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Reescrevendo-me



Novamente, após uma longa data, volto a escrever. Tantas coisas aconteceram desde os últimos textos. Aos poucos tentarei resgatar, palavras, imagens e reticências de um passado que está tão presente.

Não... Não é normal!

 Não é normal ver o aumento de moradores de rua; o aumento da violência contra mulher e crianças; o aumento de pessoas, como crianças, jovens e idosos vendendo balas nos semáforos; pessoas revirando lixo em busca de alimentos; pessoas pedindo esmolas nas calçadas; ver os bares e botecos completamente lotados nas periferias, pois seus frequentadores não têm emprego; o aumento da evasão escolar nas periferias; a venda de ossos de boi como opção de alimentos; inflação a acima de 10% ao ano; o aumento do desemprego que chega a 15% da população brasileira; a desindustrialização do país em prol do agronegócio impactando diretamente no meio ambiente.... Não é normal.

O pensamento egoísta de ligar o "f*da-se"

A nova "ideologia" do “F*da-se” e o novo pensamento egoísta, é bem mostrado em um dos livros de auto-ajuda mais vendidos do mundo “ A sutil arte de de ligar o f*da-se” e o novo pensamento tipo “I don’t give a shit” – mostra o quanto egoísta e individualizada está parte da sociedade. Tipo, não importa o quanto a sociedade está ou o problema que o outro tem, quero é que se f*da, o importante sou eu e meus problemas, que quero resolver e superar, não importa como.
Este tipo de "rebeldia" é a mais primária e egoista que pode existir.

Quarentena

Minha nossa, realmente nunca me senti dentro de um filme apocalíptico. Esta é a minha sensação com o tal Corona Vírus ou simplesmente COVID-19. No último domingo, dia 15, fui à uma grande rede de hipermercado em São Bernardo do Campo e parecia um "inferno", de tanta gente querendo superlotar seus carrinhos. Estava um caos total, famílias com dois ou três carrinhos e com produtos básicos, como arroz, feijão, papel higiênico, etc. Teve briga, discussões, e eu, não querendo participar disto, abandonei o meu carrinho e fui embora.

Um amigo que mora em Portugal me afirmou que lá está a mesma coisa, ou seja, o mundo está de cabeça para baixo. Notícias apontam que o Brasil, se não se cuidar, pode ultrapassar, em números, em relação à Itália. E lá, não está fácil, até a data deste sábado, dia 21, às 00h30, a Itália estava com 37820 mil casos e com 4038 casos fatais. Os números são alarmantes chega a ser pior que uma guerra.

Para piorar ainda mais estes tempos apocalípticos, muitos não dão a mínima para este novo vírus, acreditam que são imunes, principalmente frequentadores de botecos. Estes dias um dos proprietários de um bar disse para mim: "Esta é uma doença de rico, aqui não vai chegar não", afirmou.
Por outro lado será uma ótima experiência passar uns dias junto à família, por a leitura em ordem, fazer e refazer alguns trabalhos e também repensar projetos. Para alguns, o ano de 2020 já acabou. Outros pensam que o ano de 2020 só começará quando a COVID-19 for embora. Mas enquanto ela está no meio de nós, temos que nos cuidar...


Foto por cottonbro em Pexels.com

“O teu cabelo não nega mulata” e a chatice dos “corretos”


Várias marchinhas estão sendo proibidas ou por recomendação dos “politicamente corretos” de não tocá-las nos carnavais pelo Brasil a fora. Que coisa mais chata! Tem gente que acha preconceito em tudo sem fazer análises contextuais da época. O pior é que são pessoas de “cátedra” da USP e demais universidades que recortam trechos de música para fazer análises sociológicas proselitistas.

Pois, bem. Vamos pegar uma das músicas proibidas, “O teu cabelo não pega mulata”, de Lamartine Barbo, composta em 1927. Acusar Lamartine de racismo é uma ignorância tremenda. Primeiramente é necessário conhecer a fonte, afinal “o meio é a mensagem”, não é verdade? Lamartine era um poeta, compôs hinos inesquecíveis para vários clubes nacionais, considerados os mais belos, como o América, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e Flamengo. Fez ainda mais hinos para vários clubes brasileiros e ainda várias outras marchinhas de carnaval muito comum em sua época. Era irônico em suas letras e sua música foi censurada nos anos 30 no Governo de Getúlio Vargas, praticamente dando fim as marchinhas de carnaval, fato que se repete nos dias de hoje.

A implicância é pela letra de “O teu cabelo não pega mulata”, pois bem, podemos fazer uma análise, rápida.

A primeira estrofe:
“O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor...”

Alguns argumentos, dizem que este trecho é um racismo implícito. Alguns, em teses que cheguei a ler, afirmam que, esta mulher em questão, alisou o cabelo, na tentativa de embranquecimento. Algumas teses, relatam uma página inteira só para analisar estas duas primeiras linhas.

No trecho "como a cor não pega", dá um problemão danado. Vamos analisar da seguinte forma: Em 1927, havia sim, muito preconceito no Brasil, muito mais latente do que nos dias de hoje.  Nesta época ainda era possível ter contato com ex-escravos, pois completava apenas 39 anos da Lei Áurea, e a situação dos negros não era nada fácil. Muito menos para o amor de um branco com uma negra, ou vice-versa. Não era aceito pela sociedade de forma alguma.

Recentemente assisti um episódio de um seriado muito antigo “Daniel Boone”, um cara que vivia no meio do oeste americano junto com os índios. No episódio um índio se apaixona por uma mulher branca. A sociedade foi obrigada a tirar a mulher da casa do índio, se não o matariam, inclusive o herói do filme.

Ou seja, não é o autor em si, que desmerece, mas sim, a sociedade, pois o poeta quer amar. “Mulata, eu quero o teu amor”.

Não vou analisar o texto inteiro, mas gostaria de destacar esta estrofe, que os críticos nunca relatam:

“A lua te invejando faz careta
Porque, mulata, tu não és deste planeta”

A lua te invejando faz careta, é uma simbologia clara da sociedade de sua época. A lua toda branca inveja a beleza desta mulher, como que a sociedade ficasse invejosa e vira as caras para a beleza desta mulher. Aqui pode ser a denúncia do racismo da sociedade. E ele explica que ela não é deste planeta, ou seja, não faz parte destas pessoas, é algo ainda maior.


A música é uma canção de amor e ao mesmo tempo uma denúncia do preconceito de sua época.

A ausência que jamais será esquecida

Aos poucos os espaços são ocupados e as ausências podem ser superadas, mas jamais serão esquecidas.
Há meses não me vem nada em mente para postar neste blog após o mês de novembro de 2016. Definitivamente, o ano passado não foi um bom ano e em particular, foi péssimo, pois perdi o meu pai.
Acostumar com a ausência é algo terrível e difícil. Ao mesmo tempo, evito ser mesquinho para aceitar o sofrimento alheio, e ele, meu pai, estava sofrendo. esta era a minha tristeza maior. Sua partida não me conforta a dor, mas a sua ausência machuca. Enfim, como Cristão, sei que um dia nos encontraremos em um outro patamar.
Esta foi a razão do meu sumiço deste blog. Além disto, há ainda novos desafios, como o novo cargo de professor de Inglês da Rede Pública do Estado de São Paulo, no Fundamental II e Ensino Médio em uma escola na periferia, bem no extremo sul, próximo a Diadema.
Ainda há tempo para atuar como jornalista no jornal online O Bairro e no Guia da Cidade Ademar, fazendo jornalismo de bairro na periferia de São Paulo.

Imagem de Aparecida do Norte nos anos 50

Revirando gavetas encontro estas três fotos antigas que meu pai guarda até hoje. Resolvo digitalizá-las para preservar esta memória. Nas imagens, aparecem pessoas que meu pai, na época com 20 anos, já lembra vagamente quem eram. Um detalhe importante eram as roupas da época.



As reticências... E a vírgula

Reticências...

Muitos adoram as virgulas, eu sou louco pela reticência... Ela diz tudo sem dizer nada... Às vezes ela fica querendo falar algo, mas fica ali ... Calada. Outras horas ela fala tudo, mas tudo mesmo como “Ah vai tomar...! A virgula é cheia de sentidos, é um tira e põe danado, já ela... A reticência não, já é o sentido de tudo.

Alguns dicionários ainda tentam definir a reticência como um substantivo feminino, como uma supressão ou omissão voluntária de uma coisa que poderia ou deveria ter sido “dita”. Definem ainda como uma atitude de quem hesita em dizer expressamente o seu pensamento, em dar um parecer... Ah! A reticência... Ela é o silêncio que falta em um texto... É o pensamento... É a ação... É o sentimento... Muito mais que a virgula!

Acho que a reticência não deve ser definida... É para ser sentida...