O carro quebra e a cabeça dói. Lembrou da última noite que não foi boa. O que fazer às 2h da manhã em um lugar deserto? Ligou o rádio e percebeu que seu amigo tinha esquecido um maço de cigarros no banco de trás. Lembrou que não fumava há dois anos, mas seria a única coisa para aquecer o ar do carro, estava frio. A cabeça doia ainda mais e sem nenhum medicamento. O jeito era tentar ascender o cigarro. De repente o telefone toca, pela ansciedade apertou o botão errado e a ligação cai. O número era estranho, não conhecia. Tocou novamente, ao olhar era o mesmo número. Não sabia quem era. Alô! Quem é! Oi tudo bem! Vc esqueceu sua carteira em casa! Não tenho como voltar aí Jéssica, o carro quebrou na estrada. Você pode pedir ajuda por mim? Não tem orelhão por aqui, não tenho créditos, a gasolina está acabando. Jéssica... Jessica... Jéssica cadê você? A linha caiu. Um trago... Tosse... Dois tragos... Duas tosses... A bituca apagou. O cheiro de cigarro misturava com o frio dentro do carro. Ninguém passava pela via. Abriu a porta foi até uma árvore, abaixou o zíper e urinou... A cabeça doía. Luzes bem distante... Luzes se aproximam, cada vez mais e poderia ser uma ajuda. O carro para, desliga o motor e desce um sujeito gordo, e os botões da farda teimavam em não rasgar a camisa. Mãos na cabeça! Documento do Carro! Esqueci! O quê! Esqueci! Cadê o negócio? Não tenho! O quê? Não tenho nada não! O que é isto aqui? Mostrou uns plastiquihos usados. Lembrou que a Jéssica tinha feito no carro um dia antes! É traficante né? Cadê a arma? Não tenho! Cadê a arma rapaz? Não tenho não! Então ajoelha, vamos lá ajoelha, se não tem documento, não tem nome! Meu nome é Carlos! Sei... Apontou a arma e disparou. Um tiro seco na madrugada sem testemunhas. Carlos é empurrado e cai de rosto no chão! Na próxima vez eu atiro pra valer, esta foi só para te assustar. Ligou para alguém? Não tenho crédito... Sem crédito também? Nesse momento o carro de Jéssica para ao lado. O policial se despede: vai embora! A Jéssica diz: Entra aqui. Carlos obedeceu... E foram. A cabeça agora doía ainda mais.
O debate
Ontem assisti ao debate para o Governo do estado de São Paulo e isso me deu um tremendo sono! Mas fui resistente... Permaneci no sofá e nos intervalos ia até o computador e lia alguns e-mails; depois ia até a cozinha tentar beliscar algo; depois atendia o telefone e na seqüência sentava no sofá novamente.
O tédio me tomava conta, tentava mudar de canal mas resistia, então levanto e vou a cozinha novamente, volto com um copo de vinho... Tava bom! Era simples, um Santa Helena, um vinho chileno... Nossa, vinho com debate! Levanto e vou até a varanda... Visualizo a neblina... Um certo prazer e um ar gelado! Volto. Abro a geladeira e olho... Apenas por olhar, não pego nada! Mas fico olhando e a fecho. Volto para sala... Alckmin diz: “ A educação está com altos índices de aprovação... Dois professores na sala de aula...” me deu sono, termino a segunda taça... Desligo a TV. Ponho a taça na pia e apago a luz. Acabou o dia.
Ah! As mulheres cantoras...
Elas estão aí! Nos dials das rádios as vozes femininas dominam a programação nacional devido ao enorme número de revelações e, recentemente descobri a Tita Lima. Seu álbum “11:11” possui faixas interessantes. Algumas baladas meio que psicodélicas e com uma certa “malemolência”, pois não tem como compará-la com a cantora Céu. Algumas faixas ela passeio junto a mpb-bossa, outras funde o jazz com a música eletrônica e seu trabalho fica com uma característica bem pessoal da cantora. Ouvi o CD que baixei da internet duas vezes... Acho que vale a pena comprar.
coisas e os objetos
Eleições, futebol, faculdade, pós-graduação, monografia, cds, músicas, livros, canetas, revistas, bloquinhos de anotações, jornais, papéis, ipod, celular, baterias, máquina fotográfica, chave do carro, chave da porta, chave do portão, óculos, lentes de contato, revista Rolling Stones, controle remoto, fone de ouvido, televisão, livros de inglês, livros de gramáticas e rádio, computador, música, guitarra, brinquedos, bola, futebol, luvas... E as palavras...
As reticências... E a vírgula
Reticências...
Muitos adoram as virgulas, eu sou louco pela reticência... Ela diz tudo sem dizer nada... Às vezes ela fica querendo falar algo, mas fica ali ... Calada. Outras horas ela fala tudo, mas tudo mesmo como “Ah vai tomar...! A virgula é cheia de sentidos, é um tira e põe danado, já ela... A reticência não, já é o sentido de tudo.
Alguns dicionários ainda tentam definir a reticência como um substantivo feminino, como uma supressão ou omissão voluntária de uma coisa que poderia ou deveria ter sido “dita”. Definem ainda como uma atitude de quem hesita em dizer expressamente o seu pensamento, em dar um parecer... Ah! A reticência... Ela é o silêncio que falta em um texto... É o pensamento... É a ação... É o sentimento... Muito mais que a virgula!
Acho que a reticência não deve ser definida... É para ser sentida...
Fui, não fui...
O feriado acabou. Não fui ao cinema; não fui ao teatro; não fui ao futebol; não fui ao shopping; não fui à praça; não fui à praia; não fui ao aquário do Ipiranga; não fui ao Museu da Língua Portuguesa; não fui ao Museu do futebol; não fui visitar amigos; não fui; não fui...
Fui limpar o quarto; fui limpar coisas; fui limpar roupas; fui entregar coisas; fui comprar coisas; fui devolver coisas; fui levar coisas... Apenas fui...
Fui limpar o quarto; fui limpar coisas; fui limpar roupas; fui entregar coisas; fui comprar coisas; fui devolver coisas; fui levar coisas... Apenas fui...
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