreve.
Os números impressionam, pois, 72,7% dos escritores brasileiros são homens; 93,9% são brancos; 78,8% possuem ensino superior; 36,4 são jornalistas e a maioria mora no eixo Rio - SP e sua idade média é de 50 anos.
Os personagens são: 0,4% animais; 1,3% entes sobrenaturais; 62,1% homens e 37,8% mulheres.
De acordo com a pesquisadora, o personagem médio destas obras pode ser definido como um homem branco, heterossexual, intelectualizado, sem deficiências físicas ou doenças crônicas, membro da classe média e morador de grande centro urbano.
Quando estas obras são escritas por autoras mulheres, 52% das personagens são do sexo feminino e quando são autores masculinos, 32,1% são personagens são mulheres.
Os locais destas narrativas são distribuídos da seguinte forma: 82,6% nas metrópoles; 14,3% no meio rural e 37,2% em cidades pequenas.
Um dado interessante são as ocupações dos protagonistas, que revelam muitas vezes, a profissão do escritor. 8,5% são escritores; 7% são bandidos; 6,3% artistas; 5,8% estudantes; 5,6% jornalistas; 5,4% comerciante; 5,4% professores; 4,4% sem ocupação; 4,4% religioso e 3,3% militares.
Um dado interessante é que a maioria dos personagens que não são homens ou brancos é apenas coadjuvante.
Em 56,6% dos romances não existe sequer um personagem não branco e apenas 7,9% dos personagens são negros. Dos romances desta nova literatura nacional, 56,3% dos adolescentes negros retratados são dependentes químicos, contra 7,5% de adolescentes brancos na mesma situação. E a pesquisa não para por aí, pois a autora pesquisou 258 livros e encontrou apenas três protagonistas negras. Das mulheres que foram retratadas nestas histórias 25,1% eram donas-de-casa.
Dos personagens negros retratados nestes romances, 73,5% eram pobres e 20,4% eram bandidos. Agora, os autores retrataram 88,9% das personagens femininas em uma relação “íntimo/familiar”.
Todos estes números da pesquisa revelam porque as histórias dos romances são chatas. Não há um trabalho de pesquisa de campo para se escrever um bom romance. Estes profissionais que lidam com a escrita, como “jornalistas”, “professores” ou áreas afins, que possuem uma boa formação, pensam que escrever é algo simples, quando de fato não é. No Brasil ninguém vive da literatura, é uma segunda opção ou um hobby de gente “intelectualizada”. Isto não quer dizer que só tem coisa ruim. Tem muita coisa legal, mas é tão pouco que é difícil até de encontrar em livrarias.
Depois desta pesquisa, me senti melhor. Percebi então que não estava errado em achar algumas histórias horríveis, romances repetitivos e extremamente burgueses. Qualquer romance de vampiro é melhor do que muitas histórias da nova literatura brasileira, claro que tem exceções.
Veja a entrevista com a autora na Cult, na matéria
Literatura brasileira é coisa de branco?
Quem é você?
Quem é você? Perguntou-me um garoto de aproximadamente uns cinco anos ao me ver com a roupa do Zorro. Do herói mexicano esquecido e que não faz parte do universo Marvel. Ele ficou impressionado com a mascara, a capa e toda a vestimenta preta. Não saia do meu lado. Quando estava longe, seu olhar me procurava. Você é o Zorro? Perguntou em seguida. Sim. Respondi. Ele ficou a sorrir sem entender e finalizou: "Quem é você?" Sou o Sérgio, respondi. Aí ele sorriu, pois todos nós somos heróis independente da fantasia.
Esporte agora é para ser visto praticado pelo “outro”
Definitivamente o povo brasileiro não dá a mínima pelo
esporte (com exceção do futebol, é claro). Mas ao fazer tal afirmação quero
deixar claro que a “grande” mídia em geral não colabora para mudar este cenário.
E, se ao analisarmos os atletas de ponta que temos, chegaremos à conclusão que
eles se destacam não pelo apoio ou qualquer tipo de patrocínio, mas sim por
esforço próprio. Por isso temos que ter orgulho quando atletas brasileiros se
destacam em qualquer tipo de competição internacional.
As empresas ainda não se deram conta do valor que o esporte
pode agregar em um indivíduo. Não apenas nos esportes competitivos, mas no
investimento na formação do cidadão. Isso deveria começar lá... Desde criança,
nas aulas de educação física, valorizando outras modalidades como o vôlei,
basquete, handebol, atletismo, etc.
Hoje sabemos que é necessário patrocínio para montar bons
times de basquete, vôlei, etc. Aliás, há anos São Paulo não conta com um bons
times de basquete ou vôlei, mas para o investimento no esporte como cidadania o
que falta mesmo é uma boa gestão do poder público.
Não existem bons projetos, tanto do governo municipal,
estadual ou federal. O que existe é uma pequena “virada esportiva”, que este
ano, vai acontecer com verba reduzida do prefeito Haddad, mas, o evento que acontece
uma vez por ano, não atinge o seu objetivo.
Em resumo, não há bons projetos que envolvam o poder público
(em qualquer esfera) e a sociedade. Em outras palavras, as pessoas que ocupam
as pastas de secretarias de esporte são mal capacitadas, principalmente há que
envolve o nosso ministro Aldo Rebelo, que faz uma administração “de cabide”,
pois não vemos fruto nenhum do seu trabalho e, isto é em efeito cascata, desde
a esfera federal, até as secretarias municipais. Pode até existir pessoas com
boas intenções, mas como diz o ditado: “De boa intenção o inferno está cheio”.
São necessários projetos específicos para cada comunidade,
isso de acordo com as suas características, tanto culturais como geográfica. É
necessário fazer uma pesquisa do local para averiguar a característica da
população que mora em tal bairro onde o projeto pode ser aplicado. Bom, aí as
coisas começariam a funcionar.
Enquanto isso, o esporte é coisa do “outro”, de quem joga em
um time qualquer, ou de quem pode pagar uma academia. “Esporte é coisa que
passa na televisão e é praticado por quem não tem nada o que fazer”. Esta é a
visão de muitas pessoas que não tem acesso ao esporte. Em outras palavras, o
esporte perde o seu contexto de significado e passa a ser “lazer”, para ser
visto e não praticado. Tanto, que várias pastas municipais as secretarias que
envolvem esporte chama-se “Esporte, Cultura e Lazer”, tudo junto e misturado, é
o mesmo balaio. É nesta mesma visão equivocada é que acontece a Virada
Esportiva, algo para ser visto e sendo praticada pelo “outro”, ou então, aquela
ideia: “Vá e pratique esporte”, como este programa acontecesse nos outros 364
dias no ano.
Não é só de futebol que vive o homem, mas de todas as
atividades físicas, capazes de fazê-lo, pensar, agir e se interagir na
sociedade, transformando-o em um cidadão.
O ramo e a paciência.
Estava prestes a cortar um pé de árvore que tem em frente a minha casa e que estava seco, por duas vezes fui buscar uma serra para corta-la, arrancá-la de vez. E, para minha surpresa, eis que a vida começa a brotar bem devagar e um novo ramo se faz presente. Aprendi a ter paciência.
Corrida mirim
Júlia, sobrinha da Denise, ficou em 2º lugar na Corrida Miriam, no Constâncio Vaz Guimarães - Fica o registro de um evento bem legal e o incentivo ao esporte.
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