Lucia in the Sky with Diamonds

É por isso que não podemos “ir” sem direção, mas na direção de nossos sonhos para que não possamos cair. 
Lucia era uma menina de 50 e poucos anos. Quando adolescente, ela era uma das mais belas e desejadas pelos garotos do bairro; da escola e das festinhas que frequentava. Aprendeu a fumar muito cedo e teve vários namorados, alguns foram breves e outros duradouros.
Conhecia a Lucia desde quando era pequeno, bem criancinha. Sempre a via tomando algumas doses de hi-fi ou pinga com groselha, coisa dos jovens dos anos 70 e 80. Quando a conheci no bairro, ela já não era tão bela, apenas simpática com seu sorriso com poucos dentes. A família da Lucia é uma das mais antigas da região e todos se comoviam quando encontravam Lucia na calçada com umas doses a mais na cabeça, chamavam seus irmãos imediatamente para socorrê-la.
Uma vez, na entrada de um Ano Novo, lembro-me da Lucia brigando com um dos seus namorados, ela pegou uma esponja bem grande que estava jogada em um canto da calçada e começou a “bater” no seu “amor” com a esponja, que estava toda suja, e o rapaz, corria gritando: “ai, ai, ai...” Toda a molecada começou a rir daquela cena hilária.

Pelas ruas

Estava ouvindo Replacements e deu uma vontade de voltar escrever letras simples, para um rock rápido, cru, com apenas três acordes, e saiu esta letra.
Toda hora ouço as notícias nos jornais;
Violência impera nas ruas e em seus quintais;
A Esperança já virou nome de novela;
E as drogas ainda imperam na favelas;
Cidadão comum é confundindo com bandidos;
Por isso sempre tento andar direito;
Pago todas as contas e ainda sou cobrado;
E me perguntam se eu tenho a ver com isto;
Nas salas debatemos soluções;
Teorias apontam algumas respostas;
Programas sociais são recebidos com aplausos;
Mas a culpa sempre cai em nossas costas;
Perdidas a sociedade sente dor e…
À noite são todos iguais em busca de diversões;
Vazio na vida, vazio nos corações;
E na cruz está a esperança do amor;

Morte e Vida pop...

"…a morte é o princípio do esquecimento de sua memória... "(Fernando Pessoa)

A única certeza que temos em vida, é que um dia iremos morrer. A morte eterniza alguns e levam outros ao esquecimento. Diante da pós-modernidade que começava nos anos 60, Andy Warhol afirmou que no futuro, todos teriam seus 15 Minutos de Fama. E tudo isso aconteceu, hoje uma pessoa comum pode fazer tanto sucesso como igual a um artista famoso, dando a possibilidade de sermos pop. As tecnologias do século XXI transformaram o mundo em uma visão popular, dentro das redes sociais.

Estas redes nos dão a oportunidade de sermos famosos por alguns instantes, por alguns dias, meses ou até anos. Outros conseguem ir mais além, às vezes ficam mais comentados até mesmo que artistas consagrados, mas este mesmo tempo que consagra muitos, podem levar também ao limbo. Todos nós do século XXI seremos esquecidos e substituídos por outros, novas modas, costumes, gostos, e a morte é só o princípio.

Quando alguns artistas morrem, o mundo fica perplexo perante o “endeusamento” de uma pessoa comum. Mas quando uma pessoa comum morre, há apenas o lamento feito por amigos e familiares. Fernando Pessoa em um dos seus heterônimos, afirma que “a morte é o princípio do esquecimento de sua memória”. Após a morte, todos se lembram dos melhores momentos vividos, e com o passar do tempo só se lembrarão do defunto em duas datas: a do nascimento e o dia da morte.

Depois que os amigos e familiares forem morrendo também, poucas pessoas se lembrarão das datas, até que ninguém mais se lembre. Talvez, uma pessoa, aqui e outra ali, poderão ter relampejos de lembranças, porém, o nome ficará gravado apenas na lápide de um cemitério. É triste? É a realidade.

A minha escola está diferente

A minha escola dos tempos de criança era melhor do que as escolas dos meus outros amigos. Este pensamento era compartilhado por muitos moleques da minha infância. As aulas de educação física eram pela manhã, três vezes por semana, as meninas eram as mais bonitas, os professores eram os mais legais e carismáticos, quer dizer, nem todos.
Nas aulas de educação física das meninas, íamos assistir é claro, afinal, elas usavam saias e um shorts vermelho bem peculiar que as deixavam muito mais bonitas. Na escola, todos os anos tinha um campeonato de futebol para os meninos e de vôlei para as meninas, que paravam a aulas e todos assistiam. Era fantástico.

Sobre as "ilhas e suas estações" - "Seasons"

Ao ouvir a banda Future Islands, percebi que um som bem original, um estilo próprio e intimista que vale a pena ouvir cada trabalho deste grupo. Compartilho aqui dois momentos, de Seasons (vídeo original e ao vivo)


"...Seasons change, and I tried hard just to soften you The seasons change, but I've grown tired of tryin' to change for you Because I've been waiting on you I've been waiting on you Because I've been waiting on you I've been waiting on you..."

Sobre o acidente de Cristiano Araújo

“Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto”, escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. 

 A morte do cantor Cristiano Araújo e sua namorada chocou o Brasil e, eu e tantos outros amigos, nuca ouvi falar neste cantor. Não conheço sequer uma música que possa me lembrar do artista tão querido por milhões. 
Recebi ainda via what’s app, as fotos horríveis do acidente que chocou o país. Na hora que sua morte foi divulgada na televisão, estava em uma padaria, fiquei perplexo a tristeza dos balconistas que me atendiam. 
Como não sou fã a modismos sertanejos, não conhecia seu trabalho, mas, que pelos fãs que conquistou deve ser de qualidade, ao menos para estas pessoas, pois nenhum trabalho é vão, desde que seja honesto, e isto ele era, pelo que li até o momento. Que Deus abençoe e console toda a família do cantor, e dos envolvidos no acidente, assim como todos os fãs.

A CARTA E SEUS SELOS EM VÃO. COMO RESTAURÁ-LOS?


A tecnologia trouxe tanta comodidade e acabou com velhos costumes, entre eles, escrever e enviar cartas. O e-mail e todas as redes sociais existentes cumprem o papel que antes era específico deste gênero literário, que era a carta. Junto com ela, tínhamos algo fundamental para o seu funcionamento. O selo. 

 O selo, por sua vez era outra ciência, pessoas do mundo inteiro e de todas as idades colecionavam selos e isto ganhou um nome específico: filatelia, ou seja, a arte de colecionar selos. No Posto dos Correios Central há até um museu destinado aos apreciadores desta arte. Acontece que, com a internet e o avanço tecnológico é difícil de encontrar selos à venda. Somente nos correios. Antes era vendido em todos os lugares, mas era uma tristeza. 

Os selos brasileiros eram terríveis, horríveis, feios de muitos de um extremo mal gosto. Durante décadas, os selos que comprava eram de frutas, aliás, desenhos de frutas, como bananas, uvas, jaboticabas, etc… E o pior, tinha uma legenda. Quando não eram de frutas, era da Bandeira Nacional, com exceção de datas comemorativas. Em suma. Não achava legal.
Estes dias recebi uma correspondência em casa. Era uma multa de trânsito, e na carta (que só os órgãos públicos, políticos e lojas, ainda utilizam), dizia para eu enviar um recurso pelo correio. Então fui até a agência envelopei e me surpreendi quando a atendente começou a selar o envelope com selos que remetia a parceria diplomática entre Brasil – Croácia. 

Os selos apresentam retratos estilizados e monocromáticos de dois grandes cientistas: o croata Nikola Tesla, e o brasileiro, Mario Schenberg. Bem legal. Achei que o Detran não merecia receber tal documentação com um selo destes. Fiz questão de leva-los para casa e registrei a postagem para que a atendente não colocasse os selos na tal carta. E ainda tinham outros selos sensacionais engavetados e sendo utilizados não para o envio de cartas para pessoas, mas sim para órgãos públicos, que apenas recebem a mercadoria e jogam os envelopes fora.

As balas do farol

Arte - Sérgio Pires e Bodão
Com milhares de pessoas desempregadas, há cada vez mais gente trabalhando no mercado informal, há ainda o aumento daquelas pessoas que vendem balas no farol, carregadores de baterias de telefones celulares, crianças que são utilizadas pelos pais para ganharem trocados lavando os vidros do carro nos sinais. Agora estão surgindo uma nova leva de pessoas que ganham alguns trocados, são os malabaristas e mágicos, que durante um minuto alegram os motoristas e recebem um dinheirinho, na verdade, os semáforos da cidade estão um verdadeiro ponto comercial e um palco a céu aberto.

O lado negativo são as crianças que são exploradas nestes locais e o poder público não faz absolutamente nada. Quando uma criança bate nos vidros fechados de nossos carros, apenas balançamos a cabeça dizendo que não temos nada, no máximo, procuramos algumas moedinhas e damos as crianças.

Isto acontece em todas as equinas das grandes cidades do país, onde nós as ignoramos e também não fazemos nada, nossos governantes têm o conhecimento desta situação e apenas fingem que trabalham, no Poder Legislativo, por exemplo, há inúmeros requerimentos de votos de congratulações a artistas da televisão, mas não há projetos de inclusão.

Diante desta situação, cabe agora ao Ministério Público pressionar os responsáveis por esta situação, para que alguma medida seja tomada urgentemente e algumas atitudes possam ser realizadas.


O governo do Estado e as Prefeituras, culpam sempre o governo Federal, que por sua vez, se isenta. Enquanto isso, iremos ter vários saquinhos de balas pendurados em nossos retrovisores e pessoas implorando para comprar qualquer coisa em algum semáforo. Já nos bairros ricos, onde as pessoas já têm quase tudo, há shows circenses, malabares, etc.

Oportunidade (in)conveniente



Sabe, a subversão das palavras é algo bem interessante e, às vezes bem criativo. Recentemente observei isto em um grande shopping que é frequentado por pessoas da classe A e B, ou seja, de pessoas que não têm dó de gastar seus nobres trocados em  coisinhas simples. 



Vi esta subversão ao perceber que a palavra "oferta" foi substituída por "oportunidade", talvez por uma questão bem mais ideológica do que emocional. É sabido que uma oferta é uma oportunidade de adquirir o produto por um preço abaixo do mercado, mas substituir a tão querida oferta não tem preço.

O vies lexical ideológico se fez presente, já que aquele público não procura ofertas, mas sim, a oportunidade de obter o objeto que está abaixo do preço médio dos demais produtos que eram vendidos nesta loja.

E, como era uma loja de CDs que estou cansado de adentrar e vasculhar estes produtos, percebi que estas "oportunidades" eram produtos de baixa qualidade, mas isto pouco importava, já que aquilo era só uma forma de adquirir o que era conveniente para os clientes.

Por isto, quando vou comprar algo, não busco oportunidade alguma, quero mesmo as ofertas e escritas em letras garrafais.

Por que amamos Seu Madruga

Uma forma de homenagear um ator que marcou gerações e continua a impactar novas gerações por meio de suas atuações. Um texto extraordinário em forma de poesia/cordel.

Buenos Aires III

Passar por Buenos Aires bem rápido é uma oportunidade para visitar cafés, restaurantes e uma boa caminhada em alguns lugares. Fui a San Telmo, um dos mais antigos bairros da Cidade de Buenos Aires e, aos domingos tem uma feira bem tradicional no local. O bairro San Telmo é pareceu uma das áreas mais bem preservadas, e é caracterizada por casas coloniais e as ruas empedradas.
À noite há vários locais para ver um show de tango, fui à Casa Homero Tango, um local bem tradicional, que valeu à pena. Há ainda o Hard Rock Café, que também é imperdível.

Não quero nada, mas te quero sim…

Não… Não quero nada. 
Quero a mim, a vitrine, lanchonete, iPod, revista, jornal, rádio, sorvete, cerveja, café, esfiha, o gol que não sai, o telefone que não toca, a caneta que escreve, máquina fotográfica, o GPS e o meu tempo.
 Não… Não quero nada. 
Quero você, o presente, o perfume, o diário, telefone, o cartão, a visita, o vinho seco, livro, um tênis, a camisa, barbeador, um olhar, sorriso e saliva.
Quero tudo. Andar, ler, fazer nada… Tá entendendo?
Mas te quero sim...

A superioridade do CD em relação ao LP ou  “vinil”

Ouvir disco em vinil está na moda. Vários grupos e artistas estão lançando e relançando álbuns em vinil. A indústria já está fabricando alguns toca-discos com modelos super chiques a preços meio “esquisitos” pela qualidade do som que é péssima, mas virou algo cult em lojas especializadas. 

Gosto dos vinis e tenho uma grande coleção e também um toca disco legal, mas quero lembrar que, lá nos anos 90’s com a popularização dos Compact Discs (CDs) me desfiz de uma colação enorme de discos em vinil e comecei a recomprar todos os álbuns que eu tinha em CDs. 

Depois de alguns anos, me arrependi, e entrei no time dos amantes do vinil novamente e comecei a amaldiçoar os CDs. Comecei a recomprar tudo de novo vinil e desta vez deu mais trabalho, pois tive que procurar por um toca-disco usado, já que os novos aparelhos não o fabricavam mais. Depois tive que procurar por uma agulha e também comecei a frequentar sebos a procura de discos usados e recomprei vários, alguns baratos e outros nem tanto. 

Mesmo, amaldiçoando os CDs nunca deixei de compra-los durante este tempo, e sempre elogiava o vinil pela arte da capa, etc. É legal ser nostálgico e ouvir a agulha pipocar no vinil, mas também é um saco. Às vezes o som fica meio “opaco” com um leve chiado dependendo da qualidade do aparelho, é horrível, mesmo assim, trata-se de um “vinil original”, diria os amantes deste estilo, que fiz parte, mas confesso... Estou saindo fora e voltando aos CDs. 

Não vou falar em termos técnicos, pois há vários posts bem legais que tratam deste assunto como o texto de Nacho Belgrande (http://whiplash.net/materias/news_805/220476-audio.html), quero relatar apenas minha decepção com o vinil e como ele é tratado no comércio atual. 

O tempo passou novamente e hoje ao ver os discos de vinis usados a R$ 50 e os títulos mais novos a R$ 150, percebemos que há uma moda latente, e não é a qualidade que está em pauta, mas sim “a moda de ficar antenado as coisas cults”, ao estilo índie. 

Ainda bem que nunca parei de comprar CDs, mesmo no auge do Napster e de outros sites quando muitos baixavam músicas da rede, todas as vezes que visitei a Galeria do Rock eu voltava para casa com um CD, só que desta vez não tinha mais um bom tocador, já que os aparelhos de DVDs substituíram os CDs Players, porém, de uma forma horrível, pois depende exclusivamente da conexão da televisão, diferente dos CDs players antigos, onde era possível programar, avançar e fazer suas escolhas musicais no próprio player. 

A qualidade do CD em relação ao vinil é bem “visível” quer dizer “audível”, com exceções de profissionais que trabalham com a música e possuem ótimos aparelhos, como os DJs e desta forma o som do vinil sai “perfeito”. Mas ouvir um vinil em casa sem um equipamento específico, definitivamente não é legal. 

Desta forma, fui à caça de um bom CD player, achei um aparelho usado em perfeito estado, um Compact Disc Philips Cd-610, por R$ 90. A qualidade é superior ao player do DVD e bem superior ao som do vinil. Indiscutível. 

Em tempos que poucas pessoas compram CDs, acho que, para quem gosta de música as bolachinhas não vão sair de moda, mesmo que outra moda apareça como a do vinil (que eu gosto), porém de qualidade inferior aos CDs, ouvir música de qualidade é do CD. MP3 nem pensar, é apenas para passar tempo no telefone ou no ipod. 

O preconceito da grande mídia pelo futebol feminino

Longe do glamour da imprensa, sem interesse do público e sem álbuns de figurinhas, a Copa do Mundo de Futebol Feminino vai bem, mas continua sem apoio.

Em dezembro de 2014 as jogadoras da Seleção Brasileira Feminina entraram em campo em um torneio disputado em Brasília com uma faixa de homenagem a Luciano do Valle, narrador, amante e maior incentivador do futebol feminino no Brasil. Enquanto vivo, o narrador dava espaço para a modalidade na televisão aberta com grande espaço e jogos ao vivo.
O Campeonato Mundial Feminino, como é tratado pela mídia, é na verdade a “Copa do Mundo de Futebol Feminino” disputada no Canadá e pouco espaço é dado a esta tão importante competição. Certamente, se vivo, Luciano iria dar mais espaço, mas infelizmente são poucos os amantes dos esportes capazes de apoiar outra modalidade esportiva que não seja o futebol “profissional” praticado por homens, pois o lucro é “quase” certo.
É triste lamentar, mas diante dos escândalos que envolvem a FIFA, vários veículos a culparam pela falta de investimento nesta modalidade, assim como a CBF, que nunca se importou com o futebol das meninas brasileiras, entretanto, diante de uma Copa do Mundo, a cobertura é pífia em todos os veículos de comunicação.
Estamos assistindo a matérias transcritas pelas redações da própria CBF e FIFA e a mídia informa apenas infográficos da classificação geral do maior torneio de futebol do mundo que está sendo disputado na atualidade. O mesmo pensamento da FIFA/CBF em relação ao futebol feminino é compartilhado pela grande imprensa pela falta de cobertura do evento. Depois de tanto malharem as duas entidades que mandam no futebol no Brasil e no mundo, após os escândalos, os grandes veículos se esquecem de que fazem o mesmo contra esta modalidade por questões financeiras.
Em 2011 a Copa do Mundo foi disputada na Alemanha conquistada pelas japonesas contra as norte americanas. O jogo foi disputadíssimo e terminou empatado por 2 a 2 e terminou nos pênaltis com a vitória do Japão por 3 x 1. Na ocasião, houve mais destaque e a partida foi televisionada.
Neste ano, por enquanto, a cobertura é sonsa. Devido à crise e as corriqueiras demissões nas redações é até compreensível este parcial “silêncio” na cobertura do evento, por falta de profissionais e também por não terem verba para enviar uma equipe até o Canadá para cobrir o evento. Outro fato que obscurece o torneio é também a Copa América que está sendo disputada no Chile e, de fato tira a atenção do torneio feminino.
Mas, é triste vermos um campeonato tão importante sendo tão desprezado até o momento. Vamos aguardar o caminhar do campeonato, pois caso o Brasil avance, pode despertar o interesse da mídia em cobrir o evento. Bem que poderiam dar oportunidades a novos profissionais para cobrirem o evento. Torçamos!

O Rock nunca chegou na periferia, e quando foi, chegou por meio de “recado”


Em entrevista no início deste ano, o cantor-ator Seu Jorge deu uma declaração polêmica, dizendo que o rock não é um gênero para o negro, pois nunca foi à periferia. Ele foi na veia e direto, em um comentário para seu novo disco Músicas Para Churrasco Volume II. A mídia caiu em cima e sua afirmação foi criticada em todas as redes sociais. 

Esta semana me deparo com um excelente texto do jornalista André Forastieri “Porque os jovens brasileiros não gostam mais de rock (em uma frase bem longa), afirmando que o rock brasileiro foi e é oriundo da classe média brasileira, e novamente chamou atenção de muitos internautas por aí. O fato é: os dois estão absolutamente corretos.

Nos anos 70, 80 e mesmo nos anos 90, até os dias atuais, o rock nunca foi um gênero da periferia. Quando chegou foi por meio de alguns grupos específicos como os “punks” ou algumas “tribos” ou galera que curtiam “heavy metal”. É claro que há exceções, como eu, pessoas que moravam na periferia, mas tinham acesso à informação, por meio de revistas especializadas, etc.

Na periferia chegou o funk (o original), o samba, o rap, tinha em cada esquina e sempre aconteciam os bailes funk que eram organizados em alguma casa na periferia, assim como as rodas de samba, que acontecem até hoje nos botecos. Isso não quer dizer que na periferia não se ouvia-se rock, ouvia-se sim, mas muito restrito. Em um universo de um bairro de mais de 350 mil habitantes como o da Cidade Ademar, bairro em que moro, poucas pessoas gostam deste gênero. 

Hoje a música da vez é o funk ostentação, nada a ver com aquele do passado. Como o Forastieri disse “...porque teen precocemente senil, banguela e broxa, e fogem para onde está a ação, seja em movimentos como o Occupy, no rap mal-encarado e no funk boca-suja, correndo atrás do dindin ou simplesmente boquejando infinitamente nas redes sociais...”

Banda de rock, aliás o rock em si, nunca foi tão pop, nunca foi tão “água com açúcar” em suas letras ou em sua manifestação. Ao assistirmos as bandas que aparecem no circuito nacional ou as que se apresentam em programas de televisão, vemos apenas um apelo comercial e o discurso tão decorado que parecem até de jogadores de futebol.

Na periferia, nunca os vi fazer shows em praças, festivais, etc. As bandas querem mesmo é aparecerem para seu público perfeito, tipo Ed Motta nos Estados Unidos e seu público seleto, não pode ser qualquer um, por isto, tem que ser “indie”, e ouvir e frequentar todos os mesmos espaços que estas pessoas frequentam.


Enfim, o rock brasileiro envelheceu e está em crise, mas ainda temos talento; mas não temos espaço para tocar; temos a internet para divulgar; mas não temos interesse em ouvir; temos algumas escolas e professores antenados em aula de arte e música para incentivar festivais escolares; mas não temos alunos e diretores das mesmas interessados... Estes dias recebi um recado: “Vai ter um show de rock no centro na semana que vem”... Pois é, o rock quando chega à periferia vem por meio de recado. 

Paralamas do Sucesso 30 anos – “Por quê você não olha para mim… Em cima destas rodas tem um cara legal”

Me considero um roqueiro, um amante da música pop e popular em geral, e o engraçado é que, quando vemos algum músico ou “roqueiros” sobre o seu primeiro álbum, sempre é algum clássico do rock internacional, tipo Led Zeppelin, Beatles, Stones, etc. No meu caso, não. O meu primeiro disco que comprei na minha vida, foi o Passo do Lui dos Paralamas do Sucesso. Foi um álbum inesquecível e os Paralamas passou a ser minha banda preferida.
Acompanhei o trio durante anos, fui a shows, e no último dia 24 de maio fui ver a apresentação apoteótica da banda em sua turnê de 30 anos, no Espaço da América Latina. O show foi quase um “Pout-Pourri” de hits um atrás do outro. Herbert falou pouco com a plateia que lotava o local. Falava o suficiente, aquele clichê necessário: “São Paulo, boa noite! Amamos vocês! ” E uma paulada atrás da outra, só com sucessos.
Não havia set list no chão como as bandas fazem de costume, atrás um telão passava o nome da música que estava sendo executada e informava ainda o ano e o álbum. Um show completamente redondo, perfeito. Tudo em seu devido lugar, com o Power trio, às vezes lembrava Police, com o sky bem ritmado das faixas do álbum Bora Bora, outras vezes bem romântico, como “Aonde que eu vá”, do Arquivo II.
O show foi um passeio por todos os CDs dos Paralamas, senti falta de duas faixas: Mensagem de Amor e Romance ideal, que ficaram fora de sua apresentação. Em óculos Herbert falava sobre um problema de preconceito ao usar óculos, e em certa estrofe da música diz: “Por cima destas rodas tem um cara legal”, como uma forma de acabar com o preconceito que algumas pessoas com necessidades especiais sofrem.
São 30 anos de sucesso e que revelam o talento desta banda.

Buenos Aires II

Para quem é marinheiro de primeira viagem como eu. A melhor coisa em BA é fazer um tour ou de ônibus ou de van. De ônibus o valor é de $ 450 pesos, cerca de R$150 reais por pessoa. Devido à alta do dólar, a cidade já não é tão barata como há 2 anos. A van e o ônibus param em alguns pontos para fotografias e, são nestas paradas, que podemos decidir quais os locais poderemos voltar depois.
O tradicional Camenito me deixou uma impressão ruim, não tinha achado nada interessante em uma parada destas vans em 15 minutos, mas foi um dos locais que resolvi voltar, e na segunda vez foi espetacular, pude parar em várias lojas e frequentar alguns restaurantes. As lojas de couro vendem produtos praticamente na metade do preço das lojas do centro.