Quando o deputado Marcos
Feliciano (PSC) foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos no mês
passado, criou-se um “celeuma” em torno deste nome. O deputado foi e ainda está
sendo acusado de racismo e de homofóbico por se posicionar “contra” o homossexualismo.
Esta mesma comissão foi recusada pelo PT e dos demais partidos de sustentação
do governo e, agora, devido às manifestações, esta “Mesa” torna-se uma das mais
importantes do momento.
Estas manifestações não
acontecem pelo nome de Feliciano, há algo mais importante em jogo, que é a PLC
122, que está parada nesta comissão desde 2006. Trata-se do projeto que
criminaliza a “homofobia” e a iguala ao racismo. E quem preside a Mesa desta
Comissão tem o poder de arquivar ou não, e ele, Feliciano pode deixar parada
esta PLC. Por isso, é alvo de manifestações dos ativistas, mas não pelo seu
posicionamento em si.
Para Feliciano, o homossexualismo
é “opção sexual”, ou seja, comportamental, e diz claramente ser contra, e, isto
em rede de televisão. Segundo ele, caso esta lei seja aprovada e se iguale ao
racismo, pronunciar-se contra a homossexualidade, seria crime, como já acontece
em casos de crime racial. “É antidemocrático. Cada um deve expressar seus
pensamentos, é democracia”, diz ele em uma de suas “pregações”. Por ter este
posicionamento, é acusado de homofóbico.
Em relação aos negros, a
teoria do deputado evangélico, é que os ancestrais que povoaram a Etiópia, na
África, são descendentes de um neto amaldiçoado de Noé chamado Canaã e esse
seria o motivo das doenças e da miséria naquele continente, que originou a raça
negra. Ao ser recriminado por internautas, Feliciano justificou: “Africanos
descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é
a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters”.Isso foi o cúmulo e prova o
desconhecimento bíblico do deputado. Depois nas redes sociais afirmou que “A
podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à
rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas”,
disparou.
Feliciano colocou-se no
paredão por estas duas situações e acabou sendo contestado também por parte dos
evangélicos.
Protestos
e homofobia - Nos últimos dias, Feliciano ganhou força.
Isto por conta do “ativismo gay”. Após afirmar que não renunciaria, o deputado
foi ameaçado, assim como sua família. A briga engrossou ainda mais quando um
vídeo de um ativista do Movimento LGBT, Marcio Retamero, que se intitula
pastor, chama de “desgraçados” e de “fundamentalistas religiosos” os políticos
que defendem a família e a fé cristã, no vídeo ele fala que pegaria em armas
para defender sua causa. Esta apologia à violência e desrespeito às liberdades
de expressão e religiosa ocorreram durante um seminário LGBT, no Congresso
Nacional, em Brasília, evento comandado pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), ou
seja, poderíamos até chamar este caso de homofobia destes ativistas.
Nunca, antes na história, o
povo foi às ruas para defender uma comissão. Aliás, ninguém frequenta as
reuniões das comissões nas Assembleias Legislativas do país. Na quarta-feira
ele mandou prender um manifestante que atrapalhou o andamento da reunião e
ainda o chamou de nazista entre outros palavrões, e foi, capa de vários jornais
do país por tal atitude, que, em outras palavras é bem pior que a PLC 122. O posicionamento de
Feliciano nesta comissão é claro, impedir que a PLC 122 seja votada, e tem
apoio de todos os cristãos (evangélicos e parte da igreja católica). Mesmo sem
se manifestar sobre o caso, a igreja católica acompanha o debate de longe,
mesmo porque, segundo a matéria publicada na Folha de São Paulo desta
quarta-feira, afirma que a maioria dos católicos brasileiros é “liberal”, por conta
disto, silêncio absoluto.
Particularmente, sou contra
a PLC 122 – Feliciano não me representa, mas neste caso, vou ter que repensar
meu posicionamento, como muitas pessoas.
Sérgio Pires