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A idade que te chega

 


Às vezes me veem algumas saudades sem datas, pois as datadas já não tem mais graça. Iguais às histórias mal contadas de sonhos mal acabados. Da janela lembro-me das felicidades de ouvir e falar de sonhos que foram idealizados e concretizados e de muitos outros que ficaram pelo caminho ou os que ficaram no quase, pois não aconteceram por falta de planejamento e de coragem e também do tempo de esperança que o tempo deixou pelo caminho.

Há sonhos medrosos, mas também há os que são inquietos, que matam a esperança e os objetivos acabam se sucumbindo no tempo… Estes maltratam os desejos e ficam na subjetividade e ficam remoendo lembranças de tempos errantes, esperando calmamente por novos dias, mas quando percebe, estes, viraram semanas, que viraram meses e depois anos…

O tempo que temos é a idade que nos resta. A visão da idade que chega é a restauração dos desejos inquietos, trazendo à tona as saudades datadas. Quem sabe elas poderão ser lembradas em saudades futuras, como os sonhos concretizados e os novos que ainda virão e, assim se faz o renovo do tempo que se foi e da idade que te chega.

Há uma história, cujo autor não é conhecido que tem o seguinte diálogo: Em certa ocasião alguém perguntou a Galileu Galilei:
– Quantos anos tens?
– Oito ou dez, respondeu Galileo, em evidente contradição com sua barba branca.
E logo explicou:
Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais.

Posso dizer ainda mais… O autor se enganou no final deste breve diálogo, pois como disse o poeta Renato Russo, “Temos todo o tempo do mundo”, inclusive os tempos vividos, pois eles são as maiores riquezas que podemos ter, pois eles nos somam e fazem com o que somos hoje.

A retrospectiva da saudade


Drops Yo
Há uma balela linguística que afirma que a palavra “saudade” é tipicamente brasileira, pois não há em outras línguas uma palavra que carrega tal sentimento. Tal afirmação descaracteriza este sentimento para usar, por exemplo, a palavra “miss” em Inglês e que tem o mesmo significado, porém ela vai ter o mesmo sentido da palavra saudade de acordo com a situação que ela for utilizada. Mas, não é exatamente isto que gostaria de dizer em referência a palavra saudade.

Nos últimos tempos, desde a época do Orkut, há uma centena de postagens nostálgicas sobre décadas anteriores. Até aí tudo bem, mas comecei a reparar que este revival ficou estranho de uns tempos pra cá. Isto por que há uma saudade enaltecedora do passado em detrimento da atual geração.

Estas coisas só acontecem quando realmente se finda uma geração e chega outra. Acredito que as gerações dos anos 60 até a dos anos 90, apesar de momentos históricos completamente diferentes, tinham, ainda, muitas coisas em comum, apesar de serem diferentes. De 2000 em diante a virada foi de 360 graus.

Alguns, mais antenados acompanham as mudanças, outros orgulham-se por sucumbir ao tempo e afirmam que já não pertencem a este tempo. E o pior, curtem e reproduzem retrospectiva do passado menosprezando a geração atual. A começar por enaltecer produtos do passado que já não existem e ainda afirmam, que, naquele tempo era melhor. É claro, que todos nós gostamos de relembrar momentos históricos e que marcaram nossas vidas, assim como as “coisas passadas”, mas não podemos afirmar categoricamente que eram melhores.

É até compreensível afirmar que esta geração é carente de talentos em todas as áreas. No esporte, na cultura, nas artes, não só o Brasil, mas o mundo está carente de talentos, de novos grupos, novas ideias… Aqui no Brasil, esta geração tem o funk, um estilo duvidoso e ruim, comparando a Caetano ou Chico Buarque, quando ainda jovens, mostraram seus talentos para sociedade.  Era um momento histórico diferente e aquele movimento estava em ebulição.

Hoje, todos estão carentes de algo bom para ser consumido em uma sociedade que não te oferece alternativas de ascensão, e um porta voz, seria um símbolo e iria fazer parte do “mainstream” social, é cult, para alguns, e alienação para outros.

Carrinho de Rolimã
Consumir a cultura pop, faz parte do repertorio da sociedade “pós-moderna” (alguns acreditam que isto não existe), porém, faz parte da identidade desta nova geração, que não jogou pião, não empinou pipa, não andou de carrinho de rolimã, entre outras brincadeiras que hoje são ultrapassadas, mas não faz disto, sermos melhores que a geração de hoje.


Mas, enfim… É muito bom ter do que se lembrar. Tudo isto faz parte de nossa história e a roda continua a girar. Talvez, daqui há 40 anos, alguns sentiram saudades do funk e ainda vão afirmar: “Como era bom aquele tempo”. Então, seja a geração que for, ou o tempo que for, tudo tem o seu valor e a história será relembrada pela palavra saudade.