32 dentes e boca vazia


“Não acredito em ninguém; não acredito em ninguém com mais de 30; não acredito em ninguém com 32 dentes". É interessantes esta relação bucal, já relatada em uma música dos Titãs, com a nossa vida cotidiana. Principalmente quando vemos os escândalos na política, argh!

A boca é a parte do corpo mais importante, pois é por ela que nos alimentamos, mastigando os preciosos alimentos, através de nossos maravilhosos dentes, incisivos, pré-molares, caninos e os sisos (se adulto). Mas, a dança canibalesca dentro da boca é inabalável com as palavras, pois é por aí que saem os sons, as informações mais inteligentes ou torpes através da nossa língua.
Mas é absurdo como testemunhamos o péssimo uso da boca. Tanto para se comunicar ou para alimentação. Estudos mostram que a população brasileira está ficando cada vez mais obesa, por conta dos enlatados e dos fast food proliferados pelo país, ou ainda pessoas que não têm o que por na boca. E as conversas saudáveis que existiam nas praças, nos cafés, nos bares estão desaparecendo ou sendo trocados pelas fofocas, ou conversas que não levam a lugar nenhum, a não ser um assunto em moda: mensalão.
Ultimamente estamos vendo bocas vazias tanto de comida quanto de conteúdo. Ao ligarmos a televisão assistimos programas vazios. Até o programa do Jô, que às vezes, aparecia entrevistados e entrevistas maravilhosas, hoje é horrível, sem conteúdo, perguntas imbecís e entrevistados "chapa branca". Nos telejornais ouvimos depoimentos de pessoas envolvidas em casos de corrupções, escândalos e continuamos a testemunhar as bocas vazias.
Como diz o poeta Manoel de Barros, que brinca com as preposições, "ninguém leva isso de sério", pois na verdade as bocas nada mais são que instrumentos individuais de comer.

Uma poesia antiga...: hum hum...

Nunca consegui, eu tentava escrever poesia, e encontrei um rascunho antigo...
Hum hum...
Eu aceitei o seu convite
E uma língua encontrei
Te assisti saindo da prisão
Então você quis se prender novamente

hum hum...

Há muito tempo não te ligo
E você nem liga
Para o tempo seu
Sem relógio espero o meu...

Hum hum...

Há tanto tempo eu me espero
Mas já te encontrei há tempos
Sem me notar
Estranho
Sérgio (10/10/96)

Amor inocente...

Coisas de adolescente. Hoje. Vasculhando livros, cadernos antigos e antigas anotações, encontro um bilhetinho meio amarelado... Aquelas coisas de adolescente quando estava na 8ª série... Um amor inocente.

Virada Cultural: pra que serve mesmo?


A Virada Cultural de São Paulo já é um patrimônio. Transformou-se em uma das datas oficiais de São Paulo onde a cultura é convidada a mostrar-se para a população durante 24h uma vez por ano. E só. Fui aos dois primeiros eventos e depois nunca mais, pela má qualidade do evento, desorganização, falta de banheiros públicos, entre outros problemas que sempre vão existir.

Basta pegar alguns números. De acordo com o último dado do censo, a região central de São Paulo, tem aproximadamente 1 milhão de pessoas e de acordo com os números da polícia militar, o público presente à VIII Virada Cultural foi de 4 milhões de pessoas. Cerca 5 milhões de pessoas estavam naquela região sem uma infraestrutura adequada. Mas isso ainda não é a questão principal.

O objetivo da Virada Cultural seria um encontro de artistas para celebrar junto com a população a cultura e as artes em geral, todo o trabalho que foi realizado durante o ano. Uma celebração divida com todos, valorizando os artistas e o público, devido ao trabalho realizado na base, nas comunidades, nas escolas, nas praças públicas espalhadas pelos bairros em todos os finais de semana. Mas, sabemos que isto não acontece.

A prioridade da administração municipal não é a cultura, pois se a fosse, não haveria 4 milhões de pessoas famintas por cultura. A arte, assim como a cultura não tem essa visibilidade nos 364 dias restantes. Com isso, a prefeitura continua dando mostras que prefere organizar um evento “pontual” ao invés de garantir que iniciativas culturais espalhadas pelos bairros e periferias tenham espaço o ano inteiro.

A todo instante observamos cortes de verbas, ou até mesmo, repressão aos artistas de rua e testemunhamos, descasos com a produção cultural e a desvalorização de artistas, com a falta de incentivos e poucos espaços públicos de apresentações.

E, todos sabem que cultura é importante para o desenvolvimento do ser humano, pois é através dela que nós nos identificamos como sociedade e como seres capazes de criar e recriar nossos próprios valores. E não é em uma simples “Virada Cultural” que isso vai acontecer. O mesmo acontece com a tal “Virada Esportiva”, porém, com problemas até mais graves, que merecem outro texto para fazer tal descrição.

E tentaram até alimentar o povo com uma “galinhada” de um grande chefe de cozinha, servindo apenas 600 pratos em um universo de 4 milhões.

A Virada Cultural deveria ser constante, não precisa ter “quantidade”, basta “qualidade”; não precisa levar milhões em um único dia, mas sim, centenas em cada dia, descentralizada pela cidade, levando artistas as praças, workshops em escolas, incentivando a arte em todos os sentidos. O público tem fome sim, mas não de “galinhadas”, mas sim da verdadeira arte.

“Sub-Pop-Ópera dos Mendigos” encanta São Paulo



O espetáculo musical “Sub-Pop-Ópera dos Mendigos” em cartaz no Terraço Itália desde o dia 3 de maio encanta os paulistanos pela versatilidade e das interpretações de seus atores. Depois de passar pelo ABC, a trupe O Maravilhoso Escritório Teatral, adaptaram a obra “A Ópera dos Mendigos” de John Gay e guarda um parentesco com a “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque. A montagem é dirigida por Celso Correia Lopes e Reinaldo Sanches.

Dividido em três atos, o espetáculo tem início com a cerimônia de casamento de Mac Navalha (Victor Merseguel), antiherói e conquistador barato, e Polly (Luciana Castellano), a inocente filha de Peachum Peachum (Celso Correia Lopes), o dono de um disputado bordel. Nessa festa, prostitutas, ladrões e outros personagens do submundo reúnem-se para refletir sobre seu valor. Já no segundo ato, o público é convidado a conhecer um cabaré onde impera a anarquia; na última parte do espetáculo, os personagens, justos e injustos são confrontados com seu destino.

O músical reúne os mais diversos estilos: da música de cabaré, passando pelo brega de Gretchen e Sidney Magal até o metal sombrio de Marilyn Manson. Todas as canções são executadas ao vivo por uma banda formada por Fabio Mosca (percussão), Leonardo Pellegrin (Bateria), Reinaldo Sanches (piano/teclado) e Vinícius Nascimento (violão / guitarra).
Com 25 pessoas em cena e com uma hora e meia de duração, “Sub-Pop-Ópera dos Mendigos” tem apresentações todas as quintas-feiras, às 21h. Os ingressos custam R$40 e meia entrada R$ 20, sendo que os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do estabelecimento.

SERVIÇO
“Sub-Pop-Ópera dos Mendigos”, com O Maravilhoso Escritório Teatral de Celso Correia Lopes Livre adaptação de “Ópera dos Mendigos”, de John Gay
Direção Musical: Reinaldo Sanches
Direção Geral: Celso Correia Lopes e Reinaldo Sanches
Duração: 90 min.
Classificação indicativa: 16 anos
TEATRO ITÁLIA
Av. São Luís, 344
Centro – Metrô República
R$ 40,00 / Meia R$20

... meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos!


"...minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louco do tipo desvairado; briguento de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos!"
 Clarice Lispector

Olhares curvos

Barulho faz parte do dia a dia
Sirenes, carros, pessoas na correria
Sinais vermelhos param o coração
Músicas no rádio falam sobre solidão

Farol verde indica caminho aberto
Sem ter onde ir segue a fila do tráfego
Pessoas com balas as colocam no retrovisor
Malabaristas mostram suas habilidades por migalhas
Crianças limpam os para-brisas evitando o tráfico

No retrovisor, meus olhos
Nas curvas meus olhares
Olhares curvos...