Várias marchinhas estão sendo proibidas ou por recomendação
dos “politicamente corretos” de não tocá-las nos carnavais pelo Brasil a fora.
Que coisa mais chata! Tem gente que acha preconceito em tudo sem fazer análises
contextuais da época. O pior é que são pessoas de “cátedra” da USP e demais
universidades que recortam trechos de música para fazer análises sociológicas
proselitistas.
Pois, bem. Vamos pegar uma das músicas proibidas, “O teu
cabelo não pega mulata”, de Lamartine Barbo, composta em 1927. Acusar Lamartine
de racismo é uma ignorância tremenda. Primeiramente é necessário conhecer a
fonte, afinal “o meio é a mensagem”, não é verdade? Lamartine era um poeta,
compôs hinos inesquecíveis para vários clubes nacionais, considerados os mais
belos, como o América, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e Flamengo. Fez
ainda mais hinos para vários clubes brasileiros e ainda várias outras
marchinhas de carnaval muito comum em sua época. Era irônico em suas letras e
sua música foi censurada nos anos 30 no Governo de Getúlio Vargas, praticamente
dando fim as marchinhas de carnaval, fato que se repete nos dias de hoje.
A implicância é pela letra de “O teu cabelo não pega mulata”,
pois bem, podemos fazer uma análise, rápida.
A primeira estrofe:
“O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor...”
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor...”
Alguns argumentos, dizem que este trecho é um racismo
implícito. Alguns, em teses que cheguei a ler, afirmam que, esta mulher em
questão, alisou o cabelo, na tentativa de embranquecimento. Algumas teses,
relatam uma página inteira só para analisar estas duas primeiras linhas.
No trecho "como a cor não pega", dá um problemão
danado. Vamos analisar da seguinte forma: Em 1927, havia sim, muito preconceito
no Brasil, muito mais latente do que nos dias de hoje. Nesta época ainda era possível ter contato
com ex-escravos, pois completava apenas 39 anos da Lei Áurea, e a situação dos
negros não era nada fácil. Muito menos para o amor de um branco com uma negra,
ou vice-versa. Não era aceito pela sociedade de forma alguma.
Recentemente assisti um episódio de um seriado muito antigo “Daniel
Boone”, um cara que vivia no meio do oeste americano junto com os índios. No
episódio um índio se apaixona por uma mulher branca. A sociedade foi obrigada a
tirar a mulher da casa do índio, se não o matariam, inclusive o herói do filme.
Ou seja, não é o autor em si, que desmerece, mas sim, a sociedade,
pois o poeta quer amar. “Mulata, eu quero o teu amor”.
Não vou analisar o texto inteiro, mas gostaria de destacar
esta estrofe, que os críticos nunca relatam:
“A lua te invejando faz careta
Porque, mulata, tu não és deste planeta”
Porque, mulata, tu não és deste planeta”
A lua te invejando faz careta, é uma simbologia clara da
sociedade de sua época. A lua toda branca inveja a beleza desta mulher, como
que a sociedade ficasse invejosa e vira as caras para a beleza desta mulher.
Aqui pode ser a denúncia do racismo da sociedade. E ele explica que ela não é
deste planeta, ou seja, não faz parte destas pessoas, é algo ainda maior.
A música é uma canção de amor e ao mesmo tempo uma denúncia
do preconceito de sua época.