Acabaram-se os discos e os amigos secretos

Tá certo! Pode até parecer coisa nostálgica e coisa e tal! Mas, a brincadeira de “amigo secreto” ou “amigo oculto” sem presentear ou ser presenteado com um CD, não tem a menor graça. A brincadeira ficou penosa e chata.
Para começar, o parâmetro dos preços destes presentes era baseado nos valores dos discos, em torno de R$ 30 a R$ 60. Os valores eram baseados nos lançamentos de discos das principais bandas, que estavam bombando nas lojas e dos álbuns e, todos queriam aquele disco raro ou o mais vendido da época, que geralmente eram caros e todos queriam ganhar. A maioria dos presentes até pouco tempo, era o CD, pois quase todos pediam, com exceção de alguns é claro, pois faz parte da regra.
Ainda tenho em casa dezenas destes discos que me foram presenteados. Um dos mais raros foi o álbum “The Queen is dead” dos Smiths, que ganhei da Claudia, quando cursava o 2º ano colegial no Alberto Levy e, este ainda foi comprado na antiga loja “Hi-Fi”, pois tem um enorme selo na capa, o que valorizava ainda mais o presente. Tenho ainda o Pink Floyd, U2, Housemartins, Iron Maiden, Legião Urbana II, Paralamas, Titãs, AC/DC, que foram presentes desta brincadeira.
Agora está tudo chato. Não sei escolher roupa nem pra mim, imagina para os outros? Perfume é algo pessoal, assim como roupa, sempre peço ajuda de alguém da brincadeira para me auxiliar nos presentes, pois não tenho a mínima ideia do que comprar.
Hoje, amigo secreto só em família, pois há uma intimidade maior, mas evito esta brincadeira a todo custo em qualquer outro ambiente, pois já não tem mais graça. A não ser que as pessoas combinem que os presentes só possam ser duas coisas: livros ou CDs.

Com o pé na porta, ops! No e-mail

Acho que ninguém gosta de abrir a pasta de e-mails recebidos e encontrar um monte de e-mails indesejados. Recebo até poucos, comparando-os com de amigos. Nas 4 contas de e-mails que possuo, chego a receber umas 250 mensagens por dia. É um número absurdo. As empresas de marketing obtêm a cada instante o nosso endereço e, insistem e propagandas das mais diversas, que vão desde os produtos, que realmente temos interesses, como Hotel Urbano Groupon, Peixe Urbano, ou algo do gênero, até propagandas capciosas, como; “aumente o tamanho do seu pênis”.
Gastamos um enorme tempo, selecionando quais e-mails devemos abrir e lê-lo, porém está cada vez mais difícil. Não porque não temos interesses, é pelo tempo que leva para fazer esta filtragem. Antes, bastava identifica-lo como “spam” e já estava resolvido, hoje não! É uma verdadeira praga.
Lembrei-me de quando era criança, daqueles antigos vendedores de livros da enciclopédia Barsa. Era uma “profissão de luxo”, os caras batiam de porta em porta, utilizando uma maletinha com alguns exemplares, folhetos e super alinhados, usavam terno e gravata. Certa vez um destes caras bateu lá em casa.
Meu pai, por educação o deixou adentrar na sala, e o tal vendedor conseguiu tal feito, ao perguntar se havia estudante em casa. Morando na periferia, onde muitos moleques da minha idade não iam mais à escola, o meu pai respondeu orgulhoso: sim! Porém, esta foi a senha para o vendedor, utilizar de suas artimanhas das palavras e tentou convencê-lo que a tal enciclopédia com mais de 50 livros (cada um do tamanho da bíblia), seria a solução para os meus estudos até a faculdade.
O valor daquele negócio era tão caro, mais tão caro, que era quase o mesmo preço de um fusca, o carro mais popular, da época, isso lá nos anos 80. Só então, percebeu que era uma furada, que não tinha condições. Mas o cara insistia, insistia, insistia... Minha mãe serviu café, e o cara de tanto falar, quase ficou para a janta. Mas, enfim, o negócio não foi fechado, o cara desistiu.
Depois disso, vieram outros vendedores, todos iguais. Parecia aquela cena clássica, quando você abre a porta e a pessoa, querendo entrar põe o pé, para que você não a feche. É bem isso os e-mails atuais. Os vendedores não batem mais na sua porta, eles a invadem sua casa por meio do computador, mais exatamente pelo e-mail.
O que fazer então? É bem simples: paciência faz parte da tecnologia, da tal modernidade, ruim, é. Impossível sem ela.

O nosso comer, o nosso viver...

Nossa vida é tão acelerada que comemos tudo. Estamos inseridos em uma sociedade de consumo que, além de destruírmos o meio ambiente, acabamos com a nosso própria espécie.

As músicas de Cristina

Cristina, então com 15 anos e eu aos 4
Sabe algo que passa despercebido e só após muito tempo, recordamos de fatos que estavam bem no interior de nosso subconsciente? Foi assim que me recordei de Cristina. Ela teve uma influência dantesca de muitas bandas de rock que ouço e sou fã de carteirinha, tudo culpa desta adolescente de 15 anos lá nos anos 70. Remoendo fotos antigas encontro esta, no bairro de Vila Mascote, próximo à Vila Santa Catarina, onde minha tia Sefa morava. Na época tinha apenas 4 anos e ficava brincando pelos corredores no quintal da casa e Cristina ouvia suas músicas no volume máximo na casa ao lado.
Todos os grandes músicos e jornalistas anunciam em reportagens que seus primeiros discos comprados ou ganhados foi algum clássico do rock ou algun artista intitulado “cult” pelo mainstream jornalístico. Fico curioso e até duvido destas afirmações, pois todos se mostram bem informado e de “bom gosto” desde criancinha. Eu não. Meu primeiro disco comprado foi dos Carpenters, uma coletânea bem simples e da Som Livre; o segundo foi da Olivia Newton John, do filme Xanadu e o terceiro foi dos Paralamas do Sucesso,  O Passo do Lui.
E durante muito tempo acreditei que estes foram os primeiros artistas que consumi de fato. Mas tudo acabou esta semana quando reencontrei a foto da Cristina. Ao fazer uma viagem no tempo, relembro muito bem dela cantando  Skyline Pigeon, do Elton John e a repetia várias vezes.
Para a época, Cristina tinha um bom gosto, outras bandas que ela colocava em seu estéreo sem parar eram Chicago, América, Beatles e Led Zeppelin, entre outras bandas de rock dos anos 70. Cristina ouvia as músicas destes grupos todos os dias ao chegar da escola e, eu me lembro de cada grito que ela dava em alguns refrões.

Resolvi escrever este rascunho pela coincidência da foto e também por ter escutado “If you leave me now” de Chicago que já me remeteu a estas memórias e, me fez repensar um pouco as minhas origens musicais, quando se fala de rock.
Anos se passaram, minha tia mudou de casa, assim como Cristina. Só ficaram as músicas dela.