Acordei, liguei o rádio, tomei café, fui ao banheiro, tomei banho, fiz a barba, escovei os dentes, me troquei, peguei as chaves e desliguei o rádio. Abro o portão, abro a porta, liguei o rádio, dou marcha ré, fecho o portão, dirijo, para nos faróis, estaciono o carro e desligo o rádio. Cumprimento as pessoas, entro na sala, ligo o rádio, digito documentos, imprimo papéis, leio jornais, e desligo o rádio. Saio da sala, entro no carro, ligo o rádio, dirijo, estaciono na rua e desligo o rádio. Entro em um local, cumprimento as pessoas, e o rádio ligado, não escuto as vozes das pessoas, não escuto o rádio, ando pela calçada e entro no carro e ligo o rádio. Dirijo novamente e estaciono na garagem, chego em casa e me desligo.
Paraty é paramim e paranós...
Quando fui convidado a ir até Paraty no festival de jazz que rolava por lá pensei: putz! Vai ser cansativo, principalmente em uma viagem tão curta... Mas topei a parada. Às 8h da manhã peguei a Rio-Santos e... Pé no chinelo. Nunca tinha pego tal estrada e aos poucos a natureza foi se revelando pelo caminho. Paisagens paradisíacas, montanhas, praias, cachoeiras aos poucos iam se revelando... E, pé no chinelo...
Fomos informados que a viagem teria apenas 3 horas, puro engano, o ponteiro da minha ansiedade já contava 3 horas de viagem e estávamos ainda na metade. Ao passar por São Sebastião foi um relax total, praia de Baraqueçaba... O que é isso? Que lugar é aquele? Muito bonito... Mas para frente, mais e mais praias... Só uma coisa é para se observar... Não há “proletariados” no local. Pelas ruas carrões... Nas praias surfistas, burguesinhas, playboys usufruíam algo que é público, porém poucos têm acesso. Questões sociais de lado, seguíamos pela Rio-Santos até Ubatuba e apreciar as paisagens é completamente relaxante.
Ao chegar em Paraty foi outro encantamento. Uma cidade que respira cultura, pessoas do mundo inteiro se aglomeram para ver e apreciar jazz. Nos bares, rock and roll, com boa comida e uma gelada ao lado. Paraty é paramim, ou seja é pranós... Que venha o FLIP!
A invenção do Dorímetro e fim da História.
Em pleno 13 de Maio, em memória das vítimas da violência institucional e em homenagem a mais um negro humilhado pela PM na velha São Paulo.
Salloma salomão Jovino da Silva
Alguém certa vez, me perguntou sobre a dor, se não uma questão apenas de ponto de vista!? Essa noção absoluta de relatividade deve explicar um fato recente que surgiu na mídia. No primeiro momento pareceu tratar-se de uma fábula borgiana. Permitam-me contar...
Há tempos que uma equipe de renomados pesquisadores esta montando um aparelho que possa medir a dor. Inclusive já divulgaram que o tal equipamento será capaz de fazê-lo em caráter histórico e retroativo. Um chefe do laboratório deu uma entrevista muito esclarecedora para um famoso jornalista honesto, sustentando que quando o tal aparelho chamado “Dorímetro” estiver funcionando, vai ter fim esse papo de cota, reparação, escravidão, holocausto ou denúncia vazia de genocídio.
Segundo o Doutor Oto Krakauer, responsável pelas pesquisas, a partir de agora vai bastar medir a dor de cada pessoa, de cada nação, de cada civilização e comparar com outras amostras, para saber se “certas reivindicações” de reparação, justiça e equidade têm realmente fundamento ou não.
O objetivo principal daquele que já é considerado “o invento do século” é justamente a economia de tempo e papel que propiciará. O proeminente intelectual que é ao mesmo tempo o proprietário da empresa que fabricará o equipamento argumenta que “muito dinheiro será economizado em psicanalista, em pesquisa antropológica, arqueológica, filosófica e histórica." Sua ênfase recai principalmente nas duas últimas que, segundo o genial pesquisador, “nada produzem de útil mesmo”.
Observadores mais atentos dizem que no Brasil mundo acadêmico e científico está em verdadeira polvorosa. Corre a boca pequena que em alguns centros de pesquisa, especialmente em países em “vias de desenvolvimento” está em curso uma verdadeira corrida maluca em busca de aposentadoria, assim como das últimas bolsas de estudo disponíveis para essa área denominada Ciências Humanas.
Renomados cientistas sociais já se anteciparam e mandaram seus Currículos Lattes, com as devidas cartas de recomendações às ONGs de Empresas como Camargo Correia, Odebrecht, Banco Itaú, Unibanco, Andrade Gutiérrez, Natura, etc. Sob o risco de perder as verbas de pesquisa preferem vender seu requintado trabalho a quem pagar alguma do que, ter de lutar por uma maior democratização do ensino superior.
Mantendo o anonimato fala-se que estão pesarosos e dizendo adeus aos longos seminários internacionais as custa dos cofres público, aqueles pesquisadores que já conseguiram manter algum prestígio ou privilégio, obter ascensão ou lucro com monografias, dissertações ou teses, com questões que desafiam a compreensão do surgimento e desenvolvimento de certa humanidade. Nunca mais será possível um único centavo, para eternas elucubrações sobre colonialismo, imperialismo, hegemonia, escravismo, essencialismo, fenomenologia, existencialismo, revivalismo, religiosidade, cultura, civilização e outros tantos temas. Toda a economia de dinheiro que o uso do “Dorímetro” deverá ser redirecionada para pesquisas sobre as variantes das cefaléias e produção de novos medicamentos pra o cancro-mole.
Enquanto o invento não vem, vamos assistindo a dor ao lado, a dor alheira, nos corrompendo pela dor silenciosa das pequenas e imperceptíveis gentes, dorzinha gostosamente imensurável. A melhor dor é a nossa, porque é dor mesquinha e intransferível. É dor extremamente pessoal, de foro íntimo, ínfimo.
Essa dorzinha individualista não pode rimar com as músicas ritmadas que se espalharam pelas margens do Atlântico. Certamente o gemido dos torturados pelos americanos e ingleses não pode rimar com o soul de James Brown, é certo que não rima. Não podem rimar com cor tão branca e a voz tão negra do Rithm and blues de forte Amy Winehouse. Rajada de metralhadora não é rufo de caixa da bateria, bumbo não é bazuca, baqueta não é bala. Nossa vingança adormecida é resultado dessa dor. Ela resume-se na certeza de que quem atira mata, mas quem mata, mesmo inocentemente morre um pouco também.
Vimos pela internet em tempo real que os corpos despedaçados no Sudão e Nigéria, Kossovo e Bagdá depois de apresentados on-line, ficam meio escondidos em um ponto neutro da tela de LCD, permanecem lá por semanas aparentemente intacto, mas não sentimos o cheiro. Não sentimos o também parte de nós nos corpos que boiaram no Mississipi, nem na pólvora gasta com moradores de rua na zona norte de São Paulo. Não sentimos nada, nem mesmos a ação do tempo, nem do refluir da História. Somos mortos-vivos poderosos, cujos funerais têm que ser refeito todos os dias.
Muitos como eu adoram ver os roqueiros velhos, ver os cabelos brancos e as pelancas de homens vitoriosos cheios de medalhas e prestígio comprado na indústria de cosméticos. Com o passar do tempo virilidade torna-se apenas jogo de cena, só há sensualidade na língua, no farfalhar das notas verdes e no brilho das medalhas. Minha conclusão é que o envelhecimento humaniza, mas não salva, a morte ridiculariza e somente a dor é esclarecedora. Por tudo isso e, até que o Dorímetro seja colocado em funcionamento, devemos incentivar os jovens de ambos os sexos para que memorizem o maior numero possível de datas e nomes de lugares e pessoas.
Salloma Salomão Jovino da Silva é Doutor em História pela PUC-SP e Professor de História da África e Cultura Afro- Brasileira da F.S.A.
Maratona de São Paulo
Insuma, isto é rock’n’ roll
O último dia 24 de abril vai ficar marcado no cenário da música alternativa brasileira, quando cinco garotos da banda Insuma subiram ao palco de uma das casas mais importantes para o rock and roll alternativa, o Clube Outs, onde lançaram o primeiro CD “O dia de amanhã”. Com um ritmo empolgante e guitarras vicerais, o grupo tem uma identidade própria, conquistada em seis anos de estrada se apresentando nas casas mais importantes do rock alternativo como: Hangar 110, Black Jack, Club Outs, Tribe House, Volkana, Black More, Fofinho entre outras.
Os integrantes do grupo, possuem diferentes influências e opiniões que resultam em melodias bem trabalhadas e solos marcantes. A principal influência da banda é do grupo Dead Fish e se espelham em grupos como Nxzero, Gloria, Houdini, Garage Fuzz e Sugar Kane. Além disso, o grupo já tem um fã clube no Orkut com seus seguidores fieis.
Inicio - A banda começou no colégio São Francisco na zona sul de São Paulo, onde tocava em saraus e festas escolares desde 2000. Em 2006 o grupo ganhou uma identidade sonora tocando em festivais e várias casas noturnas e desde então começaram a compor seu próprio repertório. O CD ficou pronto em 2009 após três anos de ensaio, shows, e muito trabalho.
O grupo é formado por Dan, voz;Felix, guitarra e voz; Sina, baixo; Cabeça, guitarra e Chitão, bateria. Para mais informações sobre o Insuma, basta acessar o site www.myspace/bandainsuma. O contato para shows é pelo telefone 8643-8090 ou 8066-5304 , com Danilo ou Bruno.
Karen, uma história
Só no verão você voltou
Tantos nomes que nem decorou
Um belo passado não iria encontrar
O passado existe? Você se pergunta.
Você resolveu voltar para o lar
Um novo futuro brilhando em seu rosto
Você sabe. Vai ser difícil reconciliar
Saindo da morte, saindo da vida
Você bateu na porta
Ninguém a abriu e começou a chorar
E queria agora e para sempre estar morta
As lágrimas caíram, e ao céu indagou:
Por quê o céu é frio quando estou quente?
Palavras ao lixo em um segundo
A solidão ocupava sua mente
E sua alma se afastava deste mundo
Karen, Karen, repetia seu nome
Sorriu ao céu com ironia
Um homem a olhou e a desprezou
Continuou a sorrir e se desprezou
Sentou-se no chão
Começou a preparar mais uma dose
Misturadas com suas lágrimas fumou, bebeu...
E soluçando, esperou sua cura...
Tantos nomes que nem decorou
Um belo passado não iria encontrar
O passado existe? Você se pergunta.
Você resolveu voltar para o lar
Um novo futuro brilhando em seu rosto
Você sabe. Vai ser difícil reconciliar
Saindo da morte, saindo da vida
Você bateu na porta
Ninguém a abriu e começou a chorar
E queria agora e para sempre estar morta
As lágrimas caíram, e ao céu indagou:
Por quê o céu é frio quando estou quente?
Palavras ao lixo em um segundo
A solidão ocupava sua mente
E sua alma se afastava deste mundo
Karen, Karen, repetia seu nome
Sorriu ao céu com ironia
Um homem a olhou e a desprezou
Continuou a sorrir e se desprezou
Sentou-se no chão
Começou a preparar mais uma dose
Misturadas com suas lágrimas fumou, bebeu...
E soluçando, esperou sua cura...
Zensor 20 anos: uma festa só para quem conhece
por Sylvio Micelli
Na última sexta, 16 de abril, em São Paulo, aliás, em plena Rua Augusta no Inferno Club aconteceu a festa de 20 anos do programa de rádio “Zensor”. Hum… Rua Augusta e Inferno já eram o prenúncio de bons ventos…
Muitos hão de perguntar: festa de um programa de rádio???? ‘Ganha camiseta, ganha prêmio, ganha ingresso????’ Calma pessoal que eu explico.
Hoje, com tecnologia reinante de redes sociais e “cloud computing” tudo fica muito mais fácil. Alguns cliques e pronto. Você descobre um mundo novo a cada página que carrega no seu browser.
Tudo era muito diferente em 1990. Por sinal, outro dia. (Recuso a considerar-me velho…)
Pois bem. Entre 1990 e 1994, o DJ e jornalista Eneas Neto levou para a extinta rádio 97 FM (quando esta era no ABC e tocava rock de qualidade) uma proposta não apenas inovadora mas, principalmente, ousada. Criou o “Zensor”, um programa cujo maior trunfo era divulgar a Eletro Body Music (EBM), além de lançar tantas outras coisas, sempre no campo alternativo, digamos, in extremis.
Pois bem. Entre 1990 e 1994, o DJ e jornalista Eneas Neto levou para a extinta rádio 97 FM (quando esta era no ABC e tocava rock de qualidade) uma proposta não apenas inovadora mas, principalmente, ousada. Criou o “Zensor”, um programa cujo maior trunfo era divulgar a Eletro Body Music (EBM), além de lançar tantas outras coisas, sempre no campo alternativo, digamos, in extremis.
Eneas logrou êxito. O programa permaneceu cult e foi tão inovador à sua época que, se fosse resgatado hoje, 20 anos depois, deixaria muita gente de queixo caído.
“Zensor” era parada obrigatória para quem curtia e curte um som baseado em teclados e sintetizadores, cujas letras falam, em sua imensa maioria, de problemas existencias sempre recheadas por uma aura densa, pesada e raivosa. O horário do programa era maravilhoso. Sábado, início da noite. Hora de se preparar para a balada de nossa turma que frequentava Madame Satã, Retrô, Cais, Hoellisch e tantas outras casas que sobrevivem em nossas retinas e pensamentos.
No país que hoje é do “Rebolation”, que já foi do “Tchan” e que outrora era da lambada, ouvir coisas assim, inovadoras é privilégio de poucos. Quem esteve lá na sexta, sabe do que estou falando. Quem conhece e não foi, perdeu.
Front 242, Nitzer Ebb, Neon Judgement, Tribantura, Vomito Negro, Clock DVA e tantas outras bandas desconhecidas do mainstream grudento das rádios brasileiras provaram que permanecem inspiradoras para os próximos 50 anos. Quiçá, eternas!
Vida longa ao Eneas. Vida longa ao “Zensor”. Vida longa à EBM. E se não for pedir demais, vida longa a mim. Afinal, como já ensinou Front 242, “the way the morning broke was quite unusual.”
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