Ao visitar um espaço, fiquei curioso obre uma pequena criação de orquídeas em uma parede em um espaço pequeno e bem criativo.
Velhas máquinas novas
Ir ao Centro de São Paulo é descobrir coisas novas e também relíquias do passado em ótimo estado. Muitos jovens não conhecem ou/e nunca viram uma máquina de escrever. estas preciosidades em ótimo estado, na Rua José Bonifácio no centro fica bem em frente à faculdade de Direito São Franscico e chama atenção pelo seu estado de conservação.
"I see my folks, they're getting old"
"...I see my folks, they're getting old, I watch their bodies change...
I know they see the same in me, And it makes us both feel strange...
No matter how you tell yourself, It's what we all go through...
Those lines are pretty hard to take when they're staring' back at you.
Scared you'll run out of time..."
I know they see the same in me, And it makes us both feel strange...
No matter how you tell yourself, It's what we all go through...
Those lines are pretty hard to take when they're staring' back at you.
Scared you'll run out of time..."
O Rancor e ódio que nos pertencem
“Suportem-se uns aos
outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o
Senhor lhes perdoou.” Colossenses 3:13
“Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”
Machado de Assis
Nos tempos atuais o ódio e o rancor proliferam em nossa
sociedade, isto em todas as esferas, como na política, e em todos os relacionamentos
sociais, dentro de nossa casa, na rua e no trabalho. É triste não podermos
compartilhar nosso posicionamento político sem ser taxado de alguma coisa e ao
mesmo tempo odiado por um grupo que pensa ao contrário; é terrível você ser
identificado como de uma religião e ser criticado e odiado por pessoas que têm
uma fé diferente da sua. O ódio anda de mãos dadas com o rancor, que é, na
realidade, uma emoção não resolvida, por conta de uma situação que causou o mal
estar e que não enfrentamos, e ajuda alimentar o rancor.
Estes dias ouvi em uma palestra, uma pessoa que falava sobre
“restauração” e comentou que estava sendo restaurada de certos sentimentos de
ódio que sentia pelo seu pai. Durante sua fala, a palavra “desgraçado” em
relação ao seu pai, foi proferida várias vezes. Ter um pai que lhe fez muito
mal, é algo triste, vemos e testemunhamos em nossa sociedade pais
irresponsáveis, mas, por mais cruel, que tenha sido esta figura paterna, não
merece ser odiado, aliás, ninguém deveria “desgraçar” um pai. Apesar de ter
todos os motivos possíveis, onde pais estupram, agridem, menosprezam...
É uma situação triste. Pois, o mal é inerente a todos. O “mal paterno-materno” é potencializado,
pois onde deveria ser fonte de amor aos filhos, torna-se decepção. Não imagino
passar por tal situação, mas quem passa ou passou, deve ser muito difícil lidar
com a relação tríplice de ódio-rancor-perdão.
O ódio e o rancor está inserido dentro de nossos corações de
uma forma ou de outra. Mesmo que não tenhamos motivo algum, tudo se torna
pretexto. Clarice Lispector em sua obra “O Mineirinho”, retrata bem esta
vontade, quando vê um criminoso sendo morto pela polícia com 13 tiros, quando
só uma bala já bastava, e os outros 12 aconteciam por razões de ódio e rancor e
a última bala é minha, é nossa, pois nós matamos milhares de “mineirinhos”
todos os dias.
Esta relação ódio-rancor-perdão é retratada de uma forma
muito interessante no filme 12 Angry Men, do diretor Sidney Lumet (1958), aqui
no Brasil saiu com o título “12 homens e uma sentença”. O filme é uma lição
jurídica, mais vai muito além. Ela desmascara todos os nossos defeitos como
seres humanos e desmascara os pecados capitais de cada membro do júri (Juri
Popular), revela-se que o povo tem os mesmos defeitos do réu. Ou seja, todos
nós somos culpados dos crimes sociais.
Como diz a banda rap nacional, GOG "A reconstituição do
crime deve ser feita anos antes". O ódio e o rancor está enraizado em
nossas peles, e se nada fizermos isto se prolifera, pois está começando lá na
base, na escola. Testemunhamos um Estado ausente que sucateia a educação em todo
país e as crianças acabam por se transformar futuramente em pessoas rancorosas.
Acredito é é necessário deletar o que ficou para trás e construir o novo, pois
de acordo com Honoré de Balzac, “O ódio tem melhor memória do que o amor”.
13 reason Why e os bullings...
A grande série da Netflix “13 Reason Why” trouxe à tona
alguns temas “pesados” pelas quais os jovens enfrentam, ou sempre enfrentaram na
história da humanidade, dentre eles, dois polêmicos, que são: o bulling e o
problema da humanidade, que é o suicídio. Por conta disto e também da superprodução,
com um bom roteiro, ótima trilha sonora, assim como a interpretação dos atores
que conquistaram o público, o filme ganhou todos os sites especializados, como
a mídia em geral.
A série ainda vai mais longe e toca em vários temas
importantes que são as causas das violências nas escolas, tratando o bulling
como uma consequência natural do ambiente escolar e aborda os adolescentes,
principalmente a protagonista Hannah Baker, uma garota solitária (filha única)
que possui pais dedicados por sua educação, porém, há uma distância neste
relacionamento, ao ponto de não existir relação de amizades “pai-filho”, que
não é capaz de preencher um vazio existencial na adolescente.
É este vazio existencial que preenche praticamente todos os
personagens da série, talvez uma visão característica da adolescência que o
diretor/autor do filme tentou abordar, principalmente na auto-descoberta da
identidade de cada personagem, e a descoberta do amor e do ódio passeiam lado a
lado.
A trilha sonora de bandas dos anos 80, 90 e 2000 temperam a
série com vários hits e diante de tantos problemas, a ebulição do bulling é
latente, assim como as razões que ocasionaram o suicídio começam a serem
enumeradas a cada episódio. Estas razões apontam para uma fraqueza incrível da
garota, que passa por situações humilhantes, que não soube como enfrentar seus
problemas e também resolveu não procurar ajuda em sua casa, pois mesmo sendo
mimada pelos pais, não contava com o apoio dos mesmos.
Aliás, estes eram os perfis dos pais de praticamente todos
os personagens, pois estes pais sempre estão longe dos filhos, ao contrário dos
pais do personagem Clay, onde os pais tentam ingressar no mundo do jovem,
porém, o mesmo é relutante ao aceitar seus pais como amigo, mas sim, seus
colegas de escola que não dão a mínima para ele.
Estes “amigos” e a “turma” mostram uma amizade bem
superficial, capaz de mudar a qualquer instante, e esta “amizade” pode ser
destruída a qualquer momento, desde que destrua a identidade do personagem
perante ao grupo. Mesmo assim, é neste meio que estes jovens se sentem “aceitos”
e “acolhidos” e é dentro deste meio que acontecem as frustrações.
Vingança acaba sendo
o tema principal da série - A protagonista principal narra sua história
triste e e de como foi abusada pelos seus amigos como uma espécie de “vingança”.
Para que eles se sintam arrependidos e culpados pela sua morte. E mesmo morta,
sua voz ainda ecoasse em 13 fitas cassetes destinados aos 13 amigos, que,
segundo ela, que ocasionaram o fato. Ou seja, em outras palavras, o seu
suicídio, sendo transformado em um “homicídio-psicológico”. Pois cada
personagem a feriu e estas feridas a mataram, talvez esta seria a “síntese”
deste drama.
Esta série em 13 episódios, aborda o desespero, a
desesperança, vazio existencial e retrata uma angustia do começo ao fim, como
se não houvesse esperança, como um retrato de nossa sociedade atual.
Estes mesmos temas, são abordados em outros filmes bem
atuais como “As vantagens de ser Invisível”, que aborda o suicídio, depressão e
um vazio existencial dos adolescentes dos anos 80. Mais atual, “Anne with an E”
da Netflix, é uma obra prima. No final do século 19, um casal de irmãos idosos
que não se casaram, resolve adotar uma menina órfã de 13 anos. Bulling e o
preconceito, são abordados diretamente, mas a menina consegue ter forças por
conta de sua imaginação e da literatura, mas o roteiro e com um diálogo lírico
e bem feito, o filme é uma obra prima.
Todos estes filmes trazem algo bem legal aos jovens e
merecem ser bem debatidos e vistos, pela crítica social bem atual.
“O teu cabelo não nega mulata” e a chatice dos “corretos”
Várias marchinhas estão sendo proibidas ou por recomendação
dos “politicamente corretos” de não tocá-las nos carnavais pelo Brasil a fora.
Que coisa mais chata! Tem gente que acha preconceito em tudo sem fazer análises
contextuais da época. O pior é que são pessoas de “cátedra” da USP e demais
universidades que recortam trechos de música para fazer análises sociológicas
proselitistas.
Pois, bem. Vamos pegar uma das músicas proibidas, “O teu
cabelo não pega mulata”, de Lamartine Barbo, composta em 1927. Acusar Lamartine
de racismo é uma ignorância tremenda. Primeiramente é necessário conhecer a
fonte, afinal “o meio é a mensagem”, não é verdade? Lamartine era um poeta,
compôs hinos inesquecíveis para vários clubes nacionais, considerados os mais
belos, como o América, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e Flamengo. Fez
ainda mais hinos para vários clubes brasileiros e ainda várias outras
marchinhas de carnaval muito comum em sua época. Era irônico em suas letras e
sua música foi censurada nos anos 30 no Governo de Getúlio Vargas, praticamente
dando fim as marchinhas de carnaval, fato que se repete nos dias de hoje.
A implicância é pela letra de “O teu cabelo não pega mulata”,
pois bem, podemos fazer uma análise, rápida.
A primeira estrofe:
“O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor...”
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor...”
Alguns argumentos, dizem que este trecho é um racismo
implícito. Alguns, em teses que cheguei a ler, afirmam que, esta mulher em
questão, alisou o cabelo, na tentativa de embranquecimento. Algumas teses,
relatam uma página inteira só para analisar estas duas primeiras linhas.
No trecho "como a cor não pega", dá um problemão
danado. Vamos analisar da seguinte forma: Em 1927, havia sim, muito preconceito
no Brasil, muito mais latente do que nos dias de hoje. Nesta época ainda era possível ter contato
com ex-escravos, pois completava apenas 39 anos da Lei Áurea, e a situação dos
negros não era nada fácil. Muito menos para o amor de um branco com uma negra,
ou vice-versa. Não era aceito pela sociedade de forma alguma.
Recentemente assisti um episódio de um seriado muito antigo “Daniel
Boone”, um cara que vivia no meio do oeste americano junto com os índios. No
episódio um índio se apaixona por uma mulher branca. A sociedade foi obrigada a
tirar a mulher da casa do índio, se não o matariam, inclusive o herói do filme.
Ou seja, não é o autor em si, que desmerece, mas sim, a sociedade,
pois o poeta quer amar. “Mulata, eu quero o teu amor”.
Não vou analisar o texto inteiro, mas gostaria de destacar
esta estrofe, que os críticos nunca relatam:
“A lua te invejando faz careta
Porque, mulata, tu não és deste planeta”
Porque, mulata, tu não és deste planeta”
A lua te invejando faz careta, é uma simbologia clara da
sociedade de sua época. A lua toda branca inveja a beleza desta mulher, como
que a sociedade ficasse invejosa e vira as caras para a beleza desta mulher.
Aqui pode ser a denúncia do racismo da sociedade. E ele explica que ela não é
deste planeta, ou seja, não faz parte destas pessoas, é algo ainda maior.
A música é uma canção de amor e ao mesmo tempo uma denúncia
do preconceito de sua época.
A ausência que jamais será esquecida
Aos poucos os espaços são ocupados e as ausências podem ser superadas, mas jamais serão esquecidas.
Há meses não me vem nada em mente para postar neste blog após o mês de novembro de 2016. Definitivamente, o ano passado não foi um bom ano e em particular, foi péssimo, pois perdi o meu pai.
Acostumar com a ausência é algo terrível e difícil. Ao mesmo tempo, evito ser mesquinho para aceitar o sofrimento alheio, e ele, meu pai, estava sofrendo. esta era a minha tristeza maior. Sua partida não me conforta a dor, mas a sua ausência machuca. Enfim, como Cristão, sei que um dia nos encontraremos em um outro patamar.
Esta foi a razão do meu sumiço deste blog. Além disto, há ainda novos desafios, como o novo cargo de professor de Inglês da Rede Pública do Estado de São Paulo, no Fundamental II e Ensino Médio em uma escola na periferia, bem no extremo sul, próximo a Diadema.
Ainda há tempo para atuar como jornalista no jornal online O Bairro e no Guia da Cidade Ademar, fazendo jornalismo de bairro na periferia de São Paulo.
Você é o que você paga.
Nossas vidas estão associadas às
várias contas que temos que pagar em nosso dia a dia. Algumas delas fazem jus
ao que necessitamos, e a maioria não serve absolutamente para nada. Começo por
este que voz escreve estas linhas, que ao checar meu extrato bancário me
decepcionei ao notar em tantas futilidades, mesmo andando sem nenhuma moeda ou
nota na carteira ou no bolso, apenas o cartão do banco, que é a prova cabal,
pois deixa um enorme rastro no extrato.
Antes, andava com dinheiro vivo,
e o meu rastro era o número de objetos que acumulava em casa, como a revista
Bizz, lá dos anos 80 e 90, tenho a coleção inteira e nunca fui assinante, se
fosse, até poderia ganhar algum desconto; uma coleção de aproximadamente 1 mil
discos, hoje reduzida a 500, e o mesmo número de CDs. Além de DVDs, livros, entre
outras tranqueiras que acumulavam meu quarto, quando adolescente.
O escritor Oscar Wilde, dizia que,
a pessoa é o que ela lê. Neste mesmo raciocínio eu levava no campo da música: “a
pessoa é o que ela ouve”. Cansei de ser mal educado quando visitava casa de
pessoas e ia logo analisando a estante de CDs ou vasculhando seus discos. Já na
casa de amigos ficava encantado quando encontrava algo legal. Hoje, seguindo
este preceito, concluo que, “somos o que estamos pagando”.
Ao analisar o rastro do meu
extrato bancário, descobri que gosto de comidas e bebidas de boteco; cervejas
caras em padarias; doces fora de hora; multas de trânsito; pagamento com juros
da conta do celular; saques bancários inúteis, pois não sei que fim levou
aquela grana, entre outras despesas bestas. Nada de significativo, como um
ingresso para algum show ou teatro, ou até mesmo um presente, um perfume ou uma
roupa qualquer.
Logo, cheguei à conclusão que é
necessário consumir de forma consciente, não só para nossas finanças pessoais,
mas para a construção da nossa própria identidade. Direcionar o nosso dinheiro
em coisas úteis traz consequências positivas para a nossa vida como pessoa. Não
importa o quanto ganhamos, seja muito, ou pouco, pois na verdade, somos o que
pagamos.
Estes dias fui correr e agradeci.
Estes dias resolvi correr. A corrida é muito mais que uma atividade esportiva é uma terapia. No começo corremos contra o nosso corpo, bate um cansaço, uma sensação chata de desistir, mas logo vai passando. Chega em um momento que as pernas te levam junto com o pensamento. E a leve brisa da corrida faz você refletir, agradecer por aquele momento, é um momento de paz e tranquilidade em cada passada suavemente cadenciada pelo ritmo. Nada de esforço, apenas sentindo o ritmo e agradecimento.
Estátua isolada
Uma bela estátua no Vale do Anhagabaú, isolada, triste e sem olhares, quando a olhei percebi sua beleza e a contemplei por minutos.
Proposta para nova camisa da seleção
A CBF não é uma entidade confiável depois de tantos escândalos recentes. Na última manifestação o povo vestiu um a camisa amarela que seria da seleção brasileira, mas na verdade é da CBF. Fiz uma brincadeira com esta camisa, e se trocássemos o simbolo da CBF pelo brasão brasileiro? Não ficaria mais bonita? A CBF apenas organiza a seleção, mas não precisamos vestir a camisa desta entidade.
Singelamente
Foi bem assim, devagar,
entende? Eu estava andando pela Avenida Cupecê, lá na Cidade Ademar,
quando eu
a vi entrando na igreja. Ela estava toda nua e estava sozinha. Era uma morena
de aproximadamente 1.70 de altura com os cabelos cacheados e cumpridos até a
cintura. Pensei até que fosse pegadinha ou propaganda de televisão. Dois dias
depois descobri que o Carlos a conhecia, e ele me disse que o nome dela era Penélope.
Achei estranho, pois nunca conheci ninguém com o nome de Penélope, a não ser a
do desenho animado. Contei o fato ao Renato, e, de imediato ele desmentiu o
Carlos e disse que esta menina estudava no Leonor Quadros, uma escola pública
da Cidade Ademar, e que o nome verdadeiro dela era Amélia e que estava muito deprimida
por ter acabado o seu casamento. Semanas se passaram e eu encontrei a Suzi, e
sem querer ela tocou no assunto da mina que entrou nua na igreja. Ela disse que
conhecia a irmã dela, e disse que tinha ficado louca depois de um acidente de
carro na Avenida 23 de maio. Suzi disse que a mina se chama Ester, em homenagem
a mulher da bíblia, já que seus pais eram evangélicos e depois disto nunca mais
ouviu falar dela e, que a última vez que a viu foi neste vídeo que viralizou
na internet. Não falei a ninguém que a tinha visto, apenas fiquei curioso, e
descobri que ela tinha três nomes, ou três histórias diferentes de quem
supostamente a conhecia. Foi aí que resolvi tirar esta história a limpo. Fui até a
igreja e ao adentrar logo na porta, uma morena muito simpática sorriu e me deu
um jornal junto com um papel com uma mensagem bíblica. Reconheci aquele rosto
singelo das semanas anteriores, um olhar profundo que enaltecia sua bochecha
rosada, um vestido justo e delicadamente comportado junto a um lenço que cobria
seus cabelos cacheados. Sem palavras agradeci o jornal e o pequeno panfleto e
me senti completamente nu, e renovado ao vê-la daquele jeito, vestida. Não contive a
curiosidade e perguntei: “Qual é o seu nome? Um breve olhar foi a resposta
completada pelas palavras singelas. “Não preciso de nome, só preciso ser”, disse sorrindo. Agradeci e fui embora.Álbum de fotografias, memórias, facebook e a felicidade falsa
Lembro de uma aula do
professor de história Ivanir, na antiga 6ª série, pois ele nos mostrou uma foto
em nosso livro, que se tratava de uma imagem pré-histórica desenhada pelos
homens de cro magnon há milhares de
anos. A imagem era de vários homens caçando e no centro do desenho tinha um
animal que seria a caça, e o professor nos explicou que aquele registro era
importante para a nossa história pois retratava um modo de vida daquele povo,
pois a caça, era um evento social importantíssimo para a cultura e também para
a sobrevivência do grupo, pois a identidade não era individual, mas sim
coletiva, por isto as imagens geralmente eram de pessoas em grupo.
Aquela aula ficou marcada até
hoje, pois a nossa identidade é o que nos move dentro desta sociedade em que
vivemos, e nos tempos atuais ela é múltipla, como explica Stuart Hall, em seu
livro “A identidade cultural na pós modernidade”. Diante desta multiplicidade
de identidades que possuímos, algo me incomodou muito nos últimos tempos com a
declaração do renomado filósofo Leandro Karnal. Ele afirmou em uma palestra,
aliás, orientou a todos “a pararem de postar felicidade falsa no facebook”, e
isto foi compartilhado por milhares de pessoas, do próprio facebook, como uma
afirmação “feliz”, basta saber, se era do filósofo, ou da “felicidade falsa” de
quem compartilhava deste pensamento.
Quem sou eu para entrar em um
debate com Leandro Karnal, assistir ao seu vídeo no youtube que alguém
intitulou: “Para de postar felicidade falsa no facebook”, me incomodou muito.
Isto porque, ele fala de vários assuntos, citando Hamlet, O príncipe, entre
outros escritores, e no final solta esta frase polêmica, que eu ouso a
discordar do filósofo, pois o papel das redes sociais é exatamente este: postar
a felicidade, mesmo que seja uma felicidade idealizada, pois ela é a
possibilidade da construção de uma felicidade real, como a imagem dos desenhos
do homem das cavernas, afinal, nem todas as caçadas tinham sucesso, mas eram
idealizadas.
No passado, os álbuns de
fotografias, das nossas mães e avós, eram compartilhados apenas por parentes, e
entes mais íntimos da família, pois as pessoas sentavam na sala, em um café ou
lanche da tarde e ficavam ali, folheando as memórias “felizes” do passado.
Hoje, a felicidade é no presente, e constitui um novo conceito do homem moderno
com as tecnologias em tempo real.
Vários pensadores, filósofos,
escritores afirmam que, quanto mais nos conhecemos, mais devemos nos
entristecer, como Fernando Pessoa em seu Livro do Desassossego, ele faz as
seguintes afirmações: “...Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao
que amo...” “... Parece-me que sonho cada vez mais longe, que cada vez mais
sonho o vago, o impreciso, o invisionável. ” “...Quanto mais me vejo rodeado,
mais me isolo e entristeço...”
Temos então que concordar com
tais pensamentos? Eu não posso me conhecer profundamente e me sentir feliz com
possíveis mudanças? Pelo filósofo e alguns pensadores não. Podemos citar também
Aristóteles, que ao passar por uma feira em Atenas e ao ver tantas coisas desnecessárias
sendo vendidas, falou que o homem não precisaria de nada daquilo para viver, em
outras palavras, não precisava de “coisas” materiais para serem felizes.
É claro que sabemos disto.
Temos plena consciência, ou deveríamos ter, que a felicidade real é a que nasce
dentro de cada indivíduo, dentro de um ambiente social adequado. O antropólogo
Roberto da Matta em sua obra “A casa, a rua e o trabalho”, é um retrato desta múltipla
identidade, pois o bem-estar social deve estar em harmonia nestes ambientes,
assim como o seu bem-estar pessoal-sentimental. Hoje as redes sociais é um novo
ambiente a ser estudado e analisado profundamente, e enquanto isto não
acontece, ignoremos o conselho de Leandro Karnal, pois continuaremos a postar a
nossa felicidade no facebook, mesmo que idealizada, afinal, há um verbo que não
foi analisado pelo filósofo: compartilhar, pois esta palavra tem um novo
contexto, em um novo tempo, mas Karnal não tem redes sociais, seria ele então
feliz, ou triste porque conhece a si mesmo.
Cocteau Twins e o lirismo de Treasure
O grupo inglês Cocteau Twins foi
um fenômeno na Inglaterra nos anos 80 e a cena alternativa mundial, o que veio
a se chamar “indie” nos dias de hoje. Eles nunca foram do tipo de banda que
enchia estádios ou preenchia os tempos livres da MTV e também nunca venderam
milhões de álbuns. Em vez disso, era uma banda conceitual no sentido real da
palavra, tinha um estilo próprio com uma identidade ímpar da vocalista
Elisabeth Fraser, que, com suas nuances vocais, fazia calmamente uma mudança
fundamental na percepção, exercendo uma influência do lírico, com as nuances de
guitarras, às vezes distorcidas, que era uma novidade para a sua época.
O grupo esteve junto durante 15
anos e acabou em meados de 1998, mas deixou um legado ímpar para seus fãs ao
redor do mundo. Tive a oportunidade de vê-los no Brasil nos anos 90 no Projeto
SP, na turnê do álbum Heaven or Las Vegas (1990). Foram vários álbuns
marcantes, mas gostaria de destacar um em especial, o Treasure (1984). Um
clássico. Para os amantes da boa música, não importa, o estilo, este álbum
agrada a todos. Não é um disco pop, é um álbum de música no real sentido da
palavra. Os músicos sempre rejeitaram este álbum, alegando que foi gravado às
pressas, mas a imprensa e os fãs foram ao delírio, e consideram o melhor
trabalho da banda, pois é o mais vendido.
Deixo aqui o link para este álbum
obrigatório na discografia de qualquer um.
A mãe que comeu o filho
Texto e arte do livro "Crônicas e contos" de Sérgios Pires a ser lançada em 2016 |
É impossível uma
pessoa morrer de fome no mundo, não consigo ter esta concepção, porém isto acontece, e o pior, ignoramos. Uma publicação cientifica, inglesa The Lancet,
um veículo de fama internacional que, publicou um relatório, há quatro anos,
afirmando que mais de 3 milhões de crianças morreram de subnutrição em 2011. É muito
triste e temos que fazer uma reflexão séria, sobre o meio ambiente, consumo e
também solidariedade.
Todos os programas
governamentais atuais, começaram a partir do Fome Zero, pois a intenção de
acabar com a fome do governo brasileiro é legítima, apesar de ter várias
críticas.
Todos sabemos que o
melhor não é dar o peixe, mas sim, ensinar a população a pescar. Infelizmente,
muitos se esquecem, que para ir à pesca, são necessários utensílios que o povo
não tem. E a população faminta só tem a vontade, mas não tem material para a
batalha. É claro que sempre tem alguns que tiram vantagens e aproveitam da
situação deixando de fora quem realmente precisa.
Hoje, com os
refugiados da Síria, das pessoas que ainda estão lá, sofrendo, assim como
dezenas de países que estão em conflitos, milhares de pessoas estão morrendo,
não só de balas e bombas, mas de fome.
Há cerca de quatro mil
anos, o povo de Samaria em Israel passava por grandes dificuldades por causa da
seca e pela fome que assolava a região. O rei andava a cavalo pela região,
quando ouviu a seguinte reclamação de duas mulheres que o interpelaram:
"Esta mulher disse, dá o teu filho, para que hoje o comamos e amanhã
comeremos o meu. Então cozemos o meu filho e no dia seguinte, eu disse: Dá o
teu filho para que o comamos, e ela o escondeu. Ouvindo isso o rei
(envergonhado) rasgou suas vestes e se vestiu de pano de saco" (2 Reis -
6:28,29,30) Mas tarde Deus proveria suprimentos na entrada desta cidade com
farinha e cevada para saciar a fome do povo.
Estamos assistindo
cenas horríveis de violência no mundo, não irei me espantar quando os seres
humanos começarem a se transformar em canibais para sobreviver. Até o momento o
antropofagismo é social, mas as roupas de saco quem veste no Brasil e em todo o
mundo, não são os governantes, como em Samaria, mas sim o povo, que
envergonhado assiste as pessoas morrerem de fome e tentamos esconder a nossa
nudez, pois estamos parados e anestesiados vendo os fatos acontecerem sem agir.
Decida por Maria
Arte - Bodão - (texto e desenho fazem parte do livro "Contos e Crônicas" de Sérgios Pires que será lançada em 2016) |
A dona Maria saiu para
fazer suas compras no meio de semana, pela manhã, pois receberia visitas em sua
casa à tarde. Precisava comprar café, açucar, arroz e feijão, produtos básicos
que nunca faltaram em sua casa. Aliás, estes ítens nunca deveriam deixar de
estar nas mesas de todos os brasileiros, pois o país já foi uns dos primeiros
no mundo no cultivo destes produtos.
Então vamos voltar a
dona de casa, que no caminho tinha que passar no banco para pagar as contas de
água, luz, telefone, IPVA e IPTU. Apenas um detalhe: Maria tinha esquecido que
naquele dia o ônibus tinha aumentado, quer dizer, reajustado, como dizem os
nossos governantes.
Satisfeita por pagar
suas contas em dia, foi ao mercadinho, pegou com carinho o café, o açucar, o arroz
e o feijão. Ao chegar no caixa, uma surpresa, os trocados que sobraram das
contas que foram pagas, eram insuficientes para levar os quatro produtos. O
caixa exclamou: "A senhora tem que tirar um íten".
Dona Maria olhou o
café e refletiu que não poderia dispensá-lo, pois receberia visitas em sua casa;
o açucar estava ligado diretamente ao café e se não levasse o arroz e o feijão,
não teria o que comer naquele dia. Enquanto isso a fila do caixa aumentava.
É vergonhoso ao Brasil
deixar faltar estes produtos na mesa dos brasileiros. Não queremos que nenhum
governo viabilize uma situação como esta, mas infelizmente sabemos que esta
cena acontece todos os dias nos mercadinhos e nos grandes hipermercados do
país. O governo deve incentivar a agricultura e fazer uma política para que
estes produtos fiquem mais baratos, viabilizando uma política completa, que vai
desde a logística para que estes produtos chegue até a nossa mesa, até o
pequeno agricultor que faz o trabalho mais árduo.
A história de Dona
Maria é uma ficção, qualquer semelhança com a vida de algumas pessoas é pura
coincidência. Portanto, não sou digno de tirar qualquer produto da dona de
casa, pois seria injusto, ela foi fiel ao Estado pagando suas contas e foi
desprezada pelo governo, que a deixou passar vergonha na fila do caixa. Decida
por Maria!
Feiras, suas cores e temperos
Os temperos já foram comparados ao ouro. Estas riquezas que dão “vida” aos alimentos são encontradas em feiras espalhadas pela cidade na sua forma mais pura, ao contrário dos supermercados.
(fotos tiradas na feira do Jardim Miriam em 16.01.2015)
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