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Cocteau Twins e o lirismo de Treasure

O grupo inglês Cocteau Twins foi um fenômeno na Inglaterra nos anos 80 e a cena alternativa mundial, o que veio a se chamar “indie” nos dias de hoje. Eles nunca foram do tipo de banda que enchia estádios ou preenchia os tempos livres da MTV e também nunca venderam milhões de álbuns. Em vez disso, era uma banda conceitual no sentido real da palavra, tinha um estilo próprio com uma identidade ímpar da vocalista Elisabeth Fraser, que, com suas nuances vocais, fazia calmamente uma mudança fundamental na percepção, exercendo uma influência do lírico, com as nuances de guitarras, às vezes distorcidas, que era uma novidade para a sua época.

O grupo esteve junto durante 15 anos e acabou em meados de 1998, mas deixou um legado ímpar para seus fãs ao redor do mundo. Tive a oportunidade de vê-los no Brasil nos anos 90 no Projeto SP, na turnê do álbum Heaven or Las Vegas (1990). Foram vários álbuns marcantes, mas gostaria de destacar um em especial, o Treasure (1984). Um clássico. Para os amantes da boa música, não importa, o estilo, este álbum agrada a todos. Não é um disco pop, é um álbum de música no real sentido da palavra. Os músicos sempre rejeitaram este álbum, alegando que foi gravado às pressas, mas a imprensa e os fãs foram ao delírio, e consideram o melhor trabalho da banda, pois é o mais vendido.


Deixo aqui o link para este álbum obrigatório na discografia de qualquer um.

O Rock nunca chegou na periferia, e quando foi, chegou por meio de “recado”


Em entrevista no início deste ano, o cantor-ator Seu Jorge deu uma declaração polêmica, dizendo que o rock não é um gênero para o negro, pois nunca foi à periferia. Ele foi na veia e direto, em um comentário para seu novo disco Músicas Para Churrasco Volume II. A mídia caiu em cima e sua afirmação foi criticada em todas as redes sociais. 

Esta semana me deparo com um excelente texto do jornalista André Forastieri “Porque os jovens brasileiros não gostam mais de rock (em uma frase bem longa), afirmando que o rock brasileiro foi e é oriundo da classe média brasileira, e novamente chamou atenção de muitos internautas por aí. O fato é: os dois estão absolutamente corretos.

Nos anos 70, 80 e mesmo nos anos 90, até os dias atuais, o rock nunca foi um gênero da periferia. Quando chegou foi por meio de alguns grupos específicos como os “punks” ou algumas “tribos” ou galera que curtiam “heavy metal”. É claro que há exceções, como eu, pessoas que moravam na periferia, mas tinham acesso à informação, por meio de revistas especializadas, etc.

Na periferia chegou o funk (o original), o samba, o rap, tinha em cada esquina e sempre aconteciam os bailes funk que eram organizados em alguma casa na periferia, assim como as rodas de samba, que acontecem até hoje nos botecos. Isso não quer dizer que na periferia não se ouvia-se rock, ouvia-se sim, mas muito restrito. Em um universo de um bairro de mais de 350 mil habitantes como o da Cidade Ademar, bairro em que moro, poucas pessoas gostam deste gênero. 

Hoje a música da vez é o funk ostentação, nada a ver com aquele do passado. Como o Forastieri disse “...porque teen precocemente senil, banguela e broxa, e fogem para onde está a ação, seja em movimentos como o Occupy, no rap mal-encarado e no funk boca-suja, correndo atrás do dindin ou simplesmente boquejando infinitamente nas redes sociais...”

Banda de rock, aliás o rock em si, nunca foi tão pop, nunca foi tão “água com açúcar” em suas letras ou em sua manifestação. Ao assistirmos as bandas que aparecem no circuito nacional ou as que se apresentam em programas de televisão, vemos apenas um apelo comercial e o discurso tão decorado que parecem até de jogadores de futebol.

Na periferia, nunca os vi fazer shows em praças, festivais, etc. As bandas querem mesmo é aparecerem para seu público perfeito, tipo Ed Motta nos Estados Unidos e seu público seleto, não pode ser qualquer um, por isto, tem que ser “indie”, e ouvir e frequentar todos os mesmos espaços que estas pessoas frequentam.


Enfim, o rock brasileiro envelheceu e está em crise, mas ainda temos talento; mas não temos espaço para tocar; temos a internet para divulgar; mas não temos interesse em ouvir; temos algumas escolas e professores antenados em aula de arte e música para incentivar festivais escolares; mas não temos alunos e diretores das mesmas interessados... Estes dias recebi um recado: “Vai ter um show de rock no centro na semana que vem”... Pois é, o rock quando chega à periferia vem por meio de recado. 

As guitarras indies – Onde estão?

Uma série de bandas nos anos 90 conquistaram o posto de “cult” pela cultura “indie”, contestada até hoje como estilo musical. É claro, que, como “independente” elas não tinham nada, sendo a maioria bancada por grandes gravadoras, mas o nome pegou após o sucesso dos Smiths lá no início dos anos 80 e chegou ao ápice com Oasis. Entre Smiths e Oasis existe um leque de centenas de bandas que fizeram sucesso com um ou dois hits e já foram suficientes para se tornarem clássicos.
Estes dias, limpando discos e arrumando alguns cds antigos, encontrei alguns cds que foram baixados ainda nos anos 90 pelo site revolucionário Napster. Encontrei bandas como Chapterhouse e sua clássica Pearl, Ride com Vapour Trail e Twisterella, Better Than Ezra, Curve, Lush, L7, Throwing Muses, Belly, Lemonheads, entre outras.

Todas eram musiquinhas bem pop com ar bem alternativo porque não tocava nas rádios. Algumas só ganhavam o dial das rádios após passarem na MTV (quando ela ainda passava vídeos clips). Mas havia algo de interessante no ar com estas músicas, pois elas representaram parte de uma cena alternativa nas casas noturnas.

Muitas destas bandas, eram tocadas por Djs do Madame Satã, Espaço Retrô, no Matrix, Outs, entre outras casas alternativas. Por mais que estas músicas fossem pop, elas trazem ainda, uma cara alternativa, pelo estilo e também pelas referências.

Atualmente, a tal cena “indie” não tem mais a mesma cara, tem muitas bandas interessantes, mas,  ao ouvi-las não é mais a mesma coisa, está mais “poser”do que musical.