Você acredita ou confia no sistema?

Nunca o tal “Sistema” foi tão importante como agora. Ele é superior a gerentes, chefes ou qualquer outro tipo de cargo em empresas multinacionais, ou mesmo em postos dos governos municipais, estaduais ou federal. O sistema é capaz de mudar a vida das pessoas e pode nos deixar na mão. Sim! Não há ninguém superior que ao tal “Sistema”. Antes achava que a definição de sistema era simples, como o Wikipédia o define: “Um sistema (do grego sietemiun), é um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado”.
Organização. Esta é a palavra chave. Lidamos com ele em nosso dia a dia. Estes dias fiquei superdependente do tal “Sistema” e nem eu e nem ninguém conseguiu encontrá-lo e muito menos o fez mudar de ideia. Tudo começou quando liguei para a empresa de televisão por assinatura, falei com um fantasma e a voz metálica me obrigava a digitar um monte de números. Ela dizia: “se você quer comprar uma assinatura, digite 1, problemas de conexão, 2”... Quando chegou na opção 9 depois de um tempão, a voz mandou esperar para falar com um atendente. Esperei, esperei e nada. Depois de alguns minutos, ela aparece novamente porque a linha estava ocupada, e novamente repete as opções antigas já ditas, até a opção 9, e me pede para aguardar.
Daí então uma pessoa (verdadeira) me atende. Pedi para cancelar o serviço, e o atendente m diz: “Hoje não é possível, pois caiu o Sistema”. Como assim? Se caiu levanta! Aí o cara me pediu para ligar mais tarde até o Sistema voltar. Então esse tal Sistema cai e sai por aí e ficamos na mão!?. Mas isso não era nada do que estaria por vir mais tarde. Tive que ir ao banco 24 horas, fiquei cerca de 20 minutos na fila e quando chega a minha vez, aparece uma mensagem na tela: “Caixa sem Sistema”. Tá de brincadeira! Pensei. Tive que ir até uma agência bancária e, novamente peguei uma baita fila, porém deu tudo certo.
Ufa! O caixa nem mencionou o nome do Sistema. Então aproveitei o tempo e fui falar com a gerente da Pessoa Física, é o que dizia a plaquinha na mesa dela, e fui até lá para desbloquear o cartão de crédito. Sentei entreguei o cartão, ela digitou... Olhou feio para a tela do computador, digitou... Olhava feio, e digitava e olhava feio... E enfim me disse: Infelizmente não vou conseguir. Por quê? Indaguei. “Deu problema no Sistema”, ela me respondeu.
Fui embora e mais tarde entrei em uma loja para mudar o plano do celular. A atendente pegou meus dados e me apresentou as propostas. Ao pedir um desconto para um determinado plano, ela falou. “Não posso, o Sistema não deixa”. Como assim? Chama a gerente. Ela veio. “Gostaria de um desconto?”, perguntou a gerente. E então, ela me retrucou. “Infelizmente o nosso Sistema não permite, não podemos fazer nada”.

Notei que a sociedade aos poucos está sendo desconfigurada para a configuração do novo Sistema. À noite liguei a televisão e uma multidão de pessoas protestava nas ruas. Uns querendo um novo sistema, outros brigam pela a manutenção dele, enfim, o Sistema é poderoso, afinal ele dita as regras, e manda mais que os caixas eletrônicos, atendentes, chefes, gerentes, bancos... Alguns dizem que só há uma maneira para detê-lo, que é programando-o, configurando-o e gerenciando-o. Porém, basta cair à energia para o sistema cair. Cabe agora saber, quem é que vai cortar o fio.

Em sua terceira passagem pelo Brasil, Moz faz um show introspectivo

Não, realmente não foi um show qualquer, pode ter sido o último show do ex-Smiths no Brasil, na apresentação do último sábado, dia 21, no Citi Hall, em São Paulo. Esta foi a terceira tour pelo Brasil, a primeira foi em 2000, e 12 anos depois, veio pela segunda vez em 2012, e sua terceira tour seria em 2014, mas foi adiada por motivos de saúde e, agora, faz a sua terceira tour para promover o seu último álbum “World Peace Is None of Your Business”, de 2014.
Desde o fim dos Smiths, nos anos 80, todos os shows de Morrissey, comparecem fãs da banda inglesa vestindo literalmente a camisa, lotam seus shows, entretanto, Moz nega-se a cantá-las. Lembro-me de sua primeira passagem em um show no Olímpia, quando um fã gritou para que ele tocasse Smiths, ele foi bem enfático e direto. “Smiths is dead”. E tocou apenas “meat is murder”, pregando o vegetarianismo, o seu modo “Morrisey de ser”.
Na segunda passagem, em 2012, ele tocou algumas faixas a mais dos Smiths, como “Still ill”, “How son is now” e “There is a Light that Never Goes Out”, porém em São Paulo o show foi prejudicado, já que uma das caixas de som do Espaço das Américas deu problema.
E, finalmente nesta terceira tour, o show foi o mais diferente, mais intimista. Triste para alguns e um show precioso para outros. Muitos comentavam: “Não gostei de nenhuma música, apenas a primeira (Suedehead)”, disse uma pessoa ao meu lado. Mas é preciso levantar alguns pontos específicos para chegar a esta conclusão. Antes de todos os shows, Morrissey faz uma seleção de vídeos de seus cantores e grupos favoritos, e, estas músicas não eram nada pop, eram canções e artistas estranhos para o público brasileiro. Mas, sem a maioria saber, aquilo fazia parte do show. Em um telão em frente ao palco, foram apresentadas bandas como: The Sparks, New York Dolls e uma interpretação fantástica de Charles Aznavour – “La Boéme”, e depois uma mulher grita e abrem-se as cortinas, quando neste momento, o telão sobe e a banda se apresenta.
Era claro a expectativa de um show de grandes hits, mas não foi. Seus últimos álbuns, “You are the Quarry”, de 2004, “Ringleader of The Tormentors”, de 2006, “Years of Refusal”, de 2009 e, finalmente seu último trabalho” World Peace Is None of Your Business”, de 2014, são álbuns profundamente intimistas. Percebe-se uma produção perfeita nestes discos, com letras tristes, em um mundo cada vez mais depressivo de uma sociedade doente, não há hits, apenas belas canções. 
E foi deste jeito o show. Sem grandes hits, apenas belas músicas tocadas por uma banda competente, com grandes momentos como em “Smiler with Knife”, quando começou a cantar acapela e teve que parar quando alguém começou a gritar, e ele, de imediato parou de cantar e falou: “Quer o microfone?” “Perdeu a cabeça?”, e em seguida recomeçou a música. No final, parte do público saiu decepcionado, pois não houve hits, porém um grande show.

MC Tavinho, homenagem a Pitangui - Minas Gerais

Conhecer a cidade onde o meu pai nasceu antes de vir para São Paulo e onde mora parte da minha família é um enorme prazer, principalmente quando se conhece e tem acesso a história da cidade. Conheci Tavinho, ou MC Tavinho que homenageou o aniversário de 300 anos de Pitangui.

Pitangui é a sétima Vila do Ouro das Minas Gerais. É uma cidade que respira história. Sua riqueza, em termos culturais, vai além do município, atingindo todo o Estado e o Brasil.  A cidade foi descoberta por bandeirantes paulistas, chefiados por Bartolomeu Bueno da Siqueira, foi foi considerada a Sétima Vila do Ouro criada no Estado, em 1715, no ciclo do ouro, e elevada à cidade em 1855. 
Pertence hoje à Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais e ainda, ao Circuito Verde – Trilha dos Bandeirantes. Terra-mãe do Centro-Oeste Mineiro, por ser a cidade mais antiga da região, é berço de mais de 40 municípios de Minas Gerais. 
Pitangui é um convite ao turismo histórico, artístico-cultural e ecológico. Para se ter idéia do potencial histórico de Pitangui, é bom lembrar que a luta pela Independência do Brasil nasceu e culminou com a presença ativa de personagens de sua história. 
Entre 1713 e 1720, aconteceram as primeiras revoltas pitanguienses contra as imposições da Coroa Portuguesa, sendo a primeira, a Sublevação da Cachaça. A Revolta de 1720, liderada por Domingos Rodrigues do Prado, contra a cobrança do quinto do ouro, conclamava que “quem pagasse, morria”
Apesar da derrota da Vila de Pitangui, os pitanguienses não pagaram e Conde de Assumar, então governador da Capitania, teve, contrariamente à sua vontade, de anistiar a dívida, dizendo que “essa Vila deveria ser queimada para que dela não se tivesse mais memória”, chamando a população local de “mulatos atrevidos”. Foi a 1ª grande revolta contra a Coroa, antes mesmo da de Felipe dos Santos, em Ouro Preto.

Veja mais a história de Pitangui no site da cidade - Link

Blog de Notícias e História da Cidade - Daqui de Pitangui

O programa Esquenta é odiado pela “burguesia”, da direita e da esquerda


Se há um programa que causa debates na televisão aberta é o “Esquenta”, veiculado aos domingos na Rede Globo para todo o país. Uma breve pesquisa na internet revelará várias críticas ao dominical comandado por Regina Casé que atinge altos índices de audiência por ser ou tentar ser o porta voz da periferia, e isto causa polêmicas em todos os aspectos.

Nas últimas décadas criou-se um senso comum que a linguagem da periferia é o rap, principalmente em São Paulo, por isto há vários programas que exaltam a cultura hip hop como o único gênero da periferia, como Manos e Minas, entre outros. Ficam de fora, às vezes o samba, o funk, sertanejo, entre outros.

Fiquei interessado sobre o tema ao assistir alguns programas e, acho a proposta bem legal. Como mostrar a periferia de uma forma alegre? Ela (Regina Casé) faz um programa digno e fui repreendido por um conhecido ao fazer tal afirmação. Intelectual de esquerda, marxista nato, afirmou-me que é um atestado de pobreza e burrice ver tal programa, pois valoriza apenas uma cultura duvidosa e alienante. Outro dia, um outro conhecido, este conservador, afirmou a mesma coisa, praticamente o mesmo argumento, aí cheguei a uma conclusão: “O programa Esquenta é criticado não por suas características, mas sim pelo preconceito”.

A periferia é multicultural, tem de tudo, e é esta mistura é a síntese do Esquenta, “tudo junto e misturado”. Mas isto não é bem visto por críticos intelectuais principalmente estes “burgueses” de todos os gêneros. É possível encontrar críticas ao Esquenta com teores preconceituosos, como este que encontrei na internet.

“Comandado pela brega Regina Casé (sic) ... O dominical tem a roupagem espalhafatosa e colorida das roupas da apresentadora... O programa mostra um Brasil com valores culturais pobres ao levar para exibição o que considera a voz dos marginalizados. Então é comum ver um linguajar cheio de gírias, moças seminuas rebolando, dançando funk e outros ritmos ao som de letras pobres e sem sentido, senão o de exaltar a sensualidade e o sexo fácil. O Esquenta mostra o Brasil dos desgraçados, dos desprovidos de sonhos, dos que não tem expectativas, dos que estão juntos e misturados. Uma grande periferia, onde o nóia está próximo do traficante. Onde a dona de casa e o trabalhador a tudo vê, tudo ouve, tudo sente, mas que finge que nada viu, nada escutou, nada sentiu e ainda tem o bandido e traficante como amigo do peito. Tudo junto e misturado, é esta a impressão que O Esquenta passa”. (Ver texto original).

Há ainda textos engajados que afirmam que o programa tem características racistas, por colocar o negro em posições “suburbanas”. “O programa reforça o estereótipo dos negros brasileiros como indivíduos suburbanos, subempregados, mas ainda assim felizes, sempre com um sorriso no rosto, esquecendo-se das mazelas cotidianas por meio da dança, do remelexo, das rimas pobres do funk, do mau gosto de penteados e cortes de cabelo extravagantes” (ver a matéria original).

Caro amigo ou amiga que lê estas poucas linhas, o fato, é que a periferia incomoda, seja qual for a abordagem. Qualquer tipo de programação que mostre uma cultura que não venha do “mainstream” central, ou da Vila Madalena e adjacências elitizadas espalhadas pelo nosso Brasil, será sempre vista como uma subcultura, e sempre será criticada por todos, não importando a ideologia.

A cultura seja ela qual for, deve transitar entre si como trocas de informações, fazendo com a cidade possa ser mais homogênea, mesmo com tantas diversidades de gêneros. As informações nos botecos da periferia são diferentes dos “botecos” elitizados com suas músicas e comidas gourmet; são, na maioria das vezes, mais “frescas”, saindo do forno, sempre com uma moda diferente, com roupas coloridas e cortes de cabelo com gosto duvidoso para alguns. 

Mesmo assim, ganhará a mídia e irá se apresentar em programas como o Esquenta. Depois disso, será elitizado nos bairros ricos e nos bares gourmet e nos locais onde vendem comidas de rua, ops! Aliás, agora é truck foods. Enfim, vários usuários espalharão esta moda do subúrbio pela cidade e, ainda assim, continuarão a condenar tudo que a televisão mostra da periferia, seja do bem ou do mal. Onde fica mesmo a periferia?