17 músicas sobre 17 anos – A passagem da infância à liberdade

Não, definitivamente ter 17 anos não é uma tarefa nada fácil. Por mais que seja uma das melhores fases da vida, a idade representa várias passagens, da adolescência para fase adulta; crises existenciais ou até mesmo, pressões familiares sobre faculdades, vestibulares, amores, paixões e amizades. Aliás, acontece tudo de uma vez só, uma avalanche de responsabilidades e escolhas. Esta fase é cantada inúmeras vezes em canções americanas que representa uma fase importante, pois é o momento em que o jovem termina a high school para ir ao College.

Tanto no Brasil, como em muitos países, ter 17 anos, é ainda, estar aprendendo a dirigir, arrumar o primeiro emprego, fase do exército para os meninos, daí o grupo Ira! Em Núcleo Base diz “Eu tentei fugir; não queria me alistar; eu quero lutar; mas não com esta farda”. Fase que os jovens estão se matando de estudar para o vestibular;  descobrindo algumas baladas; bebendo e ficando até de manhã na rua; se preocupam mais com o corpo; começam se a tirar documentos como CPF, Carteira de Trabalho, e alguns já fazem planos em morar sozinho; ser independente; saber sobreviver sem pai e mãe; conversar sobre faculdade o tempo todo, conversar sobre assuntos polémicos (politica, efeito estufa, aquecimento global) e etc..  

Mercedez Sosa em “Volver a los 17 “ fala o que é realmente ter 17 anos de uma forma poética “Volver a los diecisiete después de vivir un siglo; Es como descifrar signos sin ser sabio competente; Volver a ser de repente tan frágil como un segundo; Volver a sentir profundo como un niño frente a dios; Eso es lo que siento yo en este instante fecundo”.(Voltar aos 17 depois de viver um século; É como decifrar sinais sem ser sábio competente; Voltar a ser de repente tão fragil como um segundo; Voltar a sentir profundo como um menino diante de Deus; Isso é o que sinto neste instante fecundo).

Nos Estados Unidos é o momento em que o jovem  deixa a sua casa para “conquistar o mundo”, ou seja, sua total independência. Vários filmes abordam esta temática, desde Barrados no Baile (Beverly Hills, 90210), Melrose Place, Glee, entre tantos outros que nos possibilitam a ter esta noção claramente. Ramones não canta exatamente sobre ter 17 anos, mas em quase todas as suas letras,  esta fase é abordada. Talvez a mais marcante é “I don´t want to grow up”, que diz:  I don't wanna have to shout it out; I don't want my hair to fall out; I don't wanna be filled with doubt; I don't wanna be a good boyscout; I don't wanna have to learn to count; I don't want the biggest amount; No I don't want to grow up. (Eu não quero ter de gritar; Eu não quero que meu cabelo caia; Eu não quero ficar cheio de dúvidas; Eu não quero ser um bom escoteiro; Eu não quero ter de aprender a contar; Eu não quero ter muito dinheiro; Eu não quero crescer).

Então seja bem-vindo a fase adulta! Às vezes, isto acontece da pior forma, como canta Capital Inicial em Natasha, “…Tem 17 anos e fugiu de casa; Às sete horas na manhã no dia errado; Levou na bolsa umas mentiras pra contar; Deixou pra trás os pais e o namorado…” Definir a adolescência pela idade pode ser uma tarefa bem fácil, mas tentar explica-la, é uma outra realidade, principalmente através da música. Joan Jett  em seu clássico “I love Rock and Roll”, fala da maturidade da mulher  na hora de conquistar um garoto mais jovem que está próximo à uma máquina de discos: “I saw him dancing there by the record machine; I knew he must have seventeen…” (Eu o vi dançando ali perto da máquina de discos; Eu sabia que ele deveria ter uns dezessete).

Na mesma “pegada” Kelly Key em Adoleta, coloca uma conotação sexual bem discreta, “…17 anos pré-vestibular, pai enchendo o saco, tem que estudar; Já tive essa idade sei como é que é, mas tu ta lidando com uma mulher.” o contexto amoroso e o sexual é na verdade o que vai mais aparecer em várias canções. Kool and the Gang, canta um amor inocente em Too Hot,  “At Seventeen we feel in love, high school sweetheart, love so brand knew”. (Aos 17 nos apaixonamos, um amor de colegial tão querido, um amor tão novo).

A transição entre a infância e fase adulta, tanto psicologicamente como corporalmente, acontece devido as mudanças dos hormônios, etc. Pode representar para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto, e isto às vezes tem um preço, e a insegurança pode tomar conta deste comportamento. Nenhum de Nós em Camila, diz “E eu que tinha apenas 17 anos, baixava a minha cabeça pra tudo; era assim que as coisas acontecem, era assim que via tudo acontecer…” Cazuza também cantou sobre a importância de ter esta idade. Em 17 anos de vida, ele diz de forma melancólica: “…17 anos de vida; Eu tô perdido; Do joelho até o umbigo; Tudo é perigo…”

Mas nada se compara com a música mais famosa que fala sobre ter 17 anos. Abba, em Dancing Queen, a toda a letra fala da liberdade e da felicidade de ter esta idade. A música já começa em pleno movimento: “You can dance; you can jive…”, mais adiante diz: “You’re in the mood for a dance; And when you get the chance; You are the Dancing Queen; Young and sweet, only seventeen; Dancing Queen…”

Veja aqui uma pequena lista de rocks e outras músicas memoráveis sobre ter 17 anos e abaixo do link uma lista de músicas nacionais e internacionais sobre 17 anos. Com exceções de Exceções de Era um Lobisomem Juvenil da Legião Urbana e da canção Terra de Gigantes do Engenheiros do Havai que entraram na lista pelo contexto.



1) Stray Cats – She’s sexy and seventeen
“Will she’s sexy seventeen, my little rock roll queen”

2) Kool and the Gang – Too hot
“At seventeen we fell in love, highschool sweet hearts, love so brand new…”

3) Benny Mardones – In the night
“She’s just sixteen years old, leave alone, they say…”

4) BJ Thomas – Rock Roll Lullaby
“She was just sixteen and all alone…”

5) Joan Jett – I love Rock and Roll
“I saw him dancing there by the record machine; I knew he must have seventeen…”

6) The Cars – Let’s Go
“She’s winding them down on her click machine;and sehe won’t give up ‘cause she’s seventeen…”

7) The 6th – You you you
“… You make me feel like seventeen…”

8) Steve NicksEdge Seventeen

9) Kings of Lion
17

10) The Magnetic FieldsI don’t want to get over you

11) The montain goats
This years

12) Janis IanAt Seventeen

13) Iron 8 wineThre by the river

14) Meat loaf
Paradise by me

15) AbbaDancing Queen

16) PooneyThat the girl has love

17) Larly TronSeventeen



Nacionais
1) Cazuza – 17 anos de vida

“…17 anos de vida
 Eu tô perdido
 Do joelho até o umbigo
 Tudo é perigo…”

2) Capital Inicial – Nastasha

“…Tem 17 anos e fugiu de casa
 Às sete horas na manhã no dia errado
 Levou na bolsa umas mentiras pra contar
 Deixou pra trás os pais e o namorado…”

3) Legião Urbana – Eduardo e Mônica

“…Eduardo e Mônica eram nada parecidos
 Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
 Ela fazia Medicina e falava alemão
 E ele ainda nas aulinhas de inglês…”

4) One Finish – 17 anos

“…E não se convenceu não era pra durar
 Eu acho que esqueceu…
 Que só tem dezessete anos
 Idade absurda pra dizer que ama…”

5) Nenhum de Nós – Camila

“…E eu que tinha apenas 17 anos,
 Baixava minha cabeça pra tudo,
 Era assim que as coisas aconteciam,
 Era assim que eu via tudo acontecer…”

6) Os Capitães de Areia – Dezessete anos

“…Tinhas só dezessete anos
 E levei-te p’ra dançar
 A pista estava vazia
 Desculpa para te beijar…”

7) Oriente – Linda, Louca e Mimada

“…Com 17 anos e fugiu de casa, mas já conhece incontáveis canções
 Ela tem alma de pipa avoada
 Mas na sua estante imaginária coleciona corações…”

8) Essiele – 17 Em Ponto

“…To com um disquin pra lançar, um carrin pra comprar,
 Umas conta pra quitar, meu filho pra criar,
 Minha mãe pra orgulhar, os amigo pra salvar,
 Uns rapzin pra escrever, mas to sem base pra gravar, não dá…”

9) Pita – Casulo

“…Ela só tinha 17 anos
 Gostava de Bob e de Caetano
 Tava sempre Viajando
 E não passava de ano…”

10) Kelly Key – Adoleta

“…17 anos pré-vestibular, pai enchendo o saco, tem que estudar..
 Já tive essa idade sei como é que é, mas tu ta lidando com uma mulher.
 Vê se me obedece, tem que respeitar, você é gatinho mais assim não dá..
 Quero atitude quero atenção tem que dar valor ao que tu tem na mão…”

11) MC Eltin – Mercenária Juvenil – Ela só tem 17 anos

“…Ela só tem 17
 Mas pensa que já é mulher
 Mas nem sabe o que ela quer
 Passa o dia de rolé
 E bebe tudo que tiver
 Faz os troxas de mané
 Von dutch no seu boné
 e os pela saco no seu pé…”

12) Victor Paiva – Dezessete Anos (17 Anos)

“…Dezessete anos tinha quando a conheci
 Uma linda garota que fazia cópias
 Com alguns traumas e muitas histórias
 Uns, sonhos de criança
 Dezessete anos, quando à beijei pela primeira vez
 Sempre apressada com a sua rapidez
 Típica de quem quer tudo
 Mas acostumou a nem sempre ter…”

13) Mercedes Sosa – Volver a los 17

“…Volver a los diecisiete después de vivir un siglo
 Es como descifrar signos sin ser sabio competente
 Volver a ser de repente tan frágil como un segundo
 Volver a sentir profundo como un niño frente a dios
 Eso es lo que siento yo en este instante fecundo…”

14) NX Zero – 18 anos

“…Sem lembrar o quanto eu sou feliz (…)
 Nasceu um anjo, uma menina
 Que é tão linda e agora vai crescer
 Seu aniversário é hoje e completa seus 18 anos, Ana Carolina Favano…)

15) Raimundos – Me lambe

“…O homem de cassetete disse, quando me algemou
 Que ela só tinha dezessete, que o pai dela era doutor
 E que se fosse eu ainda faria igual
 Se fosse no ano que vem ia ser normal
 Como a vista é linda da roda gigante
 É… tão grande
 Acho que ela viajou que eu era um picolé
 Me lambe
 No parque de diversões foi que ela virou mulher
 Das forte
 Menina pega a boneca e bota ela de pé…”

16) Legião Urbana – Era um Lobisomem Juvenil

“…Se o mundo é mesmo
 Parecido com o que vejo
 Prefiro acreditar
 No mundo do meu jeito
 E você estava
 Esperando voar
 Mas como chegar
 Até as nuvens
 Com os pés no chão…”

17) Engenheiros da Havai – Terra de Gigantes

“…Hey mãe!
 Eu tenho uma guitarra elétrica
 Durante muito tempo isso foi tudo
 Que eu queria ter
 Mas, hey mãe!
 Alguma coisa ficou pra trás
 Antigamente eu sabia exatamente o que fazer…”

Vaca Profana

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada

Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...

Ê, ê, ê, ê, ê
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres

Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz

Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi

Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos a...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"

No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara

Chuva do mesmo bom sobre os caretas

Vaca Profana
Caetano Veloso


Uma carta, o pão e o leite

Há tempos, as pessoas eram mais humanas e a violência não passava na televisão como o suprassumo das notícias; há tempos, ficávamos abalados quando aconteciam crimes, corrupção, entre outros casos semelhantes, mas hoje, enxergamos tudo isto como coisas banais, de nosso dia a dia. Aquela coisa da Lei de Gerson, criada no final dos anos 70, de querer levar vantagem em tudo, ficou enraizada no (in)consciente coletivo das gerações que vieram a seguir, e hoje, o modus-operandi deixou para trás a ética e a moral, e o que é absurdo, passa a fazer parte de nosso cotidiano.
Sem quer entrar neste mérito, mas este texto é apenas para relatar uma imagem que vi em um muro, onde tinha uma caixa de correios para “carta, pão e leite”. Achei fantástico, pela minha idade, não cheguei a ver tal serviço, de pão e leite nas caixas de correios, mas achei esta caixa simplesmente maravilhosa, um “absurdo”, da normalidade atual, onde as pessoas não enviam mais cartas, mas sim, e-mails, whatapps e compram leite desnatado ou integral de caixinhas e o pão em bisnaguinhas em supermercados.
 Às vezes vão até a padaria e compram pão por kg, de massa congelada pré-feita. Nas padarias, não se usa mais aquelas lenhas, que víamos quando elas chegavam para assar os pães feitos pelos padeiros. Ah! Padeiros? Quem é este ser mesmo? São poucas as padarias que ainda utilizam o trabalho deste profissional.
Esta caixa demonstrava uma confiança e uma relação humana bem maior. Significa que a pessoa colocava ali o litro de leite e o pão, neste caso, provavelmente, ficava aberta e qualquer um poderia ter acesso, assim como o pagamento, que deveria ser feito bem depois, provavelmente em uma caderneta. Ninguém tirava vantagem de nada desta situação.
Infelizmente, aquelas pessoas se foram, ficaram apenas as caixas e as memórias das cartas, dos pães e dos leites.

Pelas Ruas

Estava ouvindo The Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandido;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdida a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Sempre correndo para repor o prejuízo;
Sem tempo espera um milagre;
E acredita que é assim que acontece;
Esperando pela vida e seu juízo;

Lucia in the Sky with Diamonds

É por isso que não podemos “ir” sem direção, mas na direção de nossos sonhos para que não possamos cair. 
Lucia era uma menina de 50 e poucos anos. Quando adolescente, ela era uma das mais belas e desejadas pelos garotos do bairro; da escola e das festinhas que frequentava. Aprendeu a fumar muito cedo e teve vários namorados, alguns foram breves e outros duradouros.
Conhecia a Lucia desde quando era pequeno, bem criancinha. Sempre a via tomando algumas doses de hi-fi ou pinga com groselha, coisa dos jovens dos anos 70 e 80. Quando a conheci no bairro, ela já não era tão bela, apenas simpática com seu sorriso com poucos dentes. A família da Lucia é uma das mais antigas da região e todos se comoviam quando encontravam Lucia na calçada com umas doses a mais na cabeça, chamavam seus irmãos imediatamente para socorrê-la.
Uma vez, na entrada de um Ano Novo, lembro-me da Lucia brigando com um dos seus namorados, ela pegou uma esponja bem grande que estava jogada em um canto da calçada e começou a “bater” no seu “amor” com a esponja, que estava toda suja, e o rapaz, corria gritando: “ai, ai, ai...” Toda a molecada começou a rir daquela cena hilária.

Pelas ruas

Estava ouvindo Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandidos;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdidas a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Morte e Vida pop...

"…a morte é o princípio do esquecimento de sua memória... "(Fernando Pessoa)

A única certeza que temos em vida, é que um dia iremos morrer. A morte eterniza alguns e levam outros ao esquecimento. Diante da pós-modernidade que começava nos anos 60, Andy Warhol afirmou que no futuro, todos teriam seus 15 Minutos de Fama. E tudo isso aconteceu, hoje uma pessoa comum pode fazer tanto sucesso como igual a um artista famoso, dando a possibilidade de sermos pop. As tecnologias do século XXI transformaram o mundo em uma visão popular, dentro das redes sociais.

Estas redes nos dão a oportunidade de sermos famosos por alguns instantes, por alguns dias, meses ou até anos. Outros conseguem ir mais além, às vezes ficam mais comentados até mesmo que artistas consagrados, mas este mesmo tempo que consagra muitos, podem levar também ao limbo. Todos nós do século XXI seremos esquecidos e substituídos por outros, novas modas, costumes, gostos, e a morte é só o princípio.

Quando alguns artistas morrem, o mundo fica perplexo perante o “endeusamento” de uma pessoa comum. Mas quando uma pessoa comum morre, há apenas o lamento feito por amigos e familiares. Fernando Pessoa em um dos seus heterônimos, afirma que “a morte é o princípio do esquecimento de sua memória”. Após a morte, todos se lembram dos melhores momentos vividos, e com o passar do tempo só se lembrarão do defunto em duas datas: a do nascimento e o dia da morte.

Depois que os amigos e familiares forem morrendo também, poucas pessoas se lembrarão das datas, até que ninguém mais se lembre. Talvez, uma pessoa, aqui e outra ali, poderão ter relampejos de lembranças, porém, o nome ficará gravado apenas na lápide de um cemitério. É triste? É a realidade.

A minha escola está diferente

A minha escola dos tempos de criança era melhor do que as escolas dos meus outros amigos. Este pensamento era compartilhado por muitos moleques da minha infância. As aulas de educação física eram pela manhã, três vezes por semana, as meninas eram as mais bonitas, os professores eram os mais legais e carismáticos, quer dizer, nem todos.
Nas aulas de educação física das meninas, íamos assistir é claro, afinal, elas usavam saias e um shorts vermelho bem peculiar que as deixavam muito mais bonitas. Na escola, todos os anos tinha um campeonato de futebol para os meninos e de vôlei para as meninas, que paravam a aulas e todos assistiam. Era fantástico.

Sobre as "ilhas e suas estações" - "Seasons"

Ao ouvir a banda Future Islands, percebi que um som bem original, um estilo próprio e intimista que vale a pena ouvir cada trabalho deste grupo. Compartilho aqui dois momentos, de Seasons (vídeo original e ao vivo)


"...Seasons change, and I tried hard just to soften you The seasons change, but I've grown tired of tryin' to change for you Because I've been waiting on you I've been waiting on you Because I've been waiting on you I've been waiting on you..."

Sobre o acidente de Cristiano Araújo

“Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto”, escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. 

 A morte do cantor Cristiano Araújo e sua namorada chocou o Brasil e, eu e tantos outros amigos, nuca ouvi falar neste cantor. Não conheço sequer uma música que possa me lembrar do artista tão querido por milhões. 
Recebi ainda via what’s app, as fotos horríveis do acidente que chocou o país. Na hora que sua morte foi divulgada na televisão, estava em uma padaria, fiquei perplexo a tristeza dos balconistas que me atendiam. 
Como não sou fã a modismos sertanejos, não conhecia seu trabalho, mas, que pelos fãs que conquistou deve ser de qualidade, ao menos para estas pessoas, pois nenhum trabalho é vão, desde que seja honesto, e isto ele era, pelo que li até o momento. Que Deus abençoe e console toda a família do cantor, e dos envolvidos no acidente, assim como todos os fãs.

A CARTA E SEUS SELOS EM VÃO. COMO RESTAURÁ-LOS?


A tecnologia trouxe tanta comodidade e acabou com velhos costumes, entre eles, escrever e enviar cartas. O e-mail e todas as redes sociais existentes cumprem o papel que antes era específico deste gênero literário, que era a carta. Junto com ela, tínhamos algo fundamental para o seu funcionamento. O selo. 

 O selo, por sua vez era outra ciência, pessoas do mundo inteiro e de todas as idades colecionavam selos e isto ganhou um nome específico: filatelia, ou seja, a arte de colecionar selos. No Posto dos Correios Central há até um museu destinado aos apreciadores desta arte. Acontece que, com a internet e o avanço tecnológico é difícil de encontrar selos à venda. Somente nos correios. Antes era vendido em todos os lugares, mas era uma tristeza. 

Os selos brasileiros eram terríveis, horríveis, feios de muitos de um extremo mal gosto. Durante décadas, os selos que comprava eram de frutas, aliás, desenhos de frutas, como bananas, uvas, jaboticabas, etc… E o pior, tinha uma legenda. Quando não eram de frutas, era da Bandeira Nacional, com exceção de datas comemorativas. Em suma. Não achava legal.
Estes dias recebi uma correspondência em casa. Era uma multa de trânsito, e na carta (que só os órgãos públicos, políticos e lojas, ainda utilizam), dizia para eu enviar um recurso pelo correio. Então fui até a agência envelopei e me surpreendi quando a atendente começou a selar o envelope com selos que remetia a parceria diplomática entre Brasil – Croácia. 

Os selos apresentam retratos estilizados e monocromáticos de dois grandes cientistas: o croata Nikola Tesla, e o brasileiro, Mario Schenberg. Bem legal. Achei que o Detran não merecia receber tal documentação com um selo destes. Fiz questão de leva-los para casa e registrei a postagem para que a atendente não colocasse os selos na tal carta. E ainda tinham outros selos sensacionais engavetados e sendo utilizados não para o envio de cartas para pessoas, mas sim para órgãos públicos, que apenas recebem a mercadoria e jogam os envelopes fora.

As balas do farol

Arte - Sérgio Pires e Bodão
Com milhares de pessoas desempregadas, há cada vez mais gente trabalhando no mercado informal, há ainda o aumento daquelas pessoas que vendem balas no farol, carregadores de baterias de telefones celulares, crianças que são utilizadas pelos pais para ganharem trocados lavando os vidros do carro nos sinais. Agora estão surgindo uma nova leva de pessoas que ganham alguns trocados, são os malabaristas e mágicos, que durante um minuto alegram os motoristas e recebem um dinheirinho, na verdade, os semáforos da cidade estão um verdadeiro ponto comercial e um palco a céu aberto.

O lado negativo são as crianças que são exploradas nestes locais e o poder público não faz absolutamente nada. Quando uma criança bate nos vidros fechados de nossos carros, apenas balançamos a cabeça dizendo que não temos nada, no máximo, procuramos algumas moedinhas e damos as crianças.

Isto acontece em todas as equinas das grandes cidades do país, onde nós as ignoramos e também não fazemos nada, nossos governantes têm o conhecimento desta situação e apenas fingem que trabalham, no Poder Legislativo, por exemplo, há inúmeros requerimentos de votos de congratulações a artistas da televisão, mas não há projetos de inclusão.

Diante desta situação, cabe agora ao Ministério Público pressionar os responsáveis por esta situação, para que alguma medida seja tomada urgentemente e algumas atitudes possam ser realizadas.


O governo do Estado e as Prefeituras, culpam sempre o governo Federal, que por sua vez, se isenta. Enquanto isso, iremos ter vários saquinhos de balas pendurados em nossos retrovisores e pessoas implorando para comprar qualquer coisa em algum semáforo. Já nos bairros ricos, onde as pessoas já têm quase tudo, há shows circenses, malabares, etc.

Oportunidade (in)conveniente



Sabe, a subversão das palavras é algo bem interessante e, às vezes bem criativo. Recentemente observei isto em um grande shopping que é frequentado por pessoas da classe A e B, ou seja, de pessoas que não têm dó de gastar seus nobres trocados em  coisinhas simples. 



Vi esta subversão ao perceber que a palavra "oferta" foi substituída por "oportunidade", talvez por uma questão bem mais ideológica do que emocional. É sabido que uma oferta é uma oportunidade de adquirir o produto por um preço abaixo do mercado, mas substituir a tão querida oferta não tem preço.

O vies lexical ideológico se fez presente, já que aquele público não procura ofertas, mas sim, a oportunidade de obter o objeto que está abaixo do preço médio dos demais produtos que eram vendidos nesta loja.

E, como era uma loja de CDs que estou cansado de adentrar e vasculhar estes produtos, percebi que estas "oportunidades" eram produtos de baixa qualidade, mas isto pouco importava, já que aquilo era só uma forma de adquirir o que era conveniente para os clientes.

Por isto, quando vou comprar algo, não busco oportunidade alguma, quero mesmo as ofertas e escritas em letras garrafais.

Por que amamos Seu Madruga

Uma forma de homenagear um ator que marcou gerações e continua a impactar novas gerações por meio de suas atuações. Um texto extraordinário em forma de poesia/cordel.

Buenos Aires III

Passar por Buenos Aires bem rápido é uma oportunidade para visitar cafés, restaurantes e uma boa caminhada em alguns lugares. Fui a San Telmo, um dos mais antigos bairros da Cidade de Buenos Aires e, aos domingos tem uma feira bem tradicional no local. O bairro San Telmo é pareceu uma das áreas mais bem preservadas, e é caracterizada por casas coloniais e as ruas empedradas.
À noite há vários locais para ver um show de tango, fui à Casa Homero Tango, um local bem tradicional, que valeu à pena. Há ainda o Hard Rock Café, que também é imperdível.

Não quero nada, mas te quero sim…

Não… Não quero nada. 
Quero a mim, a vitrine, lanchonete, iPod, revista, jornal, rádio, sorvete, cerveja, café, esfiha, o gol que não sai, o telefone que não toca, a caneta que escreve, máquina fotográfica, o GPS e o meu tempo.
 Não… Não quero nada. 
Quero você, o presente, o perfume, o diário, telefone, o cartão, a visita, o vinho seco, livro, um tênis, a camisa, barbeador, um olhar, sorriso e saliva.
Quero tudo. Andar, ler, fazer nada… Tá entendendo?
Mas te quero sim...

A superioridade do CD em relação ao LP ou  “vinil”

Ouvir disco em vinil está na moda. Vários grupos e artistas estão lançando e relançando álbuns em vinil. A indústria já está fabricando alguns toca-discos com modelos super chiques a preços meio “esquisitos” pela qualidade do som que é péssima, mas virou algo cult em lojas especializadas. 

Gosto dos vinis e tenho uma grande coleção e também um toca disco legal, mas quero lembrar que, lá nos anos 90’s com a popularização dos Compact Discs (CDs) me desfiz de uma colação enorme de discos em vinil e comecei a recomprar todos os álbuns que eu tinha em CDs. 

Depois de alguns anos, me arrependi, e entrei no time dos amantes do vinil novamente e comecei a amaldiçoar os CDs. Comecei a recomprar tudo de novo vinil e desta vez deu mais trabalho, pois tive que procurar por um toca-disco usado, já que os novos aparelhos não o fabricavam mais. Depois tive que procurar por uma agulha e também comecei a frequentar sebos a procura de discos usados e recomprei vários, alguns baratos e outros nem tanto. 

Mesmo, amaldiçoando os CDs nunca deixei de compra-los durante este tempo, e sempre elogiava o vinil pela arte da capa, etc. É legal ser nostálgico e ouvir a agulha pipocar no vinil, mas também é um saco. Às vezes o som fica meio “opaco” com um leve chiado dependendo da qualidade do aparelho, é horrível, mesmo assim, trata-se de um “vinil original”, diria os amantes deste estilo, que fiz parte, mas confesso... Estou saindo fora e voltando aos CDs. 

Não vou falar em termos técnicos, pois há vários posts bem legais que tratam deste assunto como o texto de Nacho Belgrande (http://whiplash.net/materias/news_805/220476-audio.html), quero relatar apenas minha decepção com o vinil e como ele é tratado no comércio atual. 

O tempo passou novamente e hoje ao ver os discos de vinis usados a R$ 50 e os títulos mais novos a R$ 150, percebemos que há uma moda latente, e não é a qualidade que está em pauta, mas sim “a moda de ficar antenado as coisas cults”, ao estilo índie. 

Ainda bem que nunca parei de comprar CDs, mesmo no auge do Napster e de outros sites quando muitos baixavam músicas da rede, todas as vezes que visitei a Galeria do Rock eu voltava para casa com um CD, só que desta vez não tinha mais um bom tocador, já que os aparelhos de DVDs substituíram os CDs Players, porém, de uma forma horrível, pois depende exclusivamente da conexão da televisão, diferente dos CDs players antigos, onde era possível programar, avançar e fazer suas escolhas musicais no próprio player. 

A qualidade do CD em relação ao vinil é bem “visível” quer dizer “audível”, com exceções de profissionais que trabalham com a música e possuem ótimos aparelhos, como os DJs e desta forma o som do vinil sai “perfeito”. Mas ouvir um vinil em casa sem um equipamento específico, definitivamente não é legal. 

Desta forma, fui à caça de um bom CD player, achei um aparelho usado em perfeito estado, um Compact Disc Philips Cd-610, por R$ 90. A qualidade é superior ao player do DVD e bem superior ao som do vinil. Indiscutível. 

Em tempos que poucas pessoas compram CDs, acho que, para quem gosta de música as bolachinhas não vão sair de moda, mesmo que outra moda apareça como a do vinil (que eu gosto), porém de qualidade inferior aos CDs, ouvir música de qualidade é do CD. MP3 nem pensar, é apenas para passar tempo no telefone ou no ipod.