A maravilhosa Língua Portuguesa é extremamente rica, capaz de
dar significados maravilhosos onde aparentemente não tinha; é capaz ainda de
transformar um “simples” substantivo em adjetivo ou até mesmo em verbo. Um bom
exemplo é a cor “amarela”, podemos afirmar em alguma ocasião que o “sujeito
ficou amarelo com tal situação”, ou transformar esta cor em um verbo: “Aquele
sujeito amarelou”. Pois é, mas outra maravilha da Língua Portuguesa são os
sufixos. Sim, aqueles que vão lá no final da palavra, mas especificamente o “ista”.
Sim. Este “ista” vem sendo utilizado ultimamente com um
contexto bem político. Sabemos que os sufixos são formadores de adjetivos e
substantivos e que exprimem a noção de adepto (ex.: liberalista), ocupação ou
ofício (ex.: acordeonista, jornalista), especialista ou estudioso (ex.:
ginecologista, queirosianista), proveniência ou relação (ex.: sulista), e por
aí vai...
Mas, uma palavra aparentemente nova dentro de textos
políticos é o termo “esquerdista”. Uma palavra com a grafia correta em sua essência,
porém com um enorme peso ideológico. Na imprensa, dificilmente lemos textos com
o termo “direitista”, por outro lado “esquerdista” aparece, na maioria dos
casos com um tom pejorativo ou dito para categorizar pessoas ou ideias
diferentes da pessoa que o emite.
Por conta disto, analisei três definições do termo esquerdas
em dicionários conceituados. O primeiro foi o “Dicionário Online de Português”,
que define o “esquerdista” como um substantivo masculino e feminino que
significa Comunista ou socialista. Diz ainda que os esquerdistas defendem a
propriedade coletiva dos meios de produção e de serviços. Afirma também que “é
um adjetivo, e que são pessoas que militam ou defendem ideias de esquerda de partidos
esquerdistas”.
Tal definição para um dicionário conceituada é preciso tomar
cuidados com tais afirmações carregadas de ideologias. Será que um democrata
americano é um comunista? Trata-se de uma definição pobre e carregadas de
ideologias.
O segundo dicionário consultado foi o tradicional “Michaelis”,
com uma linguagem mais apurada, o Michaelis não utiliza o sufixo “ista”, e faz
a seguinte definição de Esquerdas: “são correntes políticas socialistas”; ao
invés de utilizar “esquerdista”, Michaelis utiliza o termo “de esquerda” e faz
define como “Seguidor ou entusiasta de qualquer partido de esquerda e de seus
ideais”.
O terceiro dicionário verificado foi o Houaiss, que por sua
vez, mergulha na história para definir “esquerda” no contexto político. De
acordo com o Houaiss a esquerda é um “conjunto de membros de uma” assembleia
parlamentar que lutam por ideias avançadas, em oposição aos conservadores
[Originariamente, à época da Revolução Francesa, a bancada representativa
dessas tendências ficava à esquerda do presidente; na câmara e no senado dos
E.U.A., os democratas (menos conservadores) sentam-se à esquerda, e os
republicanos (mais conservadores), à direita.]
Diz ainda que é um conjunto dos indivíduos de uma nação, ou
mesmo de uma comunidade supranacional, que acreditam na superioridade dos
regimes socialistas ou comunistas sobre outras formas de organização
econômico-políticas, especificamente o capitalismo, com sua fé no mercado como
regulador de tudo, atribuindo, portanto, ao Estado o dever de intervir na
economia, e que advogam o dever do Estado em prover o bem-estar dos cidadãos,
tendo ainda como uma de suas principais metas é acabar com as desigualdades
sociais inerentes ao regime capitalista.
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