"...Se não tivesse amor, de nada valeria Se não tivesse amor, proveito algum teria Fria e sem razão a vida, então, passaria Vazio seria o falar Um sino que insiste a tocar Se dentro de mim não valesse o amor..."
Sobre(nomes)
Bem vindo a mais um programa A Voz da meninada, eu sou o Carlos DALTON e vou ficar aqui até às 15h junto com a Eliana FREITAS, Opa, desculpa, é Eliana HOGGEDUSH, tudo bem Eliana? Sim Carlos DALTON, uma boa tarde aos nossos telespectadores, pois hoje o programa vai brilhar... Muito bem Eliana HOGGEDUSH, qual é a primeira apresentação? A primeira apresentação Carlos DALTON, vai ser da menina que veio do bairro de Guaianazes, de São Paulo, veja a história dela... Roda o vídeo! Olá, eu sou Clara Machado, mas meu nome artistico é Clara FERDINAND, tenho 11 anos e quero muito mostrar o meu trabalho. Muito bem Clara FERDINAND, sou eu aqui de volta, o seu apresentador Carlos DALTON, a apresentação de Clara FERDINAND acontece após os nossos comerciais. Se você está a procura de um banco para investir, venha para o novo Banco BENARDI, sua conta digital vai render bem mais que a poupança, posso te garantir, pois sou o gerente Bernardino DE LUCCA, e posso garantir o teu sucesso... Muito bem, muito bem Bernadino DE LUCCA, muito obrigado pelo apoio e pelo sucesso de seu banco... Aqui estou de volta, Carlos DALTON, vocês gostaram da apresentação de Clara FERDINAND? Claro que sim, ela foi maravilhosa. Agora vamos para a nossa segunda apresentação, quem é Eliana FREITAS?, Opa, perdão, é... Eliana HOGGEDUSH. Muito bem Carlos DALTON, agora é ele, que veio do interior de Sergipe, Washington da Silva, veja a história dele, roda o vídeo. Olá, meu nome é Washington da Silva, mas meu nome artistico é Washington RICCI, tenho 13 anos e canto desde os meus 4 anos, quando fui incentivado pelo meu pai Manoel SANTORO. Muito bem Wellignton SILVA, opa, Wellignton RICCI, aqui sou eu de novo, o seu apresentador Carlos DALTON, agora temos que interromper a programação para a chamada especial de nossa repórter, que está ao vivo, Juliana MACERATTA. Olá amigos, estamos ao vivo para informar que amanhã estará disponível a última parcela do auxílio emergemcial e já tem gente na fila, vou falar aqui com um senhor que acabou de chegar. Olá, o senhor vai ficar na fila até amanhã? Chegou cedo para ser o primeiro? Qual é o nome do senhor e sua idade? Óia minha fia... Tenho 71 anos, trouxe até o cobertor para passar a noite aqui. Trouxe ainda umas bolachinhas. Ah... Eu vim lá de Parelheiros... Meu nome é Pedro PEREIRA, mas as pessoas me chamam só de PEDRÂO. Muito bem Seu PEDRÂO... Aqui é Juliana MACERETTA para o programa A Voz da Meninada, agora é com vocês aí do estúdio.
As músicas de Cristina
Sabe algo que passa despercebido e só após muito tempo, recordamos de fatos que estavam bem no interior de nosso subconsciente? Foi assim que me recordei de Cristina. Ela teve uma influência dantesca de muitas bandas de rock que ouço e sou fã de carteirinha, tudo culpa desta adolescente de 15 anos lá nos anos 70.
Remoendo fotos antigas encontro esta, no bairro de Vila Mascote, próximo à Vila Santa Catarina, onde minha tia Sefa morava. Na época tinha apenas 4 anos e ficava brincando pelos corredores no quintal da casa e Cristina ouvia suas músicas no volume máximo na casa ao lado.
Todos os grandes músicos e jornalistas anunciam em reportagens que seus primeiros discos comprados ou ganhados foi algum clássico do rock ou algun artista intitulado “cult” pelo mainstream jornalístico. Fico curioso e até duvido destas afirmações, pois todos se mostram bem informado e de “bom gosto” desde criancinha. Eu não. Meu primeiro disco comprado foi dos Carpenters, uma coletânea bem simples e da Som Livre; o segundo foi da Olivia Newton John, do filme Xanadu e o terceiro foi dos Paralamas do Sucesso, O Passo do Lui.
E durante muito tempo acreditei que estes foram os primeiros artistas que consumi de fato. Mas tudo acabou esta semana quando reencontrei a foto da Cristina. Ao fazer uma viagem no tempo, relembro muito bem dela cantando Skyline Pigeon, do Elton John e a repetia várias vezes.
Para a época, Cristina tinha um bom gosto, outras bandas que ela colocava em seu estéreo sem parar eram Chicago, América, Beatles e Led Zeppelin, entre outras bandas de rock dos anos 70. Cristina ouvia as músicas destes grupos todos os dias ao chegar da escola e, eu me lembro de cada grito que ela dava em alguns refrões.
Resolvi escrever este rascunho pela coincidência da foto e também por ter escutado “If you leave me now” de Chicago que já me remeteu a estas memórias e, me fez repensar um pouco as minhas origens musicais, quando se fala de rock.
Anos se passaram, minha tia mudou de casa, assim como Cristina que nunca mais tive notícias. Só ficaram as lembranças das músicas dela, que me influenciaram e uma foto PB.
O meio não é a mensagem?! Pode ser?!
Não… Não creio totalmente que o meio é a mensagem, mas, posso até acreditar parcialmente nesta tese. Por décadas o estruturalismo da comunicação de Ferdinand Saussure é estudada nas escolas e faculdades, e nela, o pensamento principal é: “o meio é a mensagem”, ou seja, todo enunciado está carregado de algum tipo de ideologia, seja ela qual for, pois toda palavra não é isenta, há uma razão em sua escolha.
Durante o curso de jornalismo, tive ótimos professores e, uma das definições da função do jornalismo é “ser testemunha da história”. Para isto, é preciso estar cada vez mais ausente de quaisquer tipos de posicionamento dentro de um texto… Ô tarefa dificil!! Novos estudos de comunicação e linguistica é bem taxativa em afirmar que isto é impossível. Entretanto, ao me deparar com o linguista russo Michael Backthin, vejo há uma possibilidade de isenção, pois ele contrapõe o estruturalismo de Saussure e revoluciona este contexto, ou seja,… O meio não é a mensagem, pois ela já estava no receptor.
Que loucura, que da hora… Vejo em Backhtin esta possibilidade de nos desprender do papel do emissor e a possibilidade de uma “tentativa de isenção” de um texto, tornando-o imparcial, como o texto jornalístico deve ser. Dentro desta ideia, toda a fonte de um enunciado, um texto, uma imagem, uma matéria jornalística, vai ter sempre um pode ter um viés ideológico, mas não na tentativa de isenção do emissor, mas sim no receptor onde a mensagem já estava, apenas foi revelada por meio do texto.
O russo Mikhail Bakthin da escola marxista da linguagem é bem atual e reformula toda uma teoria da linguagem até então completamente dominada por Saussure e sua a teoria dos signos linguísticos, que estão numa relação diferencial e negativa entre si dentro do sistema de língua, pois um signo só adquire valor na medida em que não é um outro signo qualquer: um signo é aquilo que os outros signos não são. Para exemplificar isto, temos o famoso exemplo da “cadeira”, ao escrever este móvel, utilizo as letras (signos) e então vem o significado da cadeira na mente de cada pessoa e há ainda o significante que é a cadeira, o objeto em sí, que pode ser diferente do imaginado. Saussure passeia ainda por várias “praias” importantíssimas da linguagem, que não cabe aqui enumerá-las, principalmente na semiótica, mas quero ficar apenas no ponto da mensagem em sí.
Já Bakhtin surge como um renovo total, segundo ele, na linguagem, todos os enunciados são dialógicos. Ou seja, a palavra é sempre perpassada pela palavra do outro, de forma que quem constrói um discurso sempre leva em consideração outros discursos, que assim estarão, de uma forma ou de outra, presentes no seu discurso (BAKHTIN, 2000, p. 291).
Assim, todo enunciado reporta-se a outro (ou outros) enunciado(s). E a delimitação do que o autor russo define como enunciado é precisa, embora abrangente: “Todo enunciado – desde a breve réplica (monolexemática) até o romance ou o tratado científico – comporta um começo absoluto e um fim absoluto: antes de seu início, há os enunciados dos outros, depois de seu fim, há os enunciados-respostas dos outros (ainda que seja como uma compreensão responsiva ativa muda ou como um ato-resposta baseado em determinada compreensão) (BAKHTIN, 2000, p. 29.
Que da hora, que maravilha de pensamento, que nos direciona o discurso na voz do “outro”, talvez, em exemplo prático, podemos imaginar uma criança recém alfabetizada e vamos dar a ela um lindo livro “Assim falava Zaratustra” de Friedrich Niezsche. Com certeza, não haveria compreensão alguma, mesmo com todos os conhecimentos dos signos propostos por Saussure. Apenas um adulto com uma leve compreensão de filosofia, sociologia e com uma pequena experiência de vida, poderá compreender tal obra, pois a mensagem já estaria dentro dele, mas revelada pelo livro. Este é um dos motivos dos grandes clássicos serem adaptados para a criançada.
Há alguns anos, assisti a um seminário de comunicação com Luis Frias da Folha de São Paulo. Ele revelou em uma palestra que nos anos 70, o jornal O Estado de São Paulo, apoiava, de certa forma o regime militar. Segundo ele, um dos requisitos para a contratação de repórteres era o seu posicionamento político. Todos pensaram que os jornalistas tinham que ser apoiadores do governo, pelo contrário, a preferência era por jornalistas comunistas, principalmente se tiverem trabalhado no famoso jornal A VOZ, o jornal do Partido Comunista. Segundo Frias, isto foi revelado a ele pelos Mesquitas, família que administrava o “Estadão”, pois os repórteres tinham duas funções, ao mesmo tempo tinham que seguir uma linha editorial, mas por conta do seu posicionamento político antigoverno, tentavam ser isentos da notícia o máximo que podiam.
Cabe então a nós, ávidos leitores a nos posicionar perante os textos e fazer um debate quanto à fonte da mensagem, pois ela pode ser revelada de forma diferente dentro de cada um de nós. Temos que analisar as fontes antes de mais nada, para que a real mensagem possa ser revelada dentro de cada um, ou seja, fazer um diálogo real entre o emissor-receptor.
O pensamento egoísta de ligar o "f*da-se"
Este tipo de "rebeldia" é a mais primária e egoista que pode existir.
O preconceito, The band of Holy Joy e as lojas “Hi Fi”
Um dos meus empregos dos sonhos quando ainda era adolescente era trabalhar como vendedor de loja de discos. Sim, achava que seria ótimo, prazeroso trabalhar em um local tão descolado, principalmente as lojas do shopping como a antiga loja “Hi Fi”, para quem não sabe, era um ambiente “super maneiro”, com vários quadros de bandas nas paredes, a iluminação era diferente, parecia que você estava em uma danceteria, e o melhor ainda, a loja tinha uma cabine musical que parecia com as famosas cabines de telefones público de Londres, só que, ao invés das cabines, tinha um toca discos com isolamento acústico para o comprador desfrutar e conhecer o vinil que iria levar.
Nesta loja, era um sonho trabalhar e uma obrigação de comprar discos lá. Era Status ter no vinil, um selo “Hi Fi”, mais chique ainda era andar com o envelope Hi Fi com o disco dentro, era muito “cool”. Entretanto, nunca vi um cartaz ou anuncio nestas lojas precisando de vendedores ou até mesmo estoquistas.
Lá no final dos anos 80, comecei a colecionar discos de vinil, todo o trocadinho que descolava era investido nestas bolachas, assim como a assinatura da revista Bizz, a Placar e quadrinhos da Marvel. O meu quarto era uma desordem total destes artigos e para compartilhar esta experiência, trampar em uma loja de discos tornou-se uma obsessão.
Comecei a entregar currículos naquelas lojinhas que vendem discos bregas no centro de São Paulo. Certa vez o cara olhou pra mim, começou a me medir. Eu, um jovem negro, cabelo crespo tipo escovinha e de óculos, acho que não era o perfil que estava procurando, e me dispensou.
Fui então à loja mais séria, a Brenno Rossi, no Shopping Ibirapuera. Esta loja, além das músicas populares, trabalhava com os clássicos. Em 1989 ou inicio dos anos 90, quando o CD era artigo de luxo e importado, eles tinham um cantinho só de CDs importados de músicas clássicas. Entreguei o meu currículo para o gerente, que só me olhou e disse: “Qualquer coisa, te ligamos”.
O mais curioso, é que, sempre que entrava em uma destas
lojas, ficava sempre olhando os discos e a disposição dos artistas nas
estantes. Perguntava sobre bandas e discos que não estavam ali, apenas para
testar o conhecimento dos vendedores, e sempre eu os achavam fracos, com falta
de conhecimento musical, pois não sabiam responder algumas perguntas que fazia.
Mas o mais “legal”, para não dizer decepcionante, para comprovar a minha tese, foi o que aconteceu na minha loja dos sonhos, a Hi Fi. Certa vez, finalmente vi um anúncio de vendedor na vitrine. Entrei na loja e fiquei, como de costume, a olhar os discos e suas disposições nas prateleiras e vi várias raridades do rock, misturadas com bandas sertanejas e bandas pops com discos de rock inglês, que era a coqueluche dos anos 80. Um vendedor me abordou e eu disse que só estava olhando os discos.
Depois fui até o caixa e perguntei sobre a vaga de vendedor. Ele me disse para falar com o gerente e o mesmo tinha saído e voltava em 5 minutos. Aguardei ali na loja até o responsável retornar e quando chegou, o caixa informou que eu estava ali o aguardando. Então ele me perguntou: “Você tem experiência com vendas? Tem experiência com música?”. Respondi: “Não, mas tenho um bom conhecimento”.
Ele retrucou: “Sinto muito. É preciso experiência.”, e me dispensou, ali. Na lata. Então eu perguntei pra ele: “Você tem o single do grupo inglês The Band of Holy Joy?”, ele me respondeu: “Não. Não recebemos e não conheço a banda”. Então fui a até a prateleira, puxei o disco que ele disse não conhecer e o coloquei em cima do balcão do caixa, e disse: “Só quis te testar para ver se você tem conhecimento musical”, e fui embora.
Desde então, esta banda ficou especial pra mim, tanto que
tive que comprar o disco importado deles, mas em outra loja, é claro!
A loja e os brinquedos
Me "estanto"
O pinto e a garrafa
Estes dias, durante esta quarentena,
resolvi limpar um porão que existe em casa. Olhei para uma estante cheia de
bugiganga e comecei a limpeza. De repente achei um caderno especial da morte de
Jânio Quadros, quando era estudante não sei de que série; encartes dos
ingressos do Rock in Rio e da Legião Urbana e o mais curioso foi um livro velho
“Para Gostar de Ler – Volume I”, que contém crônicas de Carlos Drumond de
Andrade, Fernando Sabino, entre outros.
Ao abrir o portão, o veículo estava em frente de casa e deu para ver uma caixa lotada de pintinhos coloridos, eram verde, azul e amarelo. A meninada voltava com suas mães para a casa com as aves piando nos braços.
Depois desta cena, vi que Drummond estava certo quando narrou em seu conto: “não virou galo, nem caiu na panela. No fim de três dias, piando e sentindo frio, o pinto morreu”.
Voltei para casa e liguei a TV, e o noticiário dizia que o Brasil, será campeão em exportações na área da agricultura, de carne e de frango. Frango! Pensei: “olha o penoso aí novamente!”.
Mas isto só vai acontecer, desde que os pintos cresçam, não sejam coloridos, nem trocados por garrafas ou virem enfeites de mesa, mas que sejam a razão de estarem à mesa para serem comidos.