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Casa do Norte Vera Lúcia - 48 anos |
Falar sobre comida ou petiscos de boteco parece clichê, pois
há inúmeros livros que tratam do assunto e até concursos sobre as melhores
iguarias de botecos. Tudo furado. E a razão é simples, e é preciso de um pequeno
resgate histórico. Diferente dos “Salons” americanos, aqueles lá do “velho
oeste” que assistimos nos filmes onde o cara chega ao balcão é bebe uma dose de
“sei lá o quê”, no Brasil os Botecos, são oriundos de Portugal e vendiam
sacarias, como arroz, feijão, entre outros grãos tudo a granel, e é claro: a
cachaça.
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Balcão original desde a inauguração da casa |
Com o passar do tempo, os botecos passaram serem chamados de mercearias, porém
os botecos já instalavam seus balcões para degustar a cachaça e os petiscos
oferecidos, como torresmo, ovo cozido... Este tipo de comércio se popularizou
nas periferias das grandes cidades, frequentar o balcão destes locais era
pejorativo.
Com o passar dos anos os “bares” invadiram os bairros nobres
e seus frequentadores ganharam status de boêmios. Para ficar ainda mais
requintados deram o diminutivo de “barzinho”. Nos grandes bairros esta
cultura se popularizou ainda mais, até chegar aos dias de hoje, pois vemos
restaurantes se rebaixarem a status de bar. É moda, é chique. Afinal todos se
divertem no bar, pois frequentar restaurante parece algo formal. E deciframos quando o restaurante está
disfarçado de bar/boteco pelo menu. Boteco não tem cardápio, comemos aquilo que
o dono oferece na estufa.
Concurso de melhores botecos é tudo furada. São restaurantes
disfarçados de bares e muitos não têm uma cultura boemia, de bar. Não que estes
locais não sejam bons, mas estão longe de ser um verdadeiro boteco.
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Jabá com farinha e pimenta uma das especiarias |
Estes verdadeiros locais possuem frequentadores assíduos e é fácil reconhecê-los.
Estes dia estive em um, chama-se Casa do Norte Vera Lúcia. Fica na Avenida Cupecê
na zona sul de São Paulo, na altura do número 5 mil. O local tem 48 anos, é um
dos primeiros da região. A decoração ainda é a mesma, assim como o cardápio:
jabá, torresmo, carne de sol e arroz tropeiro. Vende também arroz, feijão e
milho a granel. O balcão e a a estante onde ficam as garrafas de cachaças
ainda são os mesmos. Os clientes também. Alguns frequentam o local há mais de
30 anos. Tem dias que a roda de pessoas que ficam ali só tem “cabeça branca”, como
diz o proprietário, pois os todos os clientes possuem cabelos brancos. E o
petisco principal é: jabá, servido com farinha e pimenta. Delícia.