Tarja Turunen - Nothing Else Matters na igreja da Finlândia
Não há detalhes deste vídeo, mas provavelmente seja um casamento da família real.
Antiguidades
Achei este poema tão rico e cheio de detalhes que enriquece o nosso imaginário.
(De Cora Coralina)
Quando eu era menina
bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.
bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.
Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)
Eu era menina em crescimento.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.
A gente mandona lá de casa
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção. Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção. Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.
Era só olhos e boca e desejo
daquele bolo inteiro.
Minha irmão mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada…
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais !
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.
daquele bolo inteiro.
Minha irmão mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada…
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais !
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.
Era aquilo, uma coisa de respeito.
Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.
Detestadas da meninada.
Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.
Detestadas da meninada.
Criança, no meu tempo de criança,
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa
usava e abusava
de pretensos direitos
de educação.
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa
usava e abusava
de pretensos direitos
de educação.
Por dá-cá-aquela-palha,
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam.
Quando não,
sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas,
amarrando abrolhos.
“Tomando propósito”.
Expressão muito corrente e pedagógica. Aquela gente antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam.
Quando não,
sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas,
amarrando abrolhos.
“Tomando propósito”.
Expressão muito corrente e pedagógica. Aquela gente antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.
Não poupava as crianças.
Mas, as visitas…
- Valha-me Deus !…
As visitas…
Como eram queridas,
recebidas, estimadas,
conceituadas, agradadas!
Mas, as visitas…
- Valha-me Deus !…
As visitas…
Como eram queridas,
recebidas, estimadas,
conceituadas, agradadas!
Era gente superenjoada.
Solene, empertigada.
De velhas conversar
que davam sono.
Antiguidades…
Solene, empertigada.
De velhas conversar
que davam sono.
Antiguidades…
Até os nomes, que não se percam:
D. Aninha com Seu Quinquim.
D. Milécia, sempre às voltas
com receitas de bolo, assuntos
de licores e pudins.
D. Benedita com sua filha Lili.
D. Benedita – alta, magrinha.
Lili – baixota, gordinha.
Puxava de uma perna e fazia crochê.
E, diziam dela línguas viperinas:
“- Lili é a bengala de D. Benedita”.
Mestre Quina, D. Luisalves,
Saninha de Bili, Sá Mônica.
Gente do Cônego Padre Pio.
D. Aninha com Seu Quinquim.
D. Milécia, sempre às voltas
com receitas de bolo, assuntos
de licores e pudins.
D. Benedita com sua filha Lili.
D. Benedita – alta, magrinha.
Lili – baixota, gordinha.
Puxava de uma perna e fazia crochê.
E, diziam dela línguas viperinas:
“- Lili é a bengala de D. Benedita”.
Mestre Quina, D. Luisalves,
Saninha de Bili, Sá Mônica.
Gente do Cônego Padre Pio.
D. Joaquina Amâncio…
Dessa então me lembro bem.
Era amiga do peito de minha bisavó.
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado silêncio.
E só se ia quando o galo cantava.
Dessa então me lembro bem.
Era amiga do peito de minha bisavó.
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado silêncio.
E só se ia quando o galo cantava.
O pessoal da casa,
como era de bom-tom,
se revezava fazendo sala.
Rendidos de sono, davam o fora.
No fim, só ficava mesmo, firme,
minha bisavó.
como era de bom-tom,
se revezava fazendo sala.
Rendidos de sono, davam o fora.
No fim, só ficava mesmo, firme,
minha bisavó.
D. Joaquina era uma velha
grossa, rombuda, aparatosa.
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.
grossa, rombuda, aparatosa.
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.
Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas.
Pitava na palha.
Cheirava rapé.
E era de Paracatu.
O sobrinho que a acompanhava,
enquanto a tia conversava
contando “causos” infindáveis,
dormia estirado
no banco da varanda.
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.
Bichas nas orelhas.
Pitava na palha.
Cheirava rapé.
E era de Paracatu.
O sobrinho que a acompanhava,
enquanto a tia conversava
contando “causos” infindáveis,
dormia estirado
no banco da varanda.
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.
De manhã cedo
quando acordava,
estremunhada,
com a boca amarga,
- ai de mim -
via com tristeza,
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro.
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé.
quando acordava,
estremunhada,
com a boca amarga,
- ai de mim -
via com tristeza,
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro.
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé.
Manifestações sem respeito não há mudança
Vivemos em
tempos de crise, mesmo com as condições de um Brasil bem melhor, em relação há
tempos passados. Índice de desemprego caiu, o número da classe média aumentou,
assim como o número de novos milionários.
O trânsito caótico revela que as concessionárias estão aumentando a cada dia, as
vendas dos automóveis. O número gigantesco de novas faculdades revelam também
que o acesso à educação superior está mais fácil, mesmo com uma qualidade
duvidosa.
A situação
melhorou. Hoje existe o vários programas govenamentais, onde os estudantes podem ter acesso à educação
superior de forma gratuita, o FIES está mais acessível, bem diferente de anos
passados. O número de cotas nas universidades públicas trazem ainda, a
oportunidade, de ingressar em uma universidade de ponta, mesmo, que esta
política, ainda que cause discussões, de quem é favorável ou não à esta
política.
Sabemos que
o país mudou para melhor. Porém, ainda vemos escolas em ruínas espalhadas pelo país,
hospitais sem leitos, sem médicos, condução precária, corrupções, etc. Isto justifica as
manifestações.
Mas, ainda
não ouvi ninguém falar da principal mudança para que todas estas outras
aconteçam: o respeito. Sim, o respeito em todos os sentidos, que envolve a
educação e o direito do próximo.
A corrupção
está ligada diretamente a tirar vantagens do “outro” em benefício de si
próprio. E isto tem relação direta com respeito, desde as pequenas coisas do
nosso dia a dia, como respeitar o farol vermelho, respeitar as vagas dos idosos
e portadores de necessidades especiais nos estacionamentos, não jogar lixo nas
ruas, não andar com o som do carro ligado no talo, com aqueles amplificadores
potentes e por aí vai.
O respeito
ao próximo é uma questão essencial para que possamos cobrar isto do “outro”.
Não há mudança política se não houver uma mudança em nosso comportamento. Todos sabem, mas por mais que seja “clichê”,
é preciso falar: “amai o próximo como a ti mesmo”. É por aí, desta forma
acontece este respeito.
É necessário
ir às ruas. Sim. Mas a mudança principal acontece dentro de nós mesmos, e isto
reflete até na hora em vamos às compras, aí podemos agir como consumidores
conscientes, e ter condições de fazer uma mudança social em todos os sentidos.
A música toca a alma...
Sempre desejei tocar um instrumento, ter uma banda, poder tocar aquela música que gostamos. Passaram-se anos e anos e, enfim tomei coragem e comecei a estudar violão e guitarra. Depois de seis meses, consegui tirar as duas primeiras músicas... "Você" (versão Paralamas do Sucesso) e "Lotta Love" e Harvest Moon do Neil Young. Emoção sem igual quando batemos os últimos acordes de cada música.
Grata visita de amiga...
Na última segunda-feira, dia 3 de junho, uma velha amiga ancorou em casa em uma grata visita. Desde que terminamos a faculdade de Letras na FAD em 2007, nunca mais tinha visto a Denise Tamiko. Thank's Denise pela visita.
Seja bem vindo João Vitor
Há tempos não atualizo o Armário Mecânico, e em poucas linhas é dificil descrever os últimos acontecimentos. No último dia 20 de março, nasceu João Vitor, my baby. Hoje com 2 meses e 16 dias.
Contra Feliciano ou a favor da PLC 122?
Quando o deputado Marcos
Feliciano (PSC) foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos no mês
passado, criou-se um “celeuma” em torno deste nome. O deputado foi e ainda está
sendo acusado de racismo e de homofóbico por se posicionar “contra” o homossexualismo.
Esta mesma comissão foi recusada pelo PT e dos demais partidos de sustentação
do governo e, agora, devido às manifestações, esta “Mesa” torna-se uma das mais
importantes do momento.
Estas manifestações não
acontecem pelo nome de Feliciano, há algo mais importante em jogo, que é a PLC
122, que está parada nesta comissão desde 2006. Trata-se do projeto que
criminaliza a “homofobia” e a iguala ao racismo. E quem preside a Mesa desta
Comissão tem o poder de arquivar ou não, e ele, Feliciano pode deixar parada
esta PLC. Por isso, é alvo de manifestações dos ativistas, mas não pelo seu
posicionamento em si.
Para Feliciano, o homossexualismo
é “opção sexual”, ou seja, comportamental, e diz claramente ser contra, e, isto
em rede de televisão. Segundo ele, caso esta lei seja aprovada e se iguale ao
racismo, pronunciar-se contra a homossexualidade, seria crime, como já acontece
em casos de crime racial. “É antidemocrático. Cada um deve expressar seus
pensamentos, é democracia”, diz ele em uma de suas “pregações”. Por ter este
posicionamento, é acusado de homofóbico.
Em relação aos negros, a
teoria do deputado evangélico, é que os ancestrais que povoaram a Etiópia, na
África, são descendentes de um neto amaldiçoado de Noé chamado Canaã e esse
seria o motivo das doenças e da miséria naquele continente, que originou a raça
negra. Ao ser recriminado por internautas, Feliciano justificou: “Africanos
descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é
a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters”.Isso foi o cúmulo e prova o
desconhecimento bíblico do deputado. Depois nas redes sociais afirmou que “A
podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à
rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas”,
disparou.
Feliciano colocou-se no
paredão por estas duas situações e acabou sendo contestado também por parte dos
evangélicos.
Protestos
e homofobia - Nos últimos dias, Feliciano ganhou força.
Isto por conta do “ativismo gay”. Após afirmar que não renunciaria, o deputado
foi ameaçado, assim como sua família. A briga engrossou ainda mais quando um
vídeo de um ativista do Movimento LGBT, Marcio Retamero, que se intitula
pastor, chama de “desgraçados” e de “fundamentalistas religiosos” os políticos
que defendem a família e a fé cristã, no vídeo ele fala que pegaria em armas
para defender sua causa. Esta apologia à violência e desrespeito às liberdades
de expressão e religiosa ocorreram durante um seminário LGBT, no Congresso
Nacional, em Brasília, evento comandado pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), ou
seja, poderíamos até chamar este caso de homofobia destes ativistas.
Nunca, antes na história, o
povo foi às ruas para defender uma comissão. Aliás, ninguém frequenta as
reuniões das comissões nas Assembleias Legislativas do país. Na quarta-feira
ele mandou prender um manifestante que atrapalhou o andamento da reunião e
ainda o chamou de nazista entre outros palavrões, e foi, capa de vários jornais
do país por tal atitude, que, em outras palavras é bem pior que a PLC 122. O posicionamento de
Feliciano nesta comissão é claro, impedir que a PLC 122 seja votada, e tem
apoio de todos os cristãos (evangélicos e parte da igreja católica). Mesmo sem
se manifestar sobre o caso, a igreja católica acompanha o debate de longe,
mesmo porque, segundo a matéria publicada na Folha de São Paulo desta
quarta-feira, afirma que a maioria dos católicos brasileiros é “liberal”, por conta
disto, silêncio absoluto.
Particularmente, sou contra
a PLC 122 – Feliciano não me representa, mas neste caso, vou ter que repensar
meu posicionamento, como muitas pessoas.
Sérgio Pires
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