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Não!!

Não, isto não é apenas uma negativa, é a afirmação de uma discórdia,

Não! Não acredito na punidade dos impunes, pois a justiça é conivente,

Não! Não acredito na tolerância, pois a intolerância não tem misericórdia dos justos,

Não! Não acredito nas mídias sociais, pois a propaganda de fake news são as novas notícias de produtos sociais,

Não! Não aceito as esmolas dadas pelo governo, pois o apelo é por empatia social, mas sem a comoção social não verbalizada,

Sim! Acredito na mudança de sair da situação de vencido e ainda dar esperança ao perdido que há uma virada por vir. 

Viagem ao tempo

Tenho saudades do passado que estava no presente
Pois o tempo do futuro guardo a lembrança de poder sonhá-lo
Até duvidei e questionei, afinal de contas, como sincronizar o tempo?
Pode ser o relógio mental de lembranças adormecidas contrapondo o presente…

A minha fome é da palavra



A minha fome é da palavra
A minha sede é de justiça
Os alimentos não estão temperados
E os julgamentos tendem a injustiça

Por quê todos se revoltam com os fatos?
Mas se conformam com a rotina da vida
Como uma roda gigante a girar perdida
Sem destino, nem chegada e nem hora de partida

Não era para ser assim
Se eu não concordo contigo
Não precisa agredir a mim
A repressão em que vivemos traz um ódio maligno

Como bulling compartilhados em forma de piada
Como selfies com sorrisos sem graças
Os likes são fakes assim como a vida afiada
Por falsas moralidades copiadas de imagens irreais

As palavras ficam sem sabor, sem rimas
Compartilhando mentiras em prol da verdade
Minha fome é da palavra
Nossa sede é de justiça

Mas os alimentos são trash food
Sem tempero, sem escolha e sem opção
A palavra mais saborosa é o respeito
O amor representado nas boas ações.

Pelas Ruas

Estava ouvindo The Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandido;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdida a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Sempre correndo para repor o prejuízo;
Sem tempo espera um milagre;
E acredita que é assim que acontece;
Esperando pela vida e seu juízo;

Pelas ruas

Estava ouvindo Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandidos;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdidas a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Não quero nada, mas te quero sim…

Não… Não quero nada. 
Quero a mim, a vitrine, lanchonete, iPod, revista, jornal, rádio, sorvete, cerveja, café, esfiha, o gol que não sai, o telefone que não toca, a caneta que escreve, máquina fotográfica, o GPS e o meu tempo.
 Não… Não quero nada. 
Quero você, o presente, o perfume, o diário, telefone, o cartão, a visita, o vinho seco, livro, um tênis, a camisa, barbeador, um olhar, sorriso e saliva.
Quero tudo. Andar, ler, fazer nada… Tá entendendo?
Mas te quero sim...

O Alimento



Perdidas entre a mesa
Estão as cadeiras
Perdidas nas cadeiras
Estão as pessoas

Elas sentam nas cadeiras
E ficam paradas
Mas as pessoas se movimentam na mesa
Que também fica parada

Os pratos ficam em cima da mesa
Mas não ficam parados
Debaixo das cadeiras estão os pés
Que também não ficam parados

Mexendo ficam as bocas
Parados estão os dentes dentro dela
Na verdade todos estão parados
No canibalismo em volta da mesa
Menos o alimento


A paz de Marcelino Freire por Naruna Costa

Ler Marcelino Freire já obrigação. O escritor que (re)inventa a escrita e subverte a literatura em novos significados. Naruna Costa faz uma interpretação de emocionar.

Olhos e pés

Sombras te acompanham na escuridão. Sozinho calcula o próximo passo. Alguém grita pelo seu nome em vão. Mente pesada, nervos de aço. Imagina então aquela música. A mensagem poderia lhe revigorar. Seus olhos então começam a ficarem abertos. Mesmo assim, seus passos eram incertos. Olhos abertos na escuridão, uma falsa sensação de segurança. Mas a música ditava o ritmo de seus passos. Caminho certo, caminho suave. Os pés seguiam os olhos... Seus olhos então começavam a ver. Seu caminho, seu ritmo, sua luz. Foi assim... Os olhos e os pés.

Uma poesia antiga...: hum hum...

Nunca consegui, eu tentava escrever poesia, e encontrei um rascunho antigo...
Hum hum...
Eu aceitei o seu convite
E uma língua encontrei
Te assisti saindo da prisão
Então você quis se prender novamente

hum hum...

Há muito tempo não te ligo
E você nem liga
Para o tempo seu
Sem relógio espero o meu...

Hum hum...

Há tanto tempo eu me espero
Mas já te encontrei há tempos
Sem me notar
Estranho
Sérgio (10/10/96)

Olhares curvos

Barulho faz parte do dia a dia
Sirenes, carros, pessoas na correria
Sinais vermelhos param o coração
Músicas no rádio falam sobre solidão

Farol verde indica caminho aberto
Sem ter onde ir segue a fila do tráfego
Pessoas com balas as colocam no retrovisor
Malabaristas mostram suas habilidades por migalhas
Crianças limpam os para-brisas evitando o tráfico

No retrovisor, meus olhos
Nas curvas meus olhares
Olhares curvos...

Os óculos

O vidro enxerga à frente

O horizonte com pedras concretas

À vista estão as pessoas

Os objetos estão à frente

No horizonte estão as pessoas

E o vidro está concreto

À vista estão os óculos

O horizonte está à frente

Os objetos estão concretos

As pessoas estão no vidro

À vista estão as pessoas

O concreto está à frente

Os objetos estão na parede

As pessoas estão no horizonte

À vista estão os óculos

coisas e os objetos

Eleições, futebol, faculdade, pós-graduação, monografia, cds, músicas, livros, canetas, revistas, bloquinhos de anotações, jornais, papéis, ipod, celular, baterias, máquina fotográfica, chave do carro, chave da porta, chave do portão, óculos, lentes de contato, revista Rolling Stones, controle remoto, fone de ouvido, televisão, livros de inglês, livros de gramáticas e rádio, computador, música, guitarra, brinquedos, bola, futebol, luvas... E as palavras...

Fui, não fui...

O feriado acabou. Não fui ao cinema; não fui ao teatro; não fui ao futebol; não fui ao shopping; não fui à praça; não fui à praia; não fui ao aquário do Ipiranga; não fui ao Museu da Língua Portuguesa; não fui ao Museu do futebol; não fui visitar amigos; não fui; não fui...


Fui limpar o quarto; fui limpar coisas; fui limpar roupas; fui entregar coisas; fui comprar coisas; fui devolver coisas; fui levar coisas... Apenas fui...

Eu não gosto do bom gosto


Poesia, música, mixagem, remixagem, colagem, talvez seja tudo isso. Na verdade o “bom gosto” é algo bem pessoal e particular. O que é bom para uns, pode não ser para outros, porém o “bom gosto” alcança o consciente coletivo imposto pela sociedade, como andar, como vestir, etc. Ás vezes isso é tedioso, por isso, às vezes eu não gosto do bom gosto.

By Sérgio e me, myself and I

O rádio

Acordei, liguei o rádio, tomei café, fui ao banheiro, tomei banho, fiz a barba, escovei os dentes, me troquei, peguei as chaves e desliguei o rádio. Abro o portão, abro a porta, liguei o rádio, dou marcha ré, fecho o portão, dirijo, para nos faróis, estaciono o carro e desligo o rádio. Cumprimento as pessoas, entro na sala, ligo o rádio, digito documentos, imprimo papéis, leio jornais, e desligo o rádio. Saio da sala, entro no carro, ligo o rádio, dirijo, estaciono na rua e desligo o rádio. Entro em um local, cumprimento as pessoas, e o rádio ligado, não escuto as vozes das pessoas, não escuto o rádio, ando pela calçada e entro no carro e ligo o rádio. Dirijo novamente e estaciono na garagem, chego em casa e me desligo.

Karen, uma história

Só no verão você voltou
Tantos nomes que nem decorou
Um belo passado não iria encontrar
O passado existe? Você se pergunta.

Você resolveu voltar para o lar
Um novo futuro brilhando em seu rosto
Você sabe. Vai ser difícil reconciliar
Saindo da morte, saindo da vida

Você bateu na porta
Ninguém a abriu e começou a chorar
E queria agora e para sempre estar morta
As lágrimas caíram, e ao céu indagou:

Por quê o céu é frio quando estou quente?

Palavras ao lixo em um segundo
A solidão ocupava sua mente
E sua alma se afastava deste mundo
Karen, Karen, repetia seu nome

Sorriu ao céu com ironia
Um homem a olhou e a desprezou
Continuou a sorrir e se desprezou
Sentou-se no chão
Começou a preparar mais uma dose
Misturadas com suas lágrimas fumou, bebeu...
E soluçando, esperou sua cura...

A barata

Tudo aconteceu naquela noite. Os desejos estavam no esgoto. Foi quando uma música invadiu o ouvido. Era um blues. O pé da mesa não dava equilíbrio ao copo que teimava em derrubar a vodka. E já era a quarta dose. As pessoas a olhavam meio que... Cismadas com algo e podiam questionar: “Como uma mulher tem coragem de ficar sozinha neste lugar”. Não ligava. Assédio era constante. “Posso sentar com você?” “Não!”. Respostas secas sem pensar, magoar ou não, tanto faz. Se distraia olhando os quatro cantos da parede. Arquitetura rústica, vidros, quadros, garrafas, aquários com cobras mortas. Gostava do barulho... Risadas, cochichos, gargalhadas, conversas sobre amantes, conversas sobre amores, conversas sobre futebol, conversas sobre política, discussões e falações. Em um momento seu olhar se prende a uma barata que estava no corredor esquerdo, próximo do banheiro. No meio da multidão, ela conseguiu passar sem ser notada. Nem um pisão. Neste momento sua mente volta para a realidade. Lembrou de quanto estava apaixonada e como aquela morte foi tão estúpida. A barata começou a andar em sua direção, e começou a sorrir sem saber o motivo. No mesmo instante o sorriso desapareceu. Chorou. Ao secar uma gota. Respirou. Ao abrir os olhos a barata estava em cima da mesa. Bebeu o que faltava. Lembrou da cena do assassinato. A barata continuava parada em cima da mesa. Já estava sozinha. Chorou novamente. Levantou da mesa derrubando o inseto sem querer. Neste momento um pé a esmaga. Enxugou uma gota de lágrima discretamente com sua unha e saiu do local discretamente como uma barata.